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All-Line Relations

08/05/2018

Novo e Disruptivo

Como construir um ecossistema de inovação?

Cake ERP Mooble 48h #foradacaixa "Que a inovação traz vantagem competitiva não há dúvidas, mas também é certo que ela, por si, não garante vida longa e perpetuação ao negócio. Tão importante quanto inovar é descobrir como esse ciclo se renova continuamente" (Adriana Schio) O espanhol Josep Piqué, um dos maiores especialistas mundiais em inovação, em recente passagem por Caxias do Sul, palestrou para líderes políticos, empresariais e setoriais sobre transformação de cidades a partir da ciência e da tecnologia, em uma iniciativa do TecnoUCS

Adriana Schio, Jornalista

Muito se tem falado sobre inovação no Brasil e no mundo. Caxias do Sul e a região da Serra Gaúcha também iniciaram, mais recentemente, movimentos neste sentido, preocupadas com o esgotamento da matriz produtiva local e em estabelecer novos cenários e oportunidades para o desenvolvimento socioeconômico regional. Mas o que é, afinal, esse conceito tão propagado e pouco conhecido na sua essência? Diversos são os conceitos presentes na literatura para definir o que é inovação. O mais conhecido e padronizado internacionalmente é o proposto no Manual de Oslo, que define inovação como algo novo para o mercado e que gera resultados financeiros para a empresa. “Inovação difere de invenção, que tem um time diferente e às vezes não traz retorno financeiro”, alerta Enor Tonolli, coordenador executivo do TecnoUCS, parque de tecnologia criado há dois anos, em Caxias do Sul. Ele também defende que melhorias, sejam em processos, produtos ou serviços, tratadas por muitos autores como inovações incrementais, são na verdade adaptações e evoluções naturais para adequação ao mercado e que não podem ser tratadas como inovação.

Inovação é, portanto, algo novo e disruptivo

O Uber e o Airbnb são exemplos de modelos de negócios inovadores que provocaram mudanças no mercado e no comportamento de consumo. Ambos criaram soluções que ninguém havia pensado antes e transformaram a ideia num negócio monetizado. Mas como desenvolver ambientes propícios e férteis à inovação? Com a junção de talento, tecnologia e dinheiro. Esses são os três ingredientes necessários para fazer a receita do bolo crescer, ou seja, para transformar ideias e oportunidades em propostas de valor. A lição foi deixada pelo espanhol Josep Piqué, um dos maiores especialistas mundiais em inovação, em sua recente passagem por Caxias do Sul. Coordenador de ações que tornaram Barcelona a Capital Europeia da Inovação, ele falou para líderes políticos, empresariais e setoriais sobre transformação de cidades a partir da ciência e da tecnologia, em uma iniciativa promovida pelo TecnoUCS. Ele insistiu na necessidade de criar ecossistemas inovadores, apoiados no tripé iniciativa privada/empresas, universidades e governo, responsável pelo ambiente regulatório. “É imprescindível que os três dialoguem, conversem entre si e trabalhem de forma colaborativa, cada um fazendo a sua parte nesse ecossistema”, alertou. No caso da nossa região, temos desafios a serem transpostos para criarmos um ambiente e um ecossistema sustentados na inovação. Para Tonolli, um dos desafios é o foco das nossas empresas na eficiência. “Ela coloca a inovação em xeque. Os ambientes precisam ser mais permissivos para possibilitar a tentativa e o erro.” Na visão do presidente do Trino Polo – Polo de TI da Serra Gaúcha, Thiarlei Macedo, o maior desafio está na mudança de mindset. “Precisamos unir forças para que as pessoas mudem o seu modelo mental, compartilhem conhecimento, trabalhem de forma colaborativa e aceitem correr riscos. Elas têm que entender que o cenário mudou e que não dá mais para fazer da forma que se fazia há 20 anos, senão ficaremos para trás”, pontua. Que a inovação traz vantagem competitiva não há dúvidas, mas também é certo que ela, por si, não garante vida longa e perpetuação ao negócio. Tão importante quanto inovar é descobrir como esse ciclo se renova continuamente. Os riscos, inerentes à atividade de gerar coisas novas, podem ser mitigados com planejamento, estudo, conhecimento do mercado e análise de cenários futuros. Afinal, o risco da não inovação costuma ser superior ao de inovar. Para refletir: a nossa região e a sua empresa são inovadoras? Que presente e futuro estamos construindo? Estamos na vanguarda ou somos seguidores?

Cake ERP - A ideia surgiu em 2013, o projeto foi remodelado em 2015 e nasceu, de fato, na metade de 2016. Tudo começou a partir percepção de um mercado com potencial e em expansão no Brasil. O Cake ERP, spin off que surgiu na NL Informática, empresa 100% nacional (que há mais de 35 anos atua na área de softwares de suporte à gestão), é um sistema de gestão on-line, com inteligência e PDV integrados, feito para micro e pequenos lojistas e franquias, tendo sido utilizado por mais de 8 mil MPEs em todo o país. A grande sacada do projeto é que ele continuamente está testando conceitos e inovações, com flexibilidade e agilidade que os softwares maiores não permitem. Recentemente, por exemplo, foi criado um módulo específico para o varejo de compras online, do segmento de moda, num prazo de apenas dois meses, utilizando tecnologias emergentes. “O Cake opera como um laboratório dentro da NL. Aquilo que funciona levamos para a empresa. O Cake foi importante como novo modelo de negócio porque renovou a estrutura da empresa (com mais de 30 anos), possibilitou abrir um novo mercado e, além disso, impulsionou a equipe a pensar diferente, a buscar novos modelos”,  destaca Grasiela Tesser, CEO do Cake.

Mooble - Quando os sócios Edson Witt, Vanderlei Buffon e André Pivoto se reuniram, na década de 90, para fundar uma empresa de softwares para projetos de ambientes, não imaginavam que protagonizariam uma verdadeira revolução no setor moveleiro. Logo a caxiense Promob Software Solutions projetou-se como a empresa brasileira líder em softwares para esse setor. Recentemente, a Promob protagoniza uma nova revolução com a criação do Mooble, plataforma onde todos os softwares rodam juntos e criam conexões entre diferentes personas operando, seja o projetista, fabricantes, gestores e os próprios consumidores. “A grande revolução do Mooble é levar ao consumidor a oportunidade de realizar o seu projeto sem envolver terceiros e comprar os produtos que melhor se encaixam ao que ele procura sem se restringir às ofertas locais”, destaca o diretor técnico da Promob, Tiago Buffon. Na plataforma Mooble o consumidor pode realizar pessoalmente seu projeto e posteriormente complementá-lo (ou não) com profissionais especializados. “Neste caso, o Mooble abre mercados para o lojista da região com a oportunidade de receber projetos de consumidores com os quais não teria contato. É um novo canal de vendas para o varejo”, complementa. A facilidade de uso do Mooble.com acabou gerando a maior galeria de projetos em 3D do Brasil. Já são mais de 600 mil projetos e 230 mil usuários. Os números não param de crescer. São mais de mil novos projetos por dia sendo enviados para a compra em lojas cadastradas. 

48h #foradacaixa - O Programa de Inovação 48h #foradacaixa, criado pela caxiense Focco Sistemas de Gestão, é um exemplo de inovação em processo. O projeto já se encaminha para a terceira edição e tem como propósito disponibilizar 48 horas livres para que os profissionais, organizados em equipes, possam trabalhar em qualquer tipo de projeto inovador. Para incentivar a criatividade, a empresa premia os melhores projetos com valores em dinheiro. Paralelamente, promove ciclo de palestras, aberto ao público em geral, de forma gratuita. Em dois anos do Programa de Inovação, 68 projetos foram inscritos, e desses, cinco foram aprovados. No 48h #foradacaixa, a edição de 2016 recebeu 33 ideias. Dessas, 19 estão em produção. Em 2017, foram 23 projetos, com um já concluído e em utilização e outro em desenvolvimento. Os demais estão na fila de análise pelo Discovery. “É uma oportunidade para colocar ideias do dia a dia em prática com liberdade e diversão. Queremos pensar em soluções simples, que agreguem valor para a empresa ou clientes. Queremos ter tempo para pensar naquilo que nunca ninguém parou para pensar”, explica Evandro Ballico, diretor comercial e de serviços da Focco.