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Escrita Estratégica

23/10/2019

Era de Transformação

Atento às tendências mundiais o CentroEmpresarial de Flores da Cunha ativa frentes de inovação  

"Nós estamos migrando de um mundo onde o que importava era a posse, para um mundo em que o fundamental é o acesso" Alessandro Cavagnolli "O tripé (sociedade, indústria e poder público) tem que estar unido. Só assim conseguiremos fortalecer e manter a sustentabilidade da região" Alessandro Cavagnolli Essa mudança do conceito de posse para o de acesso, não é algo que vai acontecer, é algo que já está acontecendo!

Foi no Casulo Espaço Criativo, ambiente idealizado pelo Centro Empresarial Flores da Cunha para fomentar novas ideias, que o presidente da entidade Alessandro Cavagnolli conversou com a jornalista Caroline Pierosan, editora da revista NOI, sobre cooperativismo e inovação, duas das principais tendências desse momento de transformação da vida humana e da forma de gerar conexões no mundo. Essas também são as principais bandeiras do primeiro ciclo de gestão de Cavagnolli, que se conclui em 2019, abrindo as comemorações do aniversário de 30 anos da entidade, celebrados em 2020. Acompanhar essa troca é, sem dúvida, uma experiência de aprendizado para os negócios e para a vida!

NOI: Há até pouco tempo as empresas tendiam em se isolar no seu próprio negócio, serem individualistas e autossuficientes em tudo o que faziam. Hoje, qual que é a vantagem de uma empresa se associar às iniciativas de uma entidade como o Centro Empresarial de Flores da Cunha? O que que isso tem a ver com o momento de transição que o mercado e o mundo inteiro está passando?

Alessandro Cavagnolli: As empresas estão notando cada vez mais que a união e a busca por entidades que podem congregar várias outras iniciativas são uma forma de acelerar os processos de desenvolvimento e de melhoria interna. Nós estamos migrando de um mundo onde a posse era o mais importante para um mundo onde o acesso é o que realmente importa. Por conta disso, estar associado ao Centro Empresarial garante a todas as empresas que fazem parte do nosso portfólio de clientes esse acesso a informações, a treinamentos e a capacitações para enfrentar esse momento. Isoladas, talvez, elas não conseguiriam, ou teriam dificuldades muito maiores em conseguir. Essa é a grande vantagem de fazer parte do associativismo.

Quando perguntamos ‘Qual é o papel social de uma entidade empresarial?’ o pensamento tende a levar para a ideia de filantropia. Mas você comentou que esse não é o foco de vocês. Então, nesse sentido, o objetivo é fortalecer lideranças que depois, sim, poderão impactar positivamente a comunidade? Qual é a missão?

A sociedade já tem muitas boas instituições que trabalham com filantropia. O Centro Empresarial foca nas forças produtivas das nossas comunidades, e, por conta disso, todas as nossas atividades e ações buscam fortalecer as demandas e tratar as dores que nossos associados nos trazem. Nós damos as capacitações para pessoas vinculas às forças de trabalho. Buscamos representatividade para o que é importante para cada um, com o intuito de fazer a economia girar, e de fazer a indústria se fortalecer nessa região.

Então uma comunidade com empresas fortes vai ser mais saudável?

Sem dúvida nenhuma, e esse é um ponto muito importante. As comunidades e as indústrias, há muitos anos, viam-se como antagônicas, uma buscando crescimento, e outra buscando sustentação. E é impossível hoje, para qualquer comunidade, para qualquer sociedade, não enxergar que o tripé (sociedade, indústria e poder público), tem que estar unido. Só assim a gente conseguirá fortalecer e manter a sustentabilidade da região, da economia e o bem-estar da comunidade e das pessoas.

Diante das mudanças que o mundo enfrenta (antes posse, agora acesso), qual a importância de comunicar-se com pessoas de outros segmentos e com empresas de diferentes portes?

Quando nós vemos as grandes empresas (vamos falar da nossa região, a Serra Gaúcha) a Randon, a Marcopolo a própria Florence (que é daqui de Flores da Cunha), investindo em movimentos, como o projeto Hélice (sediado em Caxias do Sul) e buscando na inovação o seu norte, a sua força propulsora, fica claro que hoje nós não podemos mais trabalhar isoladamente. Não se pode mais, como empresa, buscar individualmente uma forma de inovar. O mundo mudou, a velocidade mudou. Hoje nós estamos em um mundo que é urgente, imprevisível e completamente sem regras no que tange  a ações de mercado e continuidades de estratégia que, até ontem, funcionavam. Então a melhor forma de a gente conseguir (e quando eu digo ‘a gente’, eu me refiro as nossas empresas associadas), entender o que os clientes de hoje e de amanhã estarão demandando das nossas empresas é atuando em conjunto. Essas iniciativas existem hoje em várias universidades, como por exemplo a UCS e vários outros centros de pesquisa e de estudo, que estão entendendo que as demandas do mercado passam por transformações diárias. Antigamente, as grandes invenções levavam anos, ou até décadas para serem ajustadas. Hoje nós temos, dentro do mesmo ano, muitas inovações, com atualizações que anteriormente tinham um tempo de vida muito maior. Hoje, as coisas são muito mais rápidas e essa velocidade demanda atenção constante.

Quanto maior a velocidade da mudança, mais é preciso estar com o olhar “para fora”, comunicando-se com os diferentes?

Certamente, nós estamos em um momento muito interessante do mundo da comunicação. Nosso mercado convive com gerações de conceitos e culturas muito distintas, a geração dos meus pais, e dos meus avós ainda está em uma parte do mercado de trabalho. A minha geração e a geração das minhas filhas estará inserida nesse mesmo mercado, mas com formas muito distintas de enxergar suas necessidades. E o quem vai estimular o consumo? Essa mudança do conceito de posse para o conceito de acesso, não é algo que vai acontecer, é algo que já está acontecendo! Diversos segmentos de mercado estão passando por essa transformação. As nossas indústrias, o nosso comércio e a nossa forma de ligar os negócios tem que acompanhar essa evolução, para não ficarem estagnados. A ideia é que prossigamos competitivos.

Você conclui, agora, em 2019, o primeiro ciclo de gestão como presidente do Centro Empresarial de Flores da Cunha. Inovação foi o tema escolhido para tua atuação. Como isso está acontecendo aqui dentro?

Nós conversamos muito com os nossos associados. Perguntamos quais são as suas dificuldades e o que é relevante para eles. Flores da Cunha e Nova Pádua, que é onde o Centro Empresarial está atuando, têm uma diversidade muito grande de forças produtivas, o que permite que nossa região tenha uma estabilidade econômica muito boa em comparação a outras que têm poucos segmentos. Hoje, nós entendemos que o turismo é uma força produtiva muito grande, a que mais cresce no mundo inteiro, em termos geração de empregos e de receita, e a nossa região é muito rica em atrativos e tem empreendedores que já atuam de forma isolada. O Centro Empresarial, atendendo solicitação de alguns dos nosso associados, entendeu que o tema “Turismo” é uma frente que precisamos estar capitaneando, pois, tendo estabelecido um conceito de empreendedorismo voltado a isso, as atrações naturais podem ser melhor aproveitadas. O que fizemos, na verdade, foi juntar as peças, os players, a comunidade, o empresariado, o poder público, as instituições e a academia. Estamos criando um projeto consistente que pode ser (e está sendo) aplicado para gerar resultado e bons frutos para toda região.

O que temos planejado para o próximo ano relativo ao projeto do Turismo?

Estamos no processo de finalização de todos os planos de ação que foram elencados. Nós estamos felizes, pois mesmo sem ter o projeto global finalizado, recebemos a visita de uma comitiva de Portugal, que entendeu que Flores da Cunha e Nova Pádua seriam bons locais para criar um projeto de cooperação entre os países. Mesmo sem termos um projeto finalizado estamos já colhendo pequenos frutos. Isso certamente irá crescer.

Vocês têm mais de 1,2 mil associados. Quais são as estratégias que vocês usam para atender a todos?

Nesses 30 anos o Centro Empresarial conseguiu se moldar para atender a diversos segmentos que são extremamente distintos. O Centro se organizou para segmentar essas forças produtivas em comitês que são geridos por coordenadores (e é muito importante salientar que todo o trabalho, tanto da diretoria do Centro Empresarial quanto dos comitês, dos coordenadores, das empresas e das pessoas que integram o centro, é voluntário). Nós nos doamos porque vemos que o trabalho é para um bem maior. Vai gerar melhorias à toda a cadeia, à toda nossa comunidade. É muito gratificante. As diretorias que vieram antes da nossa fizeram excelentes trabalhos e plantaram toda essa estrutura. Hoje estamos mantendo e ampliando.

Os presidentes anteriores permanecem vinculados e atuantes. Como funciona a questão da sucessão entre vocês?

É muito importante que qualquer entidade ou empresa consiga manter o contato com os seus arquivos históricos e com as pessoas que fizeram parte da sua trajetória. O conselho dos ex-presidentes atua juntamente com a diretoria. Eles sempre nos passam a sua vivência e a sua forma de enxergar. Por mais que nós tenhamos que projetar e trabalhar para o futuro, nós não podemos esquecer o passado. Estar conectado a ele nos dá sustentabilidade e credibilidade.

Vocês firmam parcerias com instituições de ensino para fomentar o estudo a nível de especialização como MBA e cursos de extensão. Por que investir nisso?

As respostas para as grandes demandas do nosso empresariado passam pela capacitação, pelo aperfeiçoamento, e nós só podemos trazer isso se tivermos parceiros à altura daquilo que a gente quer buscar. Atuamos com grandes instituições de ensino que são conceituadas e que trazem para cá informação sobre inovação, além de treinamentos de ponta (como a Universidade de Caxias do Sul). Também temos muito trabalho com o Sebrae e o Senai, Federasul e Fiergs. Todo esse network que o Centro Empresarial tem é uma garantia para que o nosso associado saiba que ele está tendo sempre a melhor opção e a melhor condição daquele treinamento.

Vocês investem em jovens aprendizes. Cerca de 100 adolescentes frequentam o Centro. Como é esse trabalho com eles? 

Além de atender uma demanda da legislação que exige que as empresas tenham os jovens aprendizes, nós vemos que há uma demanda crescent. O jovem acaba saindo do ensino sempre com uma lacuna e sem saber muito que caminho percorrer. Então, ter esse trabalho do jovem aprendiz encaminhado, tanto na área administrativa, como nos cursos mais técnicos, é uma excelente oportunidade para que, depois, ele possa já ser absorvido pelo mercado de trabalho, estando mais preparado. Esse é um projeto vencedor.

Como presidente da entidade, você provavelmente circula bastante pela Serra Gaúcha. O que você acredita que outros municípios e outras entidades empresariais da região podem aprender com vocês?

O Centro Empresarial faz parte tanto da CIC Serra, quanto das outras entidades CICs de todo o Rio Grande do Sul. Nós vemos que muitas das entidades têm uma visão de futuro, planejamento estratégico, já outras acabam tendo um trabalho mais tímido, que acaba não gerando recursos para poder alavancar ações e treinamentos ou estruturar melhor a sua entidade. O Centro Empresarial sempre se coloca à disposição e sempre está com suas portas abertas, até para poder sugerir e mostrar um formato de gestão que foi criado aqui e que está dando certo, gerando resultados positivos.

Seria tirar a palavra inovação do plano do debate e entender como, de fato, praticar isso... ?

Hoje a gente falar em inovação é mais ou menos como falar em qualidade na década de 80 e 90. Atualmente, se você não tem qualidade, não vai conseguir trabalhar. É condição básica. É a mesma coisa se nós não introduzirmos a inovação no nosso dia a dia, hoje. Se não pensarmos de uma outra forma (fora da caixa). Os jargões podem parecer um pouco batidos, mas quem não estiver fazendo isso, não vai ter permanência no mercado, não vai conseguir nem entrar nele, muito em breve.

Quais os planos do Centro para o próximo ano?

Muitos. Os últimos comitês criados são o de turismo e o de inovação, e eu sei que já têm atividades programadas praticamente para o ano que vem inteiro. O Centro Empresarial sempre foi destaque em trazer bons palestrantes, boas informações técnicas e certamente nessas duas áreas nós vamos seguir com motivação promovendo atividades muito interessantes no próximo ano!  

Durante nossa conversa perpassamos um ambiente muito bonito, diferente, raro de encontrar na região. Fala um pouco sobre este lugar onde estamos agora?

Convidamos a todos que puderem e quiserem a vir a Flores da Cunha, para conhecer o Centro Empresarial, e o Casulo Espaço Criativo. Esse espaço foi concebido e iniciado na gestão do Tiago Paviani, que foi o presidente antecessor a mim, quando o comitê de inovação foi criado. Nós entendemos que precisávamos de uma sala, uma base operacional que transmitisse as ideias de inovação e daquilo que a gente, além de falar, gostaria de mostrar. Esse conceito aqui foi construído com muitas cabeças e muitas mãos. Fizemos um trabalho não somente com as pessoas do Centro Empresarial, mas fomos nas escolas de Flores da Cunha, falamos com os alunos que estavam para sair do Ensino Médio e começamos a questionar o que era importante para eles, o que eles achavam que teria que ter num lugar assim. Como deveria ser uma sala de inovação?  Além das escolas, nós questionamos profissionais que trabalham com arquitetura, e com inovação. Questionamos todas as pessoas que quiseram participar desse projeto. A partir desse brainstorm inicial, compilamos as principais pontuações, e, com isso, desafiamos uma equipe de arquitetas à montar a sala. Até então, ela não tinha nome; esse acabou surgindo depois, a partir de outra iniciativa. Foi um desafio muito grande fazer essa estrutura externa, tivemos que pesquisar muito. Mas o resultado mostra, por si mesmo, que é um projeto lindo. Quem mora aqui na Serra Gaúcha não pode deixar de conhecer esse lugar, então estão todos convidados. Venham conhecer Flores da Cunha, o Centro Empresarial e o Casulo Espaço Criativo!

ENTREVISTA I CAROLINE PIEROSAN - FOTOS I JOSUÉ FERREIRA - DECUPAGEM I FERNANDA CARVALHO - EDIÇÃO I VALQUIRIA VITA E CAROLINE PIEROSAN