Menu

Escrita Estratégica

08/04/2018

O Segundo Perfeito

Rudolph Lomax fala sobre os desafios de capturar os ápices dos melhores do pode dance

"Iniciei na fotografia entre 1999/2000 como fotógrafo e repórter do surf. À partir de 2002 passei a cobrir eventos e festas e me tornei editor do maior portal da época, o @balada.com, e então passei a gerar conteúdos para muitos outros ramos da fotografia" (Rudolph Lomax) "Em 2009 me especializei em fotografia infantil e desde então sou filiado de uma multinacional do ramo, a Deltaphoto. Em 2011 fui convidado para fotografar um evento pole dance e a partir daí venho fotografando praticamente todos eventos do gênero no Brasil" (Rudolph Lomax) "O mais legal nisso tudo é conhecer lugares novos e pessoas incríveis!" (Rudolph Lomax)

O momento preciso (e muitas vezes único), o cenário exótico, a pose ideal. Pelos olhos talentosos de Rudolph Lomax centenas de atletas, das mais diferentes vertentes do pole dance no mundo, já foram registrados. A cada projeto, Lomax (37 anos, paulista, radicado em Santos desde 1991) especializa-se mais e consolida seu nome como referência no segmento. Há sete anos nesta trajetória, ele avalia o cenário nacional do esporte e conta como também foi conquistado pela beleza do pole dance. 

O que precisa ser feito para que o Pole cresça no Brasil?

O pole já tem bastante força no país. É uma modalidade que desperta paixão entre quem o pratica. Porém, junto com as paixões, os egos tendem a inflar-se. Hoje, no Brasil, temos sérios problemas de falta de compreensão entre os segmentos dessa arte. Rotular, classificar, criar preferências sempre vai acontecer, isso é natural. O que me incomoda é a desídia que existe entre os incentivadores do pole “esporte” em relação ao “pole raiz”. O preconceito existe e ainda é muito grande e presente, principalmente entre os praticantes e organizadores de eventos. As mulheres são as maiores vítimas, porque há conservadorismo e machismo exacerbado em nossa cultura brasileira, por incrível que pareça. O pole que conhecemos e praticamos pode ter ou não um apelo sensual. Há confusão, até mesmo no que diz respeito à origem do Pole Dance. Os incentivadores do Pole Esporte normalmente citam algumas culturas como origem do pole dance (como o mastro chinês ou malakamb indiano, praticados por homens). Mas eu acredito que elas em nada influenciaram a nossa. Penso que nenhuma mulher americana ou latina iniciou a prática do pole dance por ter visto uma apresentação de mastro chinês ou malakamb. Creio que as pole dancers originárias, conhecidas como “as primeiras em seus países” surgiram e evoluíram do Pole Sensual. Na minha opinião o pole evoluiu para o esporte saindo dos cabarets a partir da percepção das praticantes de que ele dava ótimos resultados físicos. Eu costumo dizer que o “Pole Sport” surgiu diretamente do “Pole Raiz” e não vejo nada de errado nisso. A evolução do pole buscou novas influências em outras culturas e esportes como artes circenses, aéreas e do contorcionismo (flexibilidade), do ballet clássico e ginásticas olímpicas. Hoje em dia, há um grande intercâmbio entre essas modalidades. Temos bailarinas e ginastas olímpicas que se tornaram pole dancers. Ex-atletas circenses também, e vice-versa, pelas semelhanças de muitos movimentos. Não há porque dividir ou excluir, apenas somar ou multiplicar, esse é o caminho.

Como você conheceu o pole?

Por acaso. Um evento da modalidade precisava de alguém para realizar o registro. Meu nome foi sugerido pela minha namorada, pole dancer, pois eu já fazia algumas fotos dela e tinha experiência com fotos esportivas e eventos. Entre todas as modalidades de trabalho, este foi o ramo em que obtive maior reconhecimento e satisfação pessoal. Desde 2011 fotografo o pole dance sem parar. Já passei de 30 edições de Pole Beaches (projetos em que as atletas realizam a performace na praia), e fiz pelo menos umas 20 edições urbanas e incontáveis ensaios internos, eventos e festas que envolvem pole dance. O mais legal nisso tudo é conhecer lugares novos e pessoas incríveis!

Como foi o processo para se tornar um fotógrafo especializado neste esporte?

Iniciei no mesmo período em que o esporte crescia no Brasil. Numa época de preconceitos e sem referências. Demos os primeiros passos e tropeçamos muito. A aceitação de todos, família, sociedade e até amigos, só veio após meu reconhecimento como “especialista”. Antes, era bem difícil...

Por que registrar o pole dance em cenários alternativos?

Amigos de Santos sempre faziam reuniões de pole na praia; O pole beach era realizado apenas como confraternização mas o resultado das fotos começou a chamar a atenção. Então comecei a desenvolver os ensaios voltados para fotos e passei a realizar edições em vários lugares do Brasil. Basta contemplar as fotos que estamos publicando neste caderno para entender o motivo. As cachoeiras são um dos pontos altos que a natureza nos proporciona nos quesitos beleza e fluidez. É uma sensação de conexão em todos os sentidos.

Quais são suas metas e sonhos como empresário do segmento?

Em 2017 tive todos os finais de semana do segundo semestre lotados com eventos de Pole Dance. Neste ano, estou na mesma condição, de março a novembro. Isso dificulta colocar em prática projetos pessoais na fotografia, como o ensaio da cachoeira: levei três anos da idealização até a realização. Graças à parceria com a Lilian, do Pole Dance Studio de Dança de Caxias do Sul, consegui emplacar um ensaio nesta época (início do ano), quando muitos ainda estavam de férias. Quero buscar novos horizontes, divulgando o pole dance com a ênfase e qualidade que ele merece.

__________________________________________________________

TRAJETÓRIA
Iniciei na fotografia entre 1999/2000 como fotógrafo e repórter do surf. À partir de 2002 passei a cobrir eventos e festas e me tornei editor do maior portal da época, o @balada.com, e então passei a gerar conteúdos para muitos outros ramos da fotografia. Em 2009 me especializei em fotografia infantil e desde então sou filiado de uma multinacional do ramo, a Deltaphoto. Em 2011 fui convidado para fotografar um evento pole dance e a partir daí venho fotografando praticamente todos eventos do gênero no Brasil. Hoje sou considerado especialista na modalidade.