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29/08/2019

Reabilitação Funcional: Uma Odontologia Completa

Por mais belo que um sorriso deva ser, ele precisa ser mantido saudável, paralelamente ao aspecto estético, proporcionando saúde e funcionalidade  

A análise facial auxilia muito no correto diagnóstico e plano de tratamento dos casos de reabilitação bucal, guiando o profissional no que diz respeito a assimetrias provocadas pela ausência de um ou mais dentes, ou devido ao desgaste dos dentes ocorrido ao longo do tempo ou provocado por hábitos parafuncionais, como o bruxismo. Um achado muito frequente, é a diminuição do terço inferior da face, que é um indicativo de diminuição da dimensão vertical dos dentes por desgaste ou angulações inadequadas A ausência de um único dente pode ocasionar alterações no posicionamento de toda a arcada dentária, levando a interferências nocivas na mordida, à migração dos dentes adjacentes, até o ponto que sintomas na articulação têmporo-mandibular (próxima ao ouvido) começam a surgir O mundo inteiro reconhece o Brasil como tendo a melhor odontologia do mundo; não temos mais barreiras de acesso à tecnologia e somos muito criativos tecnicamente

Hoje, mais do que nunca, a busca por beleza, bem-estar e autoestima se faz relevante. Nesse contexto, a grande febre do momento são os tratamentos dentários estéticos. Entretanto, é importante lembrar que, por mais belo que um sorriso possa ser, ele precisa ser mantido saudável, paralelamente ao aspecto estético, proporcionando saúde e funcionalidade. Populariza-se na internet a oferta de tratamentos estéticos como os já bem conhecidos laminados de porcelana. A questão é que, quando não são bem planejados, esses laminados podem gerar ou agravar disfunções dos dentes e articulações (se as funções mastigatórias não estiverem adequadas, por exemplo). É importante buscar elevar a autoestima e sentir-se bem, porém, não podemos negligenciar todo o conhecimento científico que foi desenvolvido e que é necessário para que qualquer procedimento odontológico seja realizado com sucesso.

Uma equipe odontológica multidisciplinar que trabalhe em sintonia e de forma comprometida é fundamental para os casos de reabilitação bucal. Cada profissional, com a experiência em sua área específica, oferece sua parcela de conhecimento. Assim, um plano de tratamento adequado toma consistência. Nossa trajetória nos ensinou a priorizar alguns aspectos macro, antes de indicar ou mesmo realizar qualquer intervenção na boca de um paciente. A boca e o sistema digestivo são extremamente importantes quando avaliamos a qualidade de vida de um indivíduo, pois envolvem as funções mastigatória e fonética. Portanto, é de extrema importância ter o devido cuidado antes de realizar qualquer intervenção.

Reabilitação

Existe um conceito macro e completo que é o da Reabilitação Bucal. Em primeiro lugar, somos agentes de saúde, e precisamos orientar o paciente que necessite de uma reabilitação. Não há como tratar estética se não tratarmos saúde. O processo de reabilitação considera a saúde do paciente como um todo. Alguém que tenha uma boa condição de saúde, uma perfeita função mastigatória e ausência de qualquer sintoma inflamatório ou doloroso na face, não precisará passar por um processo de reabilitação. Os tratamentos reabilitadores são abrangentes e relacionados a várias especialidades (normalmente envolvem três ou mais especialidades odontológicas). Por isso, apenas uma equipe multidisciplinar poderá realizar uma reabilitação completa.

Dentro dos processos reabilitadores, há pessoas que precisam de tratamento em todos os dentes da boca, outros em apenas alguns (no caso de apenas alguns dentes não estarem presentes ou bem posicionados). Alguns pacientes podem apresentar desgaste dental por conta do bruxismo, ou prejuízo das funções dentárias por conta de dentes apinhados, mal posicionados, inclinados, bem como disfunções das articulações devido ao encaixe inadequado da mordida (mal oclusão). Muitas vezes, visualmente ao leigo, a dentição pode não apresentar problemas estéticos ou funcionais importantes, mas alguns sintomas relacionados à malocusão podem estar presentes, como dores de cabeça recorrentes, estalos ou dores próximos ao ouvido, fadiga mastigatória (muito cansaço nos músculos da mastigação após as refeições), entre outros.

 A partir do diagnóstico é gerado um plano de tratamento completo para reabilitar a função bucofacial integralmente. Cada dente é um elo de uma engrenagem. A falta ou mal posicionamento de um dente pode gerar uma “bagunça” muito grande na saúde do paciente - outros dentes migram de posição, inclinam, descem; há interferência em todo o sistema mastigatório levando à perda de função, fatores que nem sempre recebem a devida atenção. Há alguns casos de perda de dimensão vertical da mordida, causada por mal posicionamento ou desgaste dos dentes, resultando no aspecto de “boca murcha”. Em geral, os pacientes buscam solução nos procedimentos estéticos faciais (como preenchimento labial ou cirurgias plásticas), sem se darem conta de que se trata de uma necessidade de reabilitação odontológica.

Problemas dentários podem diminuir potência mastigatória, capacidade digestiva, podem gerar prejuízos fonéticos, de deglutição, e, até mesmo, respiratórios. A reabilitação vai reposicionar todos os elementos do conjunto bucofacial, dentes, musculatura, articulação temporo-mandibular, resultando em melhora na fala e alívio das tensões mecânicas.

Diagnóstico Correto e Plano de Tratamento

Após o diagnóstico, passa-se a realizar as intervenções particulares (seguindo a visão macro que proporcionará estética e saúde). Tais procedimentos poderão contar com restaurações, próteses, cirurgias corretivas, implantes, enfim, geralmente o paciente de reabilitação precisa de um tratamento que envolve diversas especialidades odontológicas. Não há um profissional que exerça bem todas as habilidades da odontologia. Cada profissional vai conseguir reabilitar, com excelência, atuando dentro da sua especialidade. Os tratamentos reabilitadores multidisciplinares tendem a ser mais conservadores e menos invasivos, pois é possível lançar mão de todos os recursos disponíveis nas diversas especialidades.

O diagnóstico correto depende, obviamente, de tecnologias como tomografias digitais, análises faciais 3D, escaneamento intrabucal, entre outros recursos, mas não somente. Não basta apenas contar com o diagnóstico digital. É preciso perceber todo o sistema em funcionamento no paciente para identificar os problemas. É fundamental que o paciente seja analisado em seus aspectos funcionais por um profissional experiente. O passo a passo do diagnóstico normalmente conta com:

1) Consulta de Avaliação Inicial

2) Coleta de Informações do Paciente: queixas, histórico de saúde, informações sobre hábitos (Quando começaram as dores? Quando perdeu o dente?), além da avaliação dos aspectos emocionais envolvidos (estresse, por exemplo).

3) Exame Clínico Funcional: escaneamento digital, fotografias, vídeos do paciente falando (testes de fonética), radiografias, tomografias, diagnóstico oclusal.

4) Diagnóstico e o Plano de tratamento: sugestão de um plano de tratamento que pode envolver ajustes oclusais, restaurações, ortodontia, implantes, coroas de porcelana, próteses, placas de bruxismo, entre outros procedimentos, dependendo de cada caso.

É preciso ver o paciente como um todo, a partir de um conhecimento mais abrangente e aprofundado de como é o funcionamento fisiológico bucal e de como ele impacta na qualidade de vida, considerando a visão funcional mastigatória, fonética, a deglutição e a digestão. Um dos riscos que o paciente corre, quando o tratamento odontológico estético adequado não é realizado, levando em conta os aspectos funcionais, é o comprometimento de sua saúde, o que leva à necessidade de retratamento. Infelizmente, isso é bem mais comum do que se imagina.

Texto | José Carlos Martins da Rosa - Edição I Caroline Pierosan