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07/05/2018

Tratamento do Ceratocone com Cross-Linking

Há diversas linhas de tratamento para o ceratocone, dependendo de seu grau, da idade e da visão do paciente

A aplicação do cross-linking nao se limita ao tratamento do ceratocone e tem sido empregado com sucesso no tratamento de astigmatismo pós-cirurgicos, degeneração marginal pelúcida da cornea 
O paciente com ceratocone geralmente queixa-se de coceira ocular e o ato de coçar os olhos pode causar piora do astigmatismo e é desencorajado como medida adicional de controle da doença O ceratocone é uma  doença ocular muito frequente, afetando 1 pessoa em cada 2.000 em todo o mundo A ligação de colágeno de córnea com riboflavina (ou simplesmente cross-linking) promove ligações mais fortes entre as fibras de colágeno da córnea

Mauro Chies e Daniela Leães - Clínica Visão Serra

O ceratocone é uma  doença ocular muito frequente, afetando 1 pessoa em cada 2.000 em todo o mundo. É uma patologia não-inflramatória, progressiva, com características hereditárias que causa mudanças estruturais na córnea, alterando sua biomecânica, resistência e elasticidade e tornando-a mais fina o que acaba por modificar sua curvatura normal para um formato mais cônico. Costuma surgir na adolescência e progredir até por volta dos 40 anos de vida, quando então tende a estabilizar-se. A principal consequência do ceratocone é a diminuição da acuidade visual (visão) em razão desta mudança na curvatura, gerando assim um astigmatismo irregular difícil de compensar com óculos. Imagens fantasmas, sensibilidade à luz,(fotofobia) e presença de halos noturnos são outros sintomas relatados pelos pacientes. Há uma relação ainda não bem entendida do ceratocone com alergias, principalmente respiratórias como a rinite alérgica e a alergia ocular. O paciente com ceratocone geralmente queixa-se de coceira ocular e o ato de coçar os olhos pode causar piora do astigmatismo e é desencorajado como medida adicional de controle da doença. O diagnóstico nem sempre é tão precoce quanto gostaríamos pois depende do acesso a exames oftalmológicos como a topografia computadorizada corneana, muitas vezes indisponíveis. Sempre que nós, médicos oftalmologistas, verificamos um astigmatismo que não responde bem à correção com óculos mesmo sendo pequeno, há possibilidade de tratar-se de um ceratocone. Sendo assim, a única possibilidade de realizar um diagnóstico precoce é consultar frequentemente um oftalmologista com acesso aos exames de imagem descritos anteriormente. Um fator que tem contribuído cada vez mais para o diagnóstico precoce do ceratocone é a popularização da cirurgia refrativa (correção de grau), pois muitos pacientes procuram-nos para tratar miopia e astigmatismo e acabam por realizar estes exames mais específicos.

Há diversas linhas de tratamento para o ceratocone, dependendo de seu grau, da idade e da visão do paciente. Casos leves (a maioria) podem ser manejados muito satisfatoriamente com óculos ou lentes de contato especiais. Casos mais avançados, que não respondem bem a estes tratamentos podem beneficiar-se tratamentos cirúrgicos como “cross-linking” de colágeno corneano, implantes de anéis intra-corneanos ou mesmo a associação entre ambos. Casos extremos (menos de 5% do total) podem chegar a requerer um transplante de córnea. A ligação de colágeno de córnea com riboflavina (ou simplesmente cross-linking) promove ligações mais fortes entre as fibras de colágeno da córnea. A técnica consiste basicamente na aplicação ocular de uma solução de riboflavina, que nada mais é que um colírio de vitamina B2 por alguns minutos, seguida de exposição à radiação ultra-violeta (UV-A) em doses controladas através do uso de um equipamento especial. Com o aumento da resistência corneana, diminui-se a elasticidade excessiva da córnea e com isso, reduz-se a chance de progressão do abaulamento corneano, responsável pelo alto astigmatismo e a baixa da visão. Os resultados, com mais de 10 anos de seguimento na Europa mostram que a grande maioria dos casos apresenta estagnação e até regressão do ceratocone. Entretanto, uma minoria de casos ainda apresenta progressão, sendo possível a aplicação da  técnica novamente. O Conselho Federal de Medicina reconheceu o tratamento como eficaz e seguro para deter a progressão do ceratocone e a técnica vem sendo aceita e realizada por um número cada vez maior de oftalmologistas em centros especializados. Os maiores beneficiários são geralmente os pacientes que apresentam estágios leves a moderados e progressão da doença ao longo de um ano (documentada por exame de topografia). Apesar de os últimos estudos terem mostrado benefícios também em estágios mais avançados em jovens.  O tratamento com o cross-linking vem revolucionando de tal maneira o tratamento do ceratocone que vem causando uma diminuição significativa do número de casos de transplante de córnea na Europa. A aplicação do cross-linking nao se limita ao tratamento do ceratocone e tem sido empregado com sucesso no tratamento de astigmatismo pós-cirurgicos, degeneração marginal pelúcida da córnea. Além disso, vários estudos estão em andamento para sua utilização como co-adjuvante nas cirurgias de correção de grau com LASER com resultados promissores. Consulte seu oftalmologista regularmente e saiba mais sobre esta tecnologia e outras.