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20/08/2019

Um Museu a Céu Aberto em Galópolis

O Caminho da História, projeto Pioneiro no Rio Grande do Sul valoriza o patrimônio cultural de Galópolis  

Fruto de um extenso trabalho de pesquisa e resgate de fotos e informações históricas (com curadoria da pesquisadora e museóloga Tânia Maria Zardo Tonet) o Museu de Território é a céu aberto, sendo composto de 15 pontos do patrimônio cultural material e imaterial de Galópolis Os locais foram demarcados com totens explicativos que mapeiam o território, oportunizando a manutenção da história viva para ser contata por e para todos que ali moram e visitam Seguindo o conceito do museólogo francês Hugues de Varine Bohan, o acervo abrange o patrimônio cultural e não a coleção, como tradicionalmente ocorre Os locais elencados são capazes de contextualizar a história da vila, em seus aspectos econômico, social, político e cultural Galópolis constitui-se num cenário autêntico, um caso raro de uma comunidade inteira passível de preservação

O Museu de Território: O Caminho da História, Foi inaugurado no dia 17 de agosto, na localidade de Galópolis, em Caxias do Sul (RS). Com apoio da Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura do município, patrocínio da FSG – Centro Universitário da Serra Gaúcha e iniciativa do Instituto Hércules Galló, o projeto é o primeiro no Rio Grande do Sul com essa concepção.

Fruto de um extenso trabalho de pesquisa e resgate de fotos e informações históricas (com curadoria da pesquisadora e museóloga Tânia Maria Zardo Tonet) o Museu de Território é a céu aberto, sendo composto de 15 pontos do patrimônio cultural material e imaterial de Galópolis. “O objetivo do projeto é valorizar os bens culturais tangíveis e intangíveis da região, promovendo a sua preservação e o envolvimento e apropriação por parte da comunidade”, afirma Charles Tonet, da 3 Tempos – Memória Corporativa, filho da museóloga e parceiro do projeto. “Trabalhamos o patrimônio histórico e sua memória, e isso pode ser aproveitado economicamente do ponto de vista turístico”, complementa.

“Essa comunidade é o que é porque recebeu empreendedores, pessoas com valores, trabalho e valorização da família que a diferenciaram. E hoje essa região é absolutamente diferenciada no Rio Grande do Sul”, destaca José Galló, presidente do Instituto Hércules Galló. “Minha grande preocupação é sempre a preservação desses valores, e a sua perpetuação para as novas gerações. Acredito que os museus, assim como a educação, têm um papel importante nisso”, afirma, reforçando que um dos objetivos do empreendimento criado em Galópolis é trazer desenvolvimento econômico para a comunidade.

Nova Museologia

Alicerçado na trajetória e no legado do italiano Hércules Galló, pioneiro da indústria têxtil na Serra Gaúcha, o projeto iniciou com a musealização das duas casas onde o empreendedor e sua família viveram, inaugurados em 2015 e que compõem o marco inicial. No sábado, foram entregues à comunidade os outros 14 pontos que integram o núcleo do museu a céu aberto. Os locais foram demarcados com totens explicativos que mapeiam o território, oportunizando a manutenção da história viva para ser contata por e para todos que ali moram e visitam. A intenção da museóloga Tânia Tonet ao conceber o projeto foi trazer uma forma diferente e envolvente de transmitir esse resgate histórico, onde o foco não são objetos históricos e sim o território em si e toda a sua riqueza cultural. O conceito de museu de território, ainda pouco explorado na museologia no Brasil, tem como essência musealizar o território e territorializar o museu. A proposta é adepta à Nova Museologia que, diferentemente do conceito tradicional centrado num edifício, nas coleções e num público-alvo, amplia seu olhar para todo o patrimônio material e imaterial regional, passível de preservação e, acima de tudo, propõe um diálogo com a comunidade em que está inserido, numa lógica de inclusão e partilha. Seguindo o conceito do museólogo francês Hugues de Varine Bohan, o acervo abrange o patrimônio cultural e não a coleção, como tradicionalmente ocorre.

A céu aberto

Galópolis constitui-se num cenário autêntico, um caso raro de uma comunidade inteira passível de preservação. Além disso, possui características curiosas, como o fato da implantação de um núcleo nitidamente urbano em um ambiente rural. Isto se deve ao processo de industrialização iniciado em 1894, quando jovens tecelões vindos da Itália fundaram o primeiro lanifício, nos moldes de uma cooperativa, após perceberem que a área não era propícia para a agricultura e que os dois rios do lugar possibilitariam a movimentação de máquinas e a geração de energia elétrica, além dos serviços de lavagem e tinturaria.

Em 1903, Hércules Galló juntou-se ao grupo de empreendedores, assumindo o comando do lanifício e liderando ações que garantiriam à vila um significativo progresso, cujo ícone é a construção de uma vila operária, com casas, construídas lado a lado, que eram alugadas por valores simbólicos, garantindo a manutenção e atração de mão-de obra. A partir daí e, mesmo após a morte de Galló, a vida da comunidade gravitou em torno do Lanifício, a exemplo da Rheingantz, da cidade de Rio Grande, com modelo fabril trazido pelos fundadores Carlos Guilherme Rheingantz, Miguel Tito de Sá e Hermann Vater, que foi inspirado na Alemanha e em viagens efetuadas à Inglaterra da Revolução Industrial. Em homenagem a Galló, o povoado passou a denominar-se Galópolis, em 1914, com a criação do 5º Distrito de Caxias, pelo intendente José Penna de Moraes. Todo esse caminhar, expresso em testemunhos arquitetônicos, peças, fotografias, documentos e na memória de seus habitantes, está registrado no Museu de Território.Os locais elencados são capazes de contextualizar a história da vila, em seus aspectos econômico, social, político e cultural.

Os 15 pontos
Casas do Instituto Hercules Galló
Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompéia
Cascata Véu de Noiva
Vila Operária
Escola Ismael Chaves Barcelos
Prédio do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem
Lanifício Cootegal
Círculo Operário
Cinema
Praça Duque de Caxias
Casa Straghioto
Árvore das Garças
Arroio Pinhal
Armazém Basso
Prédio Cooperativa de Consumo

 

Informação | Adriana Schio - Edição | Caroline Pierosan