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14/05/2018

Medo do Sim

A Gamofobia (medo de casar) se mostra mais presente em pessoas que sofreram algum tipo de trauma

"O vínculo não se mede pelo fato de o casal seguir ou não os modelos tradicionais de casamento e sim pela afinidade e intimidade construída" (Tatiana Rocha Netto) 
A Gamofobia (medo de casar) se mostra mais presente em pessoas que sofreram algum tipo de trauma A intimidade cobra um preço alto, mas também pode proporcionar momentos inesquecíveis!

“Casar era um sonho e tornou-se um grande trauma! Ainda precisarei me tratar muito antes de poder pensar no assunto novamente. Já morei com uma pessoa e não deu certo. Essa separação causou um tremendo retrocesso na minha vida (na vida de ambos, reconheço). Hoje moro com meus pais novamente e tenho medo da rejeição, medo de os interesses não serem mais os mesmos e de que, a qualquer momento, a pessoa desista de tudo novamente. Tenho medo de que dê certo por um tempo e acabar separando quando estiver chegando na terceira idade e o maior dos medos: o de viver novamente tudo que já sofri. Acredito que as pessoas têm um par perfeito guardado em algum lugar, que em algum momento as coisas se encaixam, e o casal se ajusta para dar certo. Acredito no amor, sonho com ele, mas no momento, o medo é maior”, conta M.M, 28 anos, vendedora. O medo de MM reflete as angústias de muitos hoje – medo de casar! O “enlace” representou por muito tempo o “sonho” de vida de muitas pessoas. Hoje, a ideia de casamento vem, cada vez mais, representando um “pesadelo”. O medo de casar (transtorno de ansiedade chamado Gamofobia) se mostra mais presente em pessoas que sofreram algum tipo de trauma. Segundo a psicóloga, psicoterapeuta de casal e família Tatiana Rocha Netto a fobia se caracteriza pelo medo excessivo de assumir um compromisso sério com o outro. “É um medo patológico, ou seja, persistente e irracional. Esse medo impossibilita a pessoa de agir a favor dos relacionamentos, impondo sofrimento significativo”, explica. O medo de sofrer pode levar a posturas como a de M.S, 30 anos, advogada. “É simples! Prezo muito minha independência. É complicado nos dias de hoje conviver com alguém. As pessoas não se respeitam mais. Adoro morar sozinha e acredito que cada um precisa de seu espaço!”, conclui. “Tenho receio de começar uma vida a dois, pois quando estava em um relacionamento pensava muito em como enfrentar os problemas da realidade, da responsabilidade de um lar, de constituir uma família, eu acredito que não estava preparada. A falta de preparo assusta, o “casar", é uma decisão que muda tudo, é dividir, é somar. Os dois lados tem que se permitir, se doar, ouvir, calar, respeitar, entender e acima de tudo querer muito estar junto, confiar, se entregar, ser um do outro e mesmo assim ter liberdade dentro da relação. É complicado!”, assume D.C., 33 anos,  professora. Muito, muito complicado! Para facilitar um pouco, a psicóloga Tatiana compartilha algumas dicas: “Afinidade! A boa comunicação é fundamental. O casal deve ter a possibilidade de conversar sobre tudo, sem medo de julgamentos ou recriminações. Traçar planos e construir juntos uma trajetória de realização dos objetivos é outro aspecto muito importante e que mantém relacionamentos ativos. A sexualidade é fundamental e deve ser satisfatória para ambos. Os desejos dos dois devem ser revelados. O casal deve poder realizar todas as suas expectativas, sempre de comum acordo”, destaca. Como alternativa, alguns casais tem criado formatos inovadores de convivência como morar em casas diferentes, ter banheiros com duas pias, dois chuveiros ou até mesmo dormir em quartos separados. Sem culpa! Tatiana ressalta que o vínculo não se mede pelo fato do casal seguir ou não os modelos tradicionais de casamento e sim pela afinidade e intimidade construída. “O que o casal considerar ideal deve seguir perseguido. O pacto entre ambos deve ser verdadeiro e consciente”, afirma. Afinal, a intimidade cobra um preço alto, mas também pode proporcionar momentos inesquecíveis!

“Não tenho medo de casar, já tive dois relacionamentos de união estável na minha vida e vou continuar tentando até encontrar uma pessoa que esteja disposta a viver uma vida a dois. Acredito muito no amor. A vida sem amor, pra mim, não faz sentido algum!” (M.C, 37 anos, empresário)