Conheça a história da mulher que superou a morte e quatro fertilizações in vitro para alcançar o sonho de ser mãe. “Em momento algum me arrependo de ter prosseguido, de ter tentado novamente, pois hoje o temos nos braços, e essa felicidade é indescritível”
Fabrícia Eichner Dalcortivo
“Quando casei, eu e meu marido combinamos que não teríamos filhos até que eu me formasse. Após consquistar meu diploma de docente, aos 28 anos, era a hora de formarmos nossa família. Parei de tomar a pílula anticoncepcional. Depois de um ano inteiro de tentativas, sem resultados, procurei ajuda médica. Fizemos muitos exames e identificamos que eu tinha ovários policísticos. Entretanto, esse não era a principal causa do problema. Os médicos também pediram um espermograma do meu marido, que apresentou alterações. De acordo com o diagnóstico do urologista, as duas questões somadas, não impossibilitariam totalmente a gravidez natural, porém seria muito difícil. Corríamos o risco de ficarmos anos tentando sem sucesso. A principal alternativa seria, então, a fertilização in vitro.
Os médicos que procuramos nos deram muita esperança, de que nosso problema não seria complicado de resolver. Realizando os tratamentos adequados, seria possível engravidar. Nesta época, em 2013, o investimento para o tratamento era bastante alto para nossa realidade financeira, mas não hesitamos. Realizamos um empréstimo bancário e prosseguimos com nosso sonho de formarmos nossa família. Tomamos medicamentos necessários e seguimos todas as orientações. Depois do processo, conseguimos sucesso na fecundação de dois embriões, e ambos foram implantados em meu útero. Um deles se fixou, e engravidei! No dia 16 de julho de 2014, recebi minha filha Erika. Uma alegria indescritível chegou juntamente com ela! Finalmente éramos pais. Foram meses felizes e tudo corria bem quando, no dia 28 de dezembro de 2015, com pouco mais de um ano de vida, ela foi diagnosticada com leucemia.
Será que foi porque fizemos a fertilização? Nos questionamos. Ficamos com muitas dúvidas e um sentimento de culpa enorme. Entretando, aos questionarmos os médicos que a atenderam, eles nos esclareceram que a doença nada teria a ver com a forma como ela tinha sido concebida. Isso nos deixou mais calmos. Foram 46 dias de hospital, ao lado dela, ajudando-a a lutar pela vida. O tratamento para leucemia é bastante agressivo, ainda mais para um bebê com pouco mais de um ano de vida. Os procedimentos quimioterápicos baixam muito a imunidade do paciente, tornando-o mais vulnerável a outras doenças que, em uma condição saudável, seriam facilmente administradas pelo corpo. Em fevereiro, com a leucemia praticamente curada, ela contraiu um fungo. Os médicos não conseguiram matá-lo ou eliminá-lo do seu corpo. O fungo atacou o rim e causou sérios danos abdominais. Para nosso desespero, no dia 11 fevereiro de 2016 ela faleceu.
Foi muito difícil passar o dia das mães daquele ano sem ela. Ficamos desolados. Contamos com o apoio da família e amigos, mas o vazio que restou em nossos corações foi muito grande. Foi quando, em meio ao triste período de luto que atravessávamos, meu marido perguntou, “o que estamos esperando para ter outro filho”? Muito emocionada, considerando que a iniciativa partia dele, concordei enfrentar todo o tratamento de reprodução assistida novamente. Consultamos com a mesma equipe médica que havia nos guiado à gravidez de nossa primeira filha e eles nos tranquilizaram, afirmando que seria possível fazer um novo tratamento.
Lá fomos nós, vitaminas e medicações, muitos cuidados na consideração de todas as orientações médicas. Na segunda vez, não foi tão fácil. Realizamos várias fertilizações, e tentamos a implantação dos embriões em meu útero por três vezes, até que um, finalmente, se fixou. Desta vez nossa família nos ajudou com os custos do tratamento, e somos infinitamente gratos a eles. Finalmente, depois de muita insistência e fé (pois o tempo todo nos apegamos a Deus, acreditando que ele nos daria as forças necessárias para prosseguir) conseguimos conceber o Joaquim. E foi a glória!
Ele nasceu no dia 10 de outubro de 2017. Hoje tem seis lindos meses. É saudável e incrível. É claro que ainda sentimos muito pela perda de nossa filha, mas em momento algum me arrependo de ter prosseguido, de ter tentado novamente, pois hoje o temos nos braços e essa felicidade é indescritível! Eu recomendo para todos, quem puder, que tenha filhos, pois é uma das maiores alegrias que alguém pode experimentar. Mesmo os pais que, por algum motivo, perderam um bebê, que não desistam. Acho que quem perde, tem que logo tentar conceber novamente. Não é uma questão de substituição, é uma forma de voltar a viver!”
GRAVIDEZ SEM DÚVIDAS
Convidamos os especialistas do Conception Centro de Reprodução Humana (Elonora e Fábio Pasqualotto) para esclarecer os aspectos médicos da história de Fabrícia: