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Oratória

05/07/2019

Edificações para o Mundo e para o Futuro

Bruna Bianchi fala sobre como projetar o crescimento de uma sociedade mais humana

"A edificação permite a expressão arquitetônica, garantindo a evolução da região em que será construída, além de contribuir com a vida de várias famílias que morarão nela" ( Foto: Gane Coloda)

Bruna Bianchi, 26 anos, natural de Caxias do Sul, é arquiteta e urbanista, pós-graduada em construção civil: gestão, tecnologia e sustentabilidade. Atua como Coordenadora de Projetos na BWB Incorporadora, empresa sediada em Caxias do Sul, e administra o escritório de arquitetura que leva o seu próprio nome. A seguir, ela fala sobre sua atuação e sobre a administração dos seus talentos e valores, no trabalho e na vida.

Como é a tua rotina? 

Super dinâmica e agitada. Não temos monotonia por aqui. Me divido entre as minhas atividades na BWB Incorporadora, onde desenvolvo os projetos dos edifícios, das suas respectivas áreas comuns e dos apartamentos decorados, participando também da sua execução; e entre as atividades do meu próprio escritório de arquitetura, onde desenvolvo projetos de residências, além de projetar e executar interiores, indo do mobiliário até a ambientação e decoração de todos os ambientes. Além da rotina de trabalho, nos outros âmbitos, minha vida também é cheia de atividades. Costumo sempre buscar aperfeiçoamento para contribuir com o desenvolvimento e a realização de cada sonho que chega até mim.

Quais os projetos mais importantes e desafiadores dentre os tantos que já realizaste?

Trato cada projeto como único, por isso torno ele o mais importante e o mais desafiador para aquele momento, pois sempre quero dar o meu melhor. Dentre todos os projetos que já desenvolvi, vou destacar duas linhas que mais fazem parte do meu cotidiano: o projeto de arquitetura civil e o projeto de arquitetura de interiores. Projetar um edifício é um desafio muito grande, pois cada um tem suas particularidades e o desenvolvimento dele compreende várias escalas, indo da concepção inicial, com a definição de plantas e fachadas, até o detalhamento final dos interiores das áreas comuns. No caso dos interiores, o mais desafiador até o momento, foi o projeto e execução de um apartamento conceito que fizemos em parceria com a BWB Incorporadora, apostando na sustentabilidade, através dos conceitos de reaproveitamento, reutilização e do faça você mesmo. Se comparado a um apartamento convencional, esse exigiu muito mais empenho e dedicação, além de muita criatividade.

Quais tuas principais referências e por quê?                                         

Em se tratando de arquitetura, temos excelentes mestres a serem seguidos, mas minhas principais referências são as pessoas que vivem e caminham ao meu lado. Muito antes de ser um bom profissional, precisamos ser ótimos seres humanos e isso, só se aprende com quem está conosco, nos ensinando muito, a cada dia.

Achas que o arquiteto tem a obrigação de influenciar o seu cliente?

O arquiteto tem a responsabilidade de dar todas as opções que se enquadram no contexto do seu cliente, apontando os seus pontos positivos e negativos. Eu particularmente trabalho de uma forma no qual o cliente toma as decisões finais, não costumo impor situações. Faço apontamentos para que ele tome a decisão do que é o melhor para ele dentro das opções apresentadas. Costumo dizer que ao me contratarem, se tornam parte da equipe, pois participam ativamente de todos os processos.

Como defines o teu estilo, como arquiteta?

Acredito que por transitar em escalas tão distintas, eu precise me adaptar a todas as situações possíveis, por isso trabalho desde o clássico até o contemporâneo. Normalmente sigo uma linha mais moderna, com pitadas de estilos mais ousados. Entendo que cada estilo pode se adaptar a determinada situação. Sou versátil e busco compreender meu cliente para que ele saia totalmente satisfeito e com o seu desejo realizado.

Pra ti, quais são os prazeres e os desprazeres da tua profissão?

O maior prazer é, sem dúvida, a sensação de tornar sonhos realidade. Isso é o que me motiva a cada dia. O projeto é algo importantíssimo para um arquiteto, mas ver a obra executada, gera um misto de orgulho e felicidade, faz com que eu me sinta exatamente aonde deveria estar, contribuindo com as pessoas ao meu redor. Os desprazeres variam de acordo com as tuas expectativas, mantenho meus pés no chão e foco nas coisas positivas. Afinal, em todas as situações da vida nos deparamos com coisas que não nos agradamos, cabe a nós, definirmos a grandeza que elas de fato possuem e merecem.

Já desenvolveste projetos de todos os tipos. Como é transitar por áreas tão distintas?

É simplesmente incrível! Se me perguntarem hoje em qual das áreas da arquitetura eu mais gosto de atuar, não saberia dizer. Na concepção de edifícios, entendo que contribuo com a cidade como um todo, pois a edificação permite a expressão arquitetônica, garantindo a evolução da região em que será construída, além de contribuir com a vida de várias famílias que morarão nela. Na BWB Incorporadora, especificamente, buscamos desenvolver edifícios mais humanos, não focando apenas em atender a demanda do mercado imobiliário, enquanto especulativo. Preocupa-nos desenvolver edificações para o mundo e para o futuro.  Já, em um projeto de arquitetura de interiores, tomando como exemplo um apartamento, contribuo com o dia a dia de cada pessoa que ali residir, com todas as suas certezas e incertezas, com o seu crescimento, com a construção da sua família. Em escalas diferentes, me sinto responsável em contribuir para o crescimento de uma sociedade melhor.

Inspiração feminina?

Voltada não somente à arquitetura, tenho como inspiração a arquiteta Lina Bo Bardi, que resume tudo em uma simples frase: “Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito”. Isso resume meu ser e minha trajetória profissional, acredito que podemos ser muito, mesmo sendo simples. Venho de uma família sem pompas, onde a simplicidade e a humildade se fizeram presentes desde o início. Isso permite que eu possa compreender e respeitar cada ser humano que me rodeia. E é exatamente por isso que eu dou o melhor de mim, para que a pessoa que está ao meu lado, possa se sentir muito!

 

Entrevista | Marina Grandi - Edição | Caroline Pierosan - Foto | Gane Coloda