Oratória

Por necessidade de auxiliar financeiramente a família, as irmãs gêmeas Roseli Casali e Rosane Casali Custodio começaram a trabalhar aos 12 anos. Sempre focadas na área contábil, hoje elas têm a sua própria empresa, com 17 funcionárias mulheres.

Como foi a trajetória profissional de vocês? 

Pela necessidade de auxiliar financeiramente a família, iniciamos nossa caminhada profissional aos 12 anos, em uma indústria de calçados plásticos. Além da necessidade, nos atraía o desafio de conquistas próprias. Dentro desta indústria buscamos oportunidades de crescimento passando por várias áreas, o que possibilitou uma maior experiência e conhecimento para nos desafiar e incentivar a buscar novas oportunidades no mercado já focando numa profissão futura. Tínhamos em nossos pais o exemplo de pessoas batalhadoras e vontade de empreender. Nosso pai, além de ser profissional autônomo, em paralelo sempre buscou alternativas de negócios e, nossa mãe, foi o apoio tanto nas ideias como nas execuções. Ao concluir o ensino médio em técnico contábil, optamos pela contabilidade, desde então nossa trajetória profissional se consolidou no trabalho executado nas indústrias, empresas de serviços e escritórios contábeis. As experiências adquiridas nestas empresas foram incentivadoras e norteadoras na decisão de abrir o próprio escritório contábil, pois percebemos, ao longo dos anos, que tínhamos iniciativa, comprometimento e dedicação em todas as empresas que passamos.

Quando foi que vocês perceberam esta vocação?

A Roseli percebeu logo após a conclusão do ensino médio, escolhendo assim sua graduação de bacharel em contabilidade. A ideia inicial era ser contadora de empresas na região, então buscou seu aprimoramento na área trabalhando em um escritório contábil, o Centenário, e dando sequência ao seu sonho, buscou oportunidades em empresas privadas aumentando seu conhecimento como contadora. No ano 1994 concluiu sua graduação, em 1996 junto com duas colegas constitui seu primeiro escritório contábil, no qual teve sua primeira experiência de que ter um negócio próprio e de sucesso não requer somente conhecimento na área, mas, principalmente, uma relação de confiança entre os sócios. Com a falta destes atributos, o negócio se desfez, dando surgimento em 1997 a uma nova sociedade que foi incentivadora da certeza da escolha da profissão, que oportunizou o surgimento da Ótyma Contabilidade. E a Rosane, após o ensino médio também buscou a área contábil, mas percorreu por outras experiências profissionais, pois ainda não estava certa desta carreira. Trabalhou em empresas no setor calçadista e na área administrativa, aonde adquiriu muito aprendizado e experiências. Em 2002 foi convidada por Roseli e passou a fazer parte do escritório contábil, aonde consolidou a profissão na área contábil e despertou sua veia empreendedora.

Quais são os privilégios que vocês amam no seu trabalho?

Poder colocar em prática nossas ideias e experimentos, os quais acreditamos que levam ao sucesso de um negócio. Hoje temos uma equipe comprometida com a nossa missão, buscamos constantemente o aperfeiçoamento técnico com a implementação do PQNC (Programa Qualidade Necessário Contábil) e  por meio de cursos além do desenvolvimento pessoal, com o apoio de profissionais especializados na área, tais como psicólogas.

Na opinião de vocês, qual o perfil para ser um bom profissional de contabilidade?

O perfil do profissional contábil deve estar norteado na ética e confidencialidade, pois nossa relação com cliente é fundamentada na confiança. Os profissionais devem estar em constante aperfeiçoamento de seus serviços executados em face das mudanças diárias na legislação. Outro fator que é fundamental para a perenidade do negócio é ter uma equipe de profissionais engajada com a missão da empresa. Na Ótyma primamos pelo bom atendimento ao cliente, sempre buscando a melhor alternativa para a necessidade dele e respeitando a compliance. Entendemos que o perfil deve contemplar dinamismo, proatividade, estratégia e empatia, itens essenciais para o sucesso.

Quais tuas expectativas para o futuro da contabilidade?

Nossa expectativa quanto ao futuro da contabilidade é nos adequarmos a este novo perfil de profissional que será exigido pelo mercado, ou seja, contador "consultor". O contador não será mais aquela figura contratada para registrar atos e fatos, mas, sim, analisando, decidindo e orientando os seus clientes nas mais diversas situações de gestão de seu negócio. Para que isto aconteça é necessário que o contador mostre ao empresário que é peça fundamental no auxílio da gestão da empresa, ou seja, informatizando os dados que a empresa já possui evitando o retrabalho, buscando a robotização dos processos restará mais tempo ao contador para exercer seu papel de analista gerencial junto ao cliente.

Muitas pessoas que trabalham a vida inteira acham que não saberão lidar com o ócio que a aposentadoria traz. Como pensam que será esta fase para vocês, quando chegar o momento?

Quanto ao ócio que a aposentadoria pode trazer, na escolha profissional que fizemos e na educação que recebemos, tem pouca aplicabilidade, ela possibilita continuarmos atuando por um período maior que muitas profissões, pois exige uma dedicação intelectual e não física, a contabilidade hoje e no  futuro estará cada vez mais disponível e utilizada. Isto tudo propiciado pelas transformações tecnológicas. Para nosso futuro pensamos em reduzir nossa carga horária, mas não pensamos em parar de forma definitiva e integral, acreditamos que surgirão novas oportunidades profissionais para o contador, ele assumirá outros papéis que independem da idade.

O que pensam sobre machismo?

Notamos que com o passar dos anos a mulher vem tomando a frente nas mais diversas áreas e na contabilidade não é diferente. Hoje temos na presidência de nosso Conselho Regional de Contabilidade uma mulher, e em nosso escritório somos duas diretoras com uma equipe de profissionais composta 100% por mulheres. Fazemos pesquisas de satisfação anuais com nossos clientes e temos 88% de aprovação em nossa administração, não sentimos em momento algum rejeição quanto ao nosso gênero feminino de administração.

Quais os principais aprendizados a vida lhes deu?

Aprendemos que as mudanças e desafios na nossa profissão são rápidos e constantes. Através de nosso perfil empreendedor, que contempla o comprometimento, a persistência e visão de futuro, asseguramos a nossa permanência nesse mercado competitivo. Aprendemos a cada dia que não existem limitações para nossos sonhos quando gostamos do que fazemos, tornando assim o nosso resultado profissional e pessoal sempre positivo.