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Oratória

04/07/2019

Elas

Sublinha a Força da Identidade Feminina

Meu maior desejo com esse projeto é sublinhar a força da identidade feminina ( Foto: Gane Coloda )

O caderno ELAS é mais um dos projetos que levo no coração, focado em mulheres empreendedoras da Serra Gaúcha. A ideia surgiu há nove anos, com outro nome, com menor abrangência, para mulheres farroupilhenses, mas o objetivo era o mesmo: exaltar as mulheres. Sou publicitária, mas trabalho com jornalismo há 18 anos e no total, creio já ter entrevistado cerca de 250 mulheres. Não saberia dizer qual é a mais especial, pois cada uma têm suas peculiaridades e todas, absolutamente, têm algo incrível em sua história, personalidade, caráter. Coisa que, confesso: amo descobrir!

Pode ser uma veia empreendedora, a forma de lidar com as intercorrências da vida, a maneira como administra o tempo, a maternidade, o jeitinho com o qual tira de letra os problemas diários, cada aspecto da sua singularidade...  Meu maior desejo com esse projeto é sublinhar a força da identidade feminina. Assim eu observo, por meio de redes sociais, da minha rede de contatos, do meu olhar às vezes distraído, o comportamento das pessoas. Eu as convido para revelarem-se, quando sinto que elas têm algo de “uau”!

Às vezes nem elas sabem o quão são incríveis, e a gente descobre juntas! São mulheres reais, imperfeitas, cada qual com sua beleza. Algumas me contatam, outras são sugeridas por quem melhor as conhece, sabe de suas histórias, seu perfil. Frequentemente eu também me surpreendo! Admiro-me com os exemplos, com a força, garra e coragem que muitas tiveram e ainda têm. Pelos seus feitos, por serem exemplo, por servirem de inspiração para que outras pessoas possam se espelhar. Após as entrevistas, eu as respeito ainda mais. Sinto-me orgulhosa por ter a oportunidade de eternizar estas histórias e de acompanhar a trajetória destas mulheres gaúchas que se atrevem a fazer um mundo melhor.

Não é apenas uma questão de sororidade. É que somos sim uma potência. Não sou militante do feminismo (em breve penso em fazer um caderno ELES e contar estórias de homens que inspiram muita gente).

O mais desafiador pra mim é dar conta de tudo isso, é driblar o tempo, mas ao mesmo tempo é tão bom, em meio a um árduo trabalho, dar uma paradinha para brincar de esconde-esconde pela casa, com meu filho Henrique, de dois anos e quatro meses. Esta oscilação do pesado e do leve me equilibra, me faz bem. Meus dias tem sido incertos, nunca sei quando vou trabalhar e quando vou passar o dia com meu caçulinha, Arthur, de quatro meses, nos braços. Ele que decide! Escolhi trabalhar home office para poder estar ao lado dos meus filhos na maior parte do tempo e sou muito feliz com esta escolha. Meu marido, Guilherme Dall’Onder, me auxilia muito com os pequenos e em tudo que preciso. Sou privilegiada, farroupilhense, amo gastronomia, viajar e estar com a família e amigos. Entendo que a mulher sabe dos seus desafios, conhece muito bem as dores que a vida deixou, mas a cabeça continua erguida. Decidida a seguir seu caminho, enfrentando os obstáculos que ainda podem e irão aparecer. Não importa o status, cor ou orientação sexual. Nem mesmo o número do manequim, se pretende nunca se casar ou a quantidade de filhos. Ela é mulher e valoriza a si própria e as lutas travadas por outras e por ela. Ela é dona de uma autoestima enorme, porque não precisa que gostem dela. O amor próprio dela se faz suficiente. Mulher que se valoriza, faz o que bem entender. Ela só quer ser respeitada da mesma maneira que ela sabe respeitar. Claro que buscamos uma participação cada vez mais equitativa de homens e mulheres nos mais diversos âmbitos, o que não é apenas uma exigência de um olhar justo sobre o ser humano, como uma necessidade para o bem comum de qualquer comunidade. É um trabalho de formiguinha, mas como diz a Biba Conte, uma das entrevistadas: “temos que lembrar que formigas, apesar do tamanho, são assustadoramente fortes”. Cada um fazendo um pouco, quem sabe não mudemos o cenário que não nos agrada? 

Marina Grandi