Oratória

Graciele Gazzola, 29 anos, natural de São Miguel d`Oeste, tem sua origem em uma família de italianos e de alemães. “Cresci observando minha mãe fazendo cucas, bolos, pães e biscoitos maravilhosos e acompanhando meu pai administrando um armazém”, conta a jovem nutricionista. Ela confidencia que sempre comeu ‘bem e de tudo’, conforme manda a tradição cultural de suas etnias de origem. “Por isso, tornei-me um pouco mais cheinha”, relembra. “Então, por volta dos 18 anos comecei a frequentar a academia e cuidar mais da minha alimentação”, conta Graciele que sempre gostou de temas que envolvem a compreensão do comportamento humano. “Frequentar a academia me fez criar gosto pelo cuidado com a alimentação. Por isso, na hora de optar pela carreira, fiquei em dúvida entre duas áreas de atuação, a nutrição e a psicologia. Quando optei pela nutrição, estava focada no segmento esportivo, mas, ao longo dos anos de estudo, desenvolvi a curiosidade pela área funcional. Foi então que procurei me especializar nisso também”, explica. A seguir, ela fala sobre sua trajetória e sobre os valores do seu trabalho.

Há muitas informações distintas sobre alimentação. Dietas restritivas, jejum intermitente, ortorexia e transtornos alimentares relacionados à quantidade de informação que consumimos na internet e redes sociais são temas atuais. Como você se posiciona nesse sentido?

Nenhuma dieta é perfeita para todo mundo o tempo todo. Nas redes sociais costumamos ver apenas os melhores momentos, melhores coisas da vida de todas as pessoas e creio que isso tem potencializado alguns transtornos relacionados à alimentação! Algumas estratégias alimentares podem ser utilizadas por algumas pessoas, pois elas se enquadram em tal perfil. Isso deve ser avaliado pelo profissional de nutrição junto ao paciente. Jejum intermitente, low carb, detox, são estratégias, porém podem não ser ideais para todas as pessoas. Ninguém é obrigado a fazer só porque funcionou e foi perfeito para o outro. Cada pessoa é única, tem o seu momento e suas escolhas.

Nutricionista também é terapeuta?

Ouvimos muito, pois alimentação é comportamento. E é uma questão tão íntima da pessoa! Falar sobre hábitos e comportamentos é como abrir para um psicólogo sobre a vida pessoal. Muitas vezes já encaminhei pacientes a psicólogos, pois alguns distúrbios alimentares estão bem relacionados à depressão, ansiedade, baixa estima e as pessoas necessitam aprender a lidar com estes transtornos. Eu amo a nutrição, temos várias ferramentas que podem ser utilizadas, mas, claro, muitas vezes, é necessária outra intervenção. A associação com o psicólogo é muito importante para o sucesso de alguns tratamentos.

Atuas na área comportamental, esportiva e funcional. Qual é mais desafiadora e por quê?

Não consigo ver como três áreas isoladas. Quando o paciente senta em minha frente, já o vejo como um todo. A parte mais desafiadora para mim é fazer com que as pessoas tenham tempo para organizar suas refeições, preparar sua comida de forma saudável e mudar comportamentos e hábitos diários. As áreas esportiva e funcional, quando trabalham com mudanças, também exigem que a pessoa abra mão de certos comportamentos, substituindo-os por novos e isso também mexe com sua rotina, faz sair da zona de conforto e confrontar o novo, que pode ser muito melhor do que o que o paciente vivia. Porém, mas são necessários bons argumentos e estratégias, para que essa mudança ocorra de forma satisfatória e duradoura.

Quais são teus planos pessoas e profissionais para 2019 e 2020?

Ter tempo suficiente e de qualidade para curtir meus pais, viajar com eles. Curtir meus sobrinhos, pelos quais sou apaixonada. Conhecer alguns lugares diferentes e, se tudo der certo, começar a encaminhar minha família também. Profissionalmente, ainda tenho mais um aperfeiçoamento que gostaria de fazer, antes de ter filhos. Quero continuar me atualizando da forma que venho fazendo desde que me formei, podendo levar informação de qualidade às pessoas que me acompanham nas redes sociais e aos meus pacientes, sem terrorismos nutricionais, tratando cada um como um ser único e completo, que precisa estar em harmonia como um todo: corpo, mente e alimentação.

Pelo que tens mais gratidão à vida?

Sempre agradeço pela minha família, namorado, meus amigos, por ter tantas pessoas que torcem por mim. Por ter tido condições de ter iniciado e finalizado uma graduação, apesar de todas as dificuldades que eu meus pais enfrentamos no caminho. Por ter conseguido me especializar em duas áreas. Não esperava que isso fosse acontecer tão rápido, mas sempre fui muito determinada. Agradeço pela confiança dos meus pacientes em meu trabalho, que cada dia cresce mais. Sempre me dedico mais ao conhecimento, para poder tratá-los de forma integral. Agradeço pelas minhas escolhas ao longo destes anos, acho que cada uma me fez enfrentar o que eu preciso e me fizeram ser quem sou hoje. Enfim, aprendi a criar o hábito de agradecer por muitas coisas na vida, apesar dos desafios diários.