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Pelo Mundo

11/03/2019

A Surpreendente China

Acompanhe as impressões da empresária caxiense ao conhecer o país que produz o que de mais moderno há no segmento de LED no mundo

A principal meta de Karyne na viagem foi conhecer a Canton Fair (uma das maiores feiras do mundo, com pavilhão exclusivo para o segmento de iluminação) Um dos meus objetivos era conhecer o produto que eu importo no seu maior potencial de evolução Quando comecei a atuar nesse segmento eu consegui mostrar-lhes como é o mercado brasileiro e a realidade da estrutura no país, bem como que tipo de produto poderia ser vendido aqui - foi um intercâmbio interessante! Fiquei encantada com a luminária de LED com painel solar. O futuro do LED são luminárias assim. O painel vem acoplado nas costas da luminária Se, nesse momento, eu não falasse inglês, teria sido impossível negociar e me comunicar

“É uma cultura, um cenário e um modelo de vida completamente diferente da nosso! A economia também funciona de outra forma, mas, no que mais nos distinguimos, é na comunicação”, conta a empresária Karyne Vargas, ao falar sobre sua visita à China, realizada em outubro de 2018. Ela ficou dez dias no país, passando pelas cidades de Guangzhou, Dongguan, Shenzhen e Hong Kong. A principal meta de Karyne na viagem foi conhecer a Canton Fair (uma das maiores feiras do mundo, com pavilhão exclusivo para o segmento de iluminação). A empreendedora, idealizadora da marca Ledluxor Power Brasil (atuante há 5 anos no segmento de Iluminação em LED, com sede em Caxias do Sul e clientes em diversos estados brasileiros) conversou com a NOI para relatar a sua experiência como empresária, brasileira e caxiense, no admirável e poderoso país oriental.

Por que você decidiu visitar a China?

Karyne Vargas: Minha empresa, basicamente, é uma empresa de importação exclusivamente de LED. Ou seja, trabalhamos com equipamentos para o setor da iluminação. Então um dos meus objetivos era conhecer o produto que eu importo no seu maior potencial de evolução. Eu já tenho relacionamento com as empresas chinesas há muito tempo. Tudo que eu sei de LED eu aprendi com eles. Eles são o país referência nesse produto pois já vendem o LED para o mundo todo há bastante tempo. Quando comecei a atuar nesse segmento eu consegui mostrar-lhes como é o mercado brasileiro e a realidade da estrutura no país, bem como que tipo de produto poderia ser vendido aqui – foi um intercâmbio interessante! Eu ensinando a eles o que teriam que produzir para vender melhor aqui e eles ensinando a mim, sobre o LED. Nessa troca acabamos criando produtos específicos para a minha empresa (tanto em questões estéticas, ou seja, de desing dos produtos, quanto de adequações de personalização de cores, de tonalidade da luz, bem como características únicas para cada cliente, como um código de barras, brasões de prefeituras e assim por diante). Atendemos, por exemplo, o caso do município que queria suas luminárias de uma cor inusitada, “verde limão” e nós assim as fizemos! Cada produto que eu comercializo sofreu nossa influência tanto para atender o mercado brasileiro quanto para que se tornasse o melhor que pudesse ser em sua linha.

Algum lançamento chinês te chamou atenção?

Fiquei encantada com a luminária de LED com painel solar. O futuro do LED são luminárias assim. O painel vem acoplado nas costas da luminária. Praticamente todos os estandes da feira exibiam esta nova tendência. Achei incrível a ideia de unir ambas as tecnologias - o LED que economiza mais, e o painel solar que gera energia para o LED. Mas acho que, nesse sentido, nosso mercado tem “muito chão” pela frente. É recente a consolidação do painel solar no Brasil, pois os investimentos para ter essa tecnologia são altos. Quanto tento apresentar projetos paralelos (incluindo painel solar e LED), todos olham apenas para o LED, pois implantar a tecnologia do painel solar é um processo mais caro. E tem uma coisa que o brasileiro tem muita dificuldade de entender - que o tempo devolve o investimento. Porém, muitas vezes, mesmo demonstrando isso, as pessoas não conseguem pensar a longo prazo. Tanto que o LED barato é o que mais vende. Praticamente ninguém coloca na balança que o preço a mais, investido na hora da compra, pode trazer muitas vantagens a longo prazo.

Como você avalia o mercado do LED no Brasil?

O mercado de LED amadureceu. Nos últimos quatro anos vivemos uma verdadeira revolução nesse segmento. No início as pessoas não conheciam o produto, eu precisava explicar o que era, e vender o conceito levava bastante tempo. Hoje todos já conhecem e procuram o produto. Todo mundo já sabe que LED é bom, então chegamos ao momento de podermos falar de diferenciais de qualidade. Hoje temos o INMETRO avaliando os produtos, e o próprio consumidor já está mais esperto, capaz de analisar o que vai comprar. Hoje é mais fácil vender o LED, porém, há mais concorrência. Muitos se aventuraram nesse mercado. Mas creio que ficaram os bons. Principalmente, as empresas que permaneceram no mercado em 2018, é porque reconheceram a importância de um trabalho sério, e entenderam como trabalhar com qualidade. A trajetória que tenho é de um aprendizado diário. Eu sei as “pegadinhas” do LED. Eu aprendi em pequena escala.

Mas podemos dizer que, no Brasil, temos o que de mais moderno existe em LED ?

A impressão que eu trouxe da feira é que o Brasil está bem atualizado! Entretanto existem produtos superiores de maior qualidade, que o Brasil não absorve, hoje, por causa do alto custo do país. Há produtos que eles nem oferecem para nós, para venda cotidiana, porque o brasileiro não “conseguiria comprar”, não por desmerecimento, mas porque o custo de impostos que são incididos na importação dificulta e até impossibilita a inserção de determinados produtos em nosso mercado. Quando vejo um cliente que se adaptaria com um produto que tem qualidade superior, com características mais modernas, eu ofereço, procuro explicar. Às vezes quando vendo para alguma prefeitura, que tem uma luminária especificada, eu entrego uma melhor, mesmo que a licitação tenha pedido a inferior. Claro que eu aviso sobre a melhoria do produto entregue. Entrego o melhor, com mais garantia, independente de contrato ou de especificação técnica. Faço isso porque eu não vejo por que entregar algo desatualizado para o meu cliente.

Por que você optou por trabalhar com a importação exclusiva de LED ?

Quando eu comecei a trabalhar com isso aqui no Brasil, há cerca de quatro anos, o LED era um produto pouco desenvolvido em território nacional. Ao conhecer melhor as suas especificidades técnicas, entendi a importante oportunidade que ele representava pois compreendi que poderia gerar muita economia para as pessoas, empresas, casas. Além de proporcionar economia, gerar luz para as pessoas foi uma missão que me cativou. Atuei como representante comercial para outra marca por cerca de dois anos e depois decidi abrir minha própria empresa.

Qual foi sua impressão do país chinês e da sua cultura?

As cidades chinesas têm uma realidade de infraestrutura muito legal. São cidades organizadas, limpas, que dão valor ao paisagismo. Todos os dias percebemos muitas pessoas cuidando dos jardins. Ao andar pelas rodovias nos sentíamos passeando em parques. Tem muitas árvores, muitas flores, iluminação com LED por todos os lados. Os projetos são muito bem feitos. Tudo o que há de mais tecnológico, eles usam. Não se paga nada com cartão de crédito, não se vê moeda circulando, hoje praticamente todas as compras são pagas via aplicativos como We Chat (tipo um whatsapp nosso), desde um café, um estacionamento até o pedágio. O carro elétrico que, entre nós, ainda está em um momento de inserção, entre eles, já uma realidade. Me chamou atenção a impressão de existir muito respeito pelo patrimônio público. O que mais me impressionou positivamente foi a organização, a limpeza e o respeito das pessoas com as regras.

Qual foi o principal desafio da viagem?

Num primeiro momento foi difícil porque as pessoas, no geral, não falam inglês. Fora que quando saíamos na rua, não tínhamos como, por exemplo, pegar um táxi, mostrar uma placa e dizer – vou por ali – porque praticamente tudo está em mandarin. Uma coisa que vale salientar que me impactou bastante são as barreiras em relação ao uso da tecnologia, aos aplicativos de celular, por exemplo. Eu fiquei praticamente impossibilitada de me comunicar com as pessoas porque todos os programas que usamos aqui não funcionam lá. Google, Whatsapp, Waze, Google Maps, nada. Eu estou acostumada a usar esses recursos o dia todo, a falar com as pessoas o tempo todo, a qualquer hora. Lá não conseguia fazer ligações e precisei me adaptar. Foi uma sensação de isolamento total. Entretanto, o meu maior desafio foi uma situação em uma das fábricas, uma reunião que era muito detalhista, para tratar temas cruciais do meu negócio e da parceria com o fabricante. O dono da fábrica não falava inglês, eu falava inglês mas não chinês e a tradutora (por telefone) não falava o que eu queria. Então voltei ao Google Translator, tive que passar do meu português para o meu inglês, do inglês para o chinês e passar por conferência, para conseguir uma resposta. Se, nesse momento, eu não falasse inglês, teria sido impossível negociar e me comunicar.

 

ENTREVISTA I CAROLINE PIEROSAN I FOTOS I KARYNE VARGAS, DIVULGAÇÃO

 

“Eu fui à China para visitar a Canton Fair. Fui ver o que eles estão aprontando de novo, bem como verificar se o nosso produto realmente está acompanhando o ritmo mundial. É importante saber das referências que a China está exportando para o mundo. Eu basicamente cheguei a conclusão de que os nossos produtos estão sempre muito atuais”

 

Tem produtos maravilhosos que o Brasil não absorve. Por exemplo hoje existe luminárias com 160 lumens/what. Hoje o máximo que temos aqui são luminárias com 130 lumens/what. Eu já as possuo, mas ninguém pede, pois não sabem que elas existem, ou não querem pagar o custo. Outro exemplo é o poste com painel solar que gera sinal wi-fi, tem caixa de som e carregador para carro elétrico, além de um tablet para dar orientação para as pessoas sobre sua respectiva localização.