Pelo Mundo

O Escuro

Alvoroço.

Os olhos demoraram a se acostumar com o breu. Por isso foi quase instantâneo olhar para cima onde o escandaloso espetáculo dos astros testemunhava a pequenez dos que ali abaixo contemplam abismados o brilho de tantas estrelas. Maravilhoso! O céu impressionante de Criúva, com sua multidão de pequeninas luzes,  impossíveis de contar e difíceis de registrar,  impressionou a todos com sua majestosa imponência.

“Pegue a mão do seu companheiro. Não solte”. Confiar na voz que, em meio à escuridão total, dizia saber para onde nos levava, foi a única alternativa já que não sabíamos onde estávamos e muito menos como chegaríamos ao destino. As duas filas seguiram na direção da voz que guiava pela estrada e alcançaram a entrada da mata. “Agora cada um de vocês prosseguirá sozinho, em silêncio, um percurso de cerca de 600 metros entre as árvores. Não falem, não parem por muito tempo e principalmente, não soltem o fio condutor. Ele é a certeza de que vocês estão no caminho”. O primeiro membro do grupo partiu, e logo seria a minha vez. Ouvi atrás de mim os comentários agoniados de alguém que dizia não saber se conseguiria chegar ao fim. “Tenho muito medo”, lamentava-se a voz.

O Medo

Chegada a minha vez, afastei-me vagarosamente do grupo com a mão sempre agarrada ao fio de aço. À medida em que me distanciava sentia o escuro me abraçar. Achei que fosse sufocar. Respirei fundo e relaxei. Os ouvidos acostumados à agitação estranharam a força do silêncio. Mesmo ali, no escuro, entre as árvores, era possível ver as  lindas estrelas reluzindo. Passo a passo, “já vou chegar”, mentalizava para prosseguir. Curvas e desvios eram sentidos à medida que o fio descia e subia, de vez em quando sumindo de repente, me fazendo dar conta de que a direção tinha mudado. Naqueles momentos de plena solitude, sentido-me vivo, imaginava o quanto precisamos de tão pouco para viver, e o quanto ser, apenas ser, bastaria.

Depois de um curto espaço de tempo que pareceu extremamente longo, voltei a ouvir vozes humanas e pensei – estou por chegar. O cheiro de fumaça denunciava que em breve eu veria o fogo. Prossegui. Quando as vozes ficaram mais altas e a luz da fogueira me alcançou senti um misto de satisfação e tristeza. Quem bom, reencontrar todos e compartilhar os sentimentos experimentados. Que pena, não poder ficar um pouco mais comigo mesmo, com o silêncio do breu e com o espetáculo das estrelas.

E as estrelas? Essas ficaram registradas na memória e no coração.

Luz Sobre o Dia a Dia

A experiência narrada ilustra a experiência dos participantes da Convenção de Departamentos ARH Serrana 2015 realizada em Criúva e conduzida pelos profissionais da Criúva Operadora de Turismo. Os membros de Departamentos da ARH Serrana foram recebido pela equipe no dia 13 de março. Ao chegar na bela Casa Verde todos participaram do delicioso café colonial. Em seguida prosseguiram com a reunião anual no amplo salão rústico e, assim que anoiteceu, experimentaram a trilha no escuro e o jantar na mata.

Depois da aventura noturna e da refeição tropeira o grupo reuniu-se em volta de uma fogueira para conversar, momento em que as sensações experimentadas na trilha foram relatadas. “Agradeço a Deus por nos oportunizar este momento e pela companhia de cada um. Foi muito válido contemplar, a escuridão da noite e a claridade das estrelas. Fazer a dinâmica de guiar-se pelo fio me fez refletir – como é bom quando temos um apoio! A Convenção é um momento ímpar!”, compartilhou Amarildo Tomaz, vice-presidente da ARH Serrana.

Uma das aplicações da experiência concluídas pelo grupo é de que cada pessoa pode representar uma estrela em seu ambiente, iluminando os momentos escuros e difíceis do dia a dia. Além disso, o cabo guia foi relacionado com a representação dos objetivos e valores - quando tudo parecer obscuro é preciso segui-los para reencontrar a direção.

A Criúva Operadora de Turismo trabalha com grupos de empresas, famílias e turistas no intuito de conectar as pessoas com a natureza por meio de experiências inusitadas. A Casa Verde, sede da operadora, decorada em estilo rústico, é excelente para quem quer descansar dos ruídos e da agitação dos centros urbanos. “Para nós foi uma experiência incrível receber o pessoal da ARH Serrana. Sentimos uma energia muito positiva, realmente um diferencial deste grupo“, afirma Guadalupe Pante, administradora e guia da Criúva Operadora de Turismo.