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Pelo Mundo

06/07/2017

"Desandei a Viajar"

Conhecer o mundo pode transformar a vida da gente!  

Você vive aqueles costumes "na pele" e sempre traz referências consigo, adquire parte da lógica do local, observa costumes, maneira de falar, o que gostam de comer. Isso é muito importante porque o que você aprende muda a sua vivência. Se eu pudesse eu viajaria ainda mais!

Aos 78 anos, com um currículo de viagens de dar inveja a qualquer um, Diva Silveira dos Santos garante que o investimento em turismo pode mudar a sua vida! Dona de casa, ela encontrou nas viagens sua porta de conexão com o mundo. Suas últimas aventuras foram para o Egito, em outubro de 2016, com direito a cruzeiro pelo rio Nilo, Lapônia Encantada e, em março deste ano, nada menos que Paris! A próxima já está marcada para Outubro. Diva vai à Tailândia e Dubai. A seguir ela nos conta por que investe tempo e recursos para conhecer “outros mundos”!

NOI: Quantas viagens internacionais a senhora já fez?

Diva Silveira dos Santos: Comecei a viajar ao exterior em 1995 e já fui a Patagônia, Galápagos, Grécia e Turquia em 2011, Leste e Oeste Canadense em 2012, passei minhas férias na Europa em 2013, fui a Escandinávia e Rússia em 2014, Veneza Eslovênia e Croácia em 2015, Egito e Rio Nilo em 2016 e Lapônia Encantada e Paris em 2017.

Por que a senhora decidiu percorrer outros países assim?

Enquanto eu era casada não viajava muito. Meu marido tinha uma chácara e costumávamos ir sempre lá ou à praia. Eu tinha 47 anos quando me separei  e, na época, frequentava o Clube de Mães Instituto Santa Terezinha (os encontros aconteciam na parte Central do Colégio Madre Imilda). Frequentei este Clube de Mães – fundado em 1963 (sendo o mais antigo de Caxias do Sul) – por 46 anos. Eu fiz parte desde o início, desde 1965. Foi com aquela turma que eu comecei a viajar. Minha primeira aventura foi para Foz do Iguaçu e Guaíra. Na época as Sete Quedas ainda existiam. Seis meses depois dessa nossa viagem eles fecharam porque iriam começar a obra de Itaipu. Não fomos à Argentina na ocasião porque a estrada ainda era de chão (risos). Nós contratávamos o Expresso Caxiense para essas viagens do Clube de Mães. Nesta, fomos em 30 mulheres. Dona Paulina Moreto conseguia que ficássemos em internatos para pernoitar. Em 1975 fui ao Rio de Janeiro com esse mesmo grupo. Desta vez fomos com o ônibus da Ozelame. Essa do Rio de Janeiro, foi minha primeira viagem com reserva de hotel. Desde então nunca mais parei.

Por que separar recursos e tempo para viajar?

A gente volta com energias renovadas. Uma viagem pode até cansar fisicamente, mas renova a mente. Você vê e pensa em coisas que jamais imaginou que pensaria. Por exemplo quando fui ao Egito, me deparei diante daquele ‘monstro’ da esfinge. Fiquei caminhando em volta dela, recebendo sua energia. Você sente coisas que jamais sentiria na sua rotina. Diante do Palácio de Pedro por exemplo, também, senti uma admiração, sentimentos diferentes. E o interior da Rússia? Aquelas zonas de campo, aquelas vestimentas! No mercado Grand Bazar de Istambul, lugar claro, alegre, expansivo, como me diverti! Me encantei com os copinhos de chá deles. Hoje temos internet, podemos ver fotos e ter informação, mas não é a mesma coisa que estar ali presente. É bem diferente! Levar a nossa presença a estes lugares nos transforma. As diferenças culturais são muito impactantes. No Egito, por exemplo, fomos num parque de esculturas maravilhosas, mas, logo ali ao lado, tinha uma feira e casinhas muito pobres feitas de pedaço de lona, madeira, telhados de zinco. Neste país nosso hotel foi o próprio navio. Era melhor opção por ali. Passávamos no meio de toda aquela multidão... Isso também te faz se questionar e aprender sabe? Você fica se perguntando o porquê daquele tipo de vida deles. Numa viagem também tem o lado que te choca, te faz pensar sobre a vida. É importante analisar a tua própria vida de  longe. Você adquire novos parâmetros e novas ferramentas de raciocínio. Outra coisa é a cultura que você adquire nos lugares que visita. Você vive aqueles costumes ‘na pele’ e sempre traz referências consigo, adquire parte da lógica do local, observa costumes, maneira de falar, o que gostam de comer. Isso é muito importante porque o que você aprende muda a sua vivência. Se eu pudesse eu viajaria ainda mais!

Por que você prefere viajar em grupos, seguindo um pacote turístico já pronto, do que ir sozinha?

Sempre compro um pacote. Gosto de grupos com guia, com tudo organizado. Quero agenda, circuito, tudo pronto. Como você acha que alguém consegue fazer Paris, Versailles, Bélgica, Áustria, Alemanha e Itália? Só por meio dos pacotes de uma agência, com auxílio do guia, que deixa tudo muito mais eficaz e proveitoso. Vou te dar um exemplo, tenho amigos que foram para alguns lugares que eu também já fui, porém sozinhos. Diversas vezes acontece de eu lhes perguntar, ‘você foi naquele ponto especial?’ e eles nem saberem do que se trata. Por quê? Realmente é difícil dar conta de encontrar tudo. Quando você vai com uma agência e com um guia, eles estão preparados para fazer o seu tempo na viagem render o máximo. Em programas você também ganha mais descontos (em passagens e diárias de hotel, por exemplo). É importante também o apoio do guia, que está sempre disponível para auxiliar com desafios por conta das línguas estrangeiras. Além de acompanhar, o guia atua como um assistente, dando amparo o tempo todo. Com um grupo me sinto segura e assessorada.  

Como é viver tantas experiências em grupos, onde há pessoas de outras faixas etárias e de outros lugares do Brasil?

São bem variadas as idades das pessoas que participaram dos grupos com os quais já viajei. Há mulheres que vão sozinhas, tem casais, famílias, jovens. Mas o legal é que o grupo se torna uma pequena comunidade. A convivência é muito positiva. Você conhece novas pessoas, faz amigos. Numa dessas fiz uma amizade tão legal com uma colega de quarto que até hoje, sempre viajamos juntas!

De todos os lugares que a senhora já conheceu, tem algum que escolheria para morar?

Gostaria de morar numa cidade italiana. Porque eu acho que a Itália é muito aberta. Amei Turquia também, mas moraria na Itália, devido ao carisma. É como o Chile, tem pessoas energéticas. Outra opção de segunda pátria poderia ser o Chile, em qualquer cidade. A energia positiva que há no país. As montanhas...! (suspira)

Trajetória

Diva que é natural de Santo Ângelo (onde nasceu no dia 28 de novembro de 1939) mudou-se para Caxias do Sul ainda pequena, para acompanhar uma transferência do pai, militar. A caxiense desde 1953 (ano de sua mudança para o município, então aos 16 anos) acostumou-se desde criança a viajar, para acompanhar as mudanças na carreira do pai. Morou em três estados brasileiros, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. “Viajar está no meu sangue”, afirma Diva, sorrindo. Ela sempre foi dona de casa. Casou com 21 anos e, depois de 26 anos com o mesmo parceiro resolveu se separar. Corajosa, fez esta opção numa época em que as mulheres que se separavam eram consideradas “desquitadas”. Já em 2002 conseguiu o divórcio. Diva tem um filho e três netos. Hoje seu filho tem 58 anos e os netos 28, 25 e 21 anos. Sempre em casa, Diva também trabalhou como doceira e fazendo tricô. Participou do primeiro curso do Guia de Turismo em Caxias do Sul. Entre 1986 e 1988 atuou nesta profissão.

Entrevista e Foto | Caroline Pierosan