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Pelo Mundo

15/12/2020

Dinamarca

Pesquisas também indicam ser um país muito bom para se viver, com base em seu princípio de saúde, bem-estar, assistência social e educação universal

"Achamos a cidade tão agradável e bonita, que nem nos pareceu estarmos numa capital"? Ópera, Copenhague Arquitetura, Copenhague Festival de Esculturas de Areia, Copenhague Aula ao ar livre, Copenhague

Conhecer os países escandinavos era sonho antigo, a Dinamarca foi o primeiro. Nossa chegada ao país (eu e minha esposa) foi por trem, saindo de Berlim. Sou dos que prioriza viajar por terra para conhecer melhor a topografia, vegetação, vilas, e cidades... Naqueles dias uma grande enchente acometia a Alemanha e fomos prevenidos que poderia haver atrasos e problemas na enorme e complexa estação férrea de Berlim. O trem de fato atrasou, talvez 2 a 3 minutos, mas não tivemos nenhuma confusão maior, comprovando a grande eficácia dos serviços alemães. 

No momento da compra do bilhete para esse trajeto, ainda na nossa cidade, surgiu uma situação que achei curiosa; falei para a atendente da agência: “não vejo no mapa ligação por terra onde o trem possa passar, pois nesta rota, temos o mar que separa os dois países”. Ela olhou novamente o bilhete e não soube explicar, então simplesmente respondeu: “No bilhete a passagem é Berlim/Copenhague”. Estranhei, mas confiei! Defato era, pois após passarmos por Hamburgo, na Alemanha, o trem parou. Então vi que estávamos dentro de um navio para fazer a travessia por mar! 

Após a travessia, percorremos mais um trajeto por terra, e finalmente chegamos na capital da Dinamarca, Copenhague. Logo no desembarque, ao lado da estação férrea tive a primeira boa impressão do país; um “mar” de bikes estacionadas! Nunca tinha visto (e ainda não vi em outro lugar), tantas bicicletas juntas. Não pense que era um depósito de bikes, elas notadamente estavam ali como meio de transporte, aguardando a volta das pessoas que estavam em seus compromissos.

Identificamos que nosso hotel ficava muito próximo, então fomos andando até ele, puxando nossas malas de rodinhas pelas ruas. Realmente essa chegada foi muito diferente de todas as outras viagens que já fizemos. Nos hospedamos, saímos para caminhar e tivemos o privilégio de assistir um lindo pôr do sol sobre um belo lago em frente ao nosso hotel. Já era bem tarde (pelo horário seria noite), mas como estávamos no verão foi a primeira amostra de como são longos os dias nessa época nos países escandinavos. 

No dia seguinte caminhamos muito, sozinhos pelo centro fazendo uma espécie de reconhecimento da cidade. No segundo dia depois da nossa chegada formamos um pequeno grupo de brasileiros com guia e mais uma guia local, para conhecermos Copenhague de maneira mais aprofundada e organizada. Visitamos a casa onde morou Hans Christian Andersen, conceituado e famoso escritor Dinamarquês de obras infantis, como: A Pequena Sereia, O Patinho Feio, A Polegarzinha, O Soldadinho de Chumbo e muitas outras. Como minha esposa é psicopedagoga e mestra em educação, esta visita foi especial para ela. Na casa também funciona uma pequena loja que vende livros e artigos que fazem alusão ao escritor. 

Na Dinamarca, também está a fábrica matriz da Lego, talvez o brinquedo mais famoso do mundo! Quem não brincou de montar Lego? Bem no centro de Copenhague, numa loja da empresa, vimos enormes figuras humanas montadas com os pequenos “tijolinhos”. Passeamos muito pela cidade e de diversas formas: caminhando, de ônibus de turismo com autoguia, ônibus com guia local, de barco...como já me referi, Copenhague está localizada a beira mar. 

Naqueles dias que estivemos por lá acontecia o festival de esculturas de areia e foi um presente e tanto ver enormes e lindas esculturas a partir de um pequeno barco. Achamos a cidade tão agradável e bonita, que nem nos pareceu estarmos numa capital. A impressão que tivemos, foi das melhores. Aliás, a Dinamarca, em termos de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) normalmente está muito bem classificada. As pesquisas também indicam ser um pais muito bom para se viver, com base em seu princípio de saúde, bem-estar, assistência social e educação universal. 

Lembra das bikes? Elas realmente nos impressionaram! Com o passar dos dias, fomos observando o intenso vai/vem dos ciclistas, bem como a abundante malha de ciclovias. Mulheres de vestido, homens de terno, outros mais despojados, sendo a bike, importante veículo para ir e vir ao trabalho ou simplesmente para passear. A guia local nos falou que o incentivo aos ciclistas é tanto que os mesmos têm preferências inclusive em relação aos pedestres e, por isso, é preciso bastante atenção ao atravessar as ruas rodeadas por ciclovias. Como nós brasileiros ainda estamos engatinhando no assunto, o alerta foi muito bem-vindo. 

Quem sabe nós ciclistas (eu pedalo um pouco), nos unindo mais e, somando forças, consigamos junto as autoridades da nossa cidade, estado e país melhor estrutura e incentivos para usar a bicicleta, como ciclovias e placas de trânsito pedindo respeito ao ciclista? Possivelmente todos que pedalam já tiveram a experiência desagradável e perigosa de passar por carros e caminhões “tirando fino”. Comigo infelizmente já aconteceu muitas vezes.  

Penso que todos sairão ganhando se incentivando este tipo de transporte. Dentre os muitos benefícios podemos citar: a bike proporciona exercício aeróbico ao ar livre, absorção de vitamina D direta da fonte (o sol), novas amizades... Tudo isso melhora a saúde e, por consequência, melhora a qualidade de vida e diminui o custo para o estado, pois teremos menos doenças. Além disso, com menos carros nas ruas teremos menos acidentes, menos poluição do ar e sonora e provavelmente um trânsito muito mais pacífico. Pensemos sobre e vamos agir dentro de nossas possibilidades!

Finalmente nos despedimos de Copenhague e da Dinamarca, com um gostinho de “quem sabe um dia eu volto”. Desta vez, zarpamos em um navio rumo a Noruega, a respeito da qual já escrevi. Você pode ler e ver belas fotos dessa crônica na NOI de FEV/2019. 

 

Viagem I Junho 2013
Texto e Fotos I Ademir Pierosan