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Pelo Mundo

09/07/2017

Salkantay

Uma trilha Desafiante, Inesquecível e Transformadora  

A vista dos dois cumes, Humantay e Salkantay compõe um quadro maravilhoso e imponente... quantos mistérios estas duas montanhas guardam em si? Quando me deparei com o que estava diante de mim não pude conter as lágrimas. À frente do imenso paredão de rochas escuras, coberto de mais branca neve, repousava um lago pacífico, de águas verdes e azuis Pequenos iglus com teto de vidro permitem uma excelente visão do céu, seja de dia, para contemplar as montanhas, seja de noite, para deslumbrar-se com as estrelas Nada do que você puder ver na internet, nada do que lhe contarem, nenhum filme, se compara à sensação de estar ali, em Machu Picchu Você sente-se mais animal e, por isso mesmo, se apega mais ao que de humano há em você No alto, é preciso respirar mais fundo, caminhar mais devagar e perseverar muito mais Logo após o surgimento do Sol, um vento que vinha do penhasco começou a descortinar a cidade. Passarinhos cantavam, dando seus rasantes muito perto de nós Nossa mente pouco a pouco se desconectava de um ritmo acelerado de pensamentos embalados pela internet e pelas inúmeras demandas de trabalho para ir se adaptando ao clima pacífico e silencioso da natureza ao nosso redor A cada nova parada para descaso e narrativa do guia recebíamos mais informações sobre a natureza ao nosso redor e sobre a história do Peru Contemplar a neblina se dissipar descortinando as ruínas logo abaixo foi um grande espetáculo, admirado em silêncio e respeito Tanto tempo caminhando, é uma oportunidade incrível para reconectar-se com os próprios pensamentos, para por em ordem a nossa "casa interior". Se recomendamos? Muito mais que isso! Quem tiver oportunidade, que o faça!

As batidas do seu coração. Passo a passo. Inspirar e Expirar. A música orgânica do ritmo do seu próprio corpo é o que você tenta sintonizar com o cenário ao seu redor. Montanhas gigantes te circundam. Há cumes por todos os lados, dando-te a exata precisão da tua pequenez. Começa a fazer muito sentido tudo o que você ouviu a respeito dos incas crerem que nelas, nas montanhas, há deuses. Até você, cético, de herança cultural católica e europeia, começa a desconfiar disso. A incrível imponência da imensidão das montanhas, inspira temor e admiração. Mover-se nas alturas, a baixas temperaturas e ar rarefeito, é totalmente diferente de andar em plano, em baixa altitude. No alto, é preciso respirar mais fundo, caminhar mais devagar e perseverar muito mais. A seguir, contamos como passamos cinco dias imersos na natureza peruana. Percorremos, totalmente a pé, 75 quilômetros. Durante o percurso da Trilha Salkantay, considerada uma das mais lindas do mundo, passamos por diferentes altitudes, biomas e climas. Uma experiência inesquecível, inebriante e transformadora...

TRILHA SALKANTAY – PRIMEIRO DIA

Um roteiro cheio de expectativa. Assim começava o nosso primeiro dia de trilha Salkantay, ainda na madrugada de 16 de junho. Fomos apanhados no hotel pela equipe da agência às 4h da madrugada. Depois de recolhermos todos os demais participantes (que estavam em outros hotéis de Cusco), partimos em uma viagem de cerca de 3 horas até o ponto inicial da trilha, a localidade de Sayllapata (3.550 metros de altitude). Ali, no pequeno povoado, fomos acordados pelo guia Ricardo Beizaga Tejada. Ele começou o tour nos explicando sobre uma planta típica usada pelos incas para fins medicinais. Todo o nosso trajeto foi marcado por pausas estratégicas onde receberíamos diversas informações interessantes sobre a cultura e história local. Ficamos extremamente animados percebendo que desta forma, o tempo empregado na trilha seria muito enriquecedor, física, espiritual e culturalmente. Nosso primeiro café da manhã foi numa tenda, num pequeno povoado. O consumo orientado de chá de coca foi incentivado pelo guia desde o princípio. O corpo sente radicalmente a mudança de altitude (ali já estávamos a quase 4.000 metros acima do nível do mar). Mascar a folha de coca ou tomar chá desta erva constantemente é um hábito ancestral inca, que ajuda a prevenir tonturas, náuseas e fome – sintomas que normalmente acometem quem empreende longas caminhadas pelas montanhas. Além do chá de coca, frutas, sucos, café, leite, pão, manteiga, marmelada e ovos, foram a nossa refeição. Logo após o café, percorremos mais 45 minutos de carro até nosso ponto de partida em Challacancha (3.600 metros de altitude). Nossa caminhada começou por volta das 9h da manhã. Uma serra de montanhas cobertas por vegetação, arbustos e flores se descortinou diante de nós. Por ali seguimos, em fila. A primeira hora de caminhada serve para acertar o passo, adaptar-se ao exercício e ao ritmo do corpo e do grupo. Começamos a subir tenuamente e em zigue-zague – estratégia para amenizar o impacto do pesado exercício. Depois de cerca de uma hora e meia de caminhada, nossa primeira parada para descanso. Ali recebemos a explicação sobre a primeira montanha cujo cume avistávamos diante de nós: Humantay. Naquele momento parecia impossível acreditar que, ainda naquele dia, subiríamos ao topo dela, para encontrar o Lago Humantay. Uma longa trilha é assim, parece extremamente longíncua, entretando nosso corpo suporta muito mais do que podemos imaginar. Para nós dois, brasileiros, que, em nossas rotinas de trabalho passamos os dias praticamente sentados, as surpresas com nossos próprios limites foram grandes.

HUMANTAY À VISTA

A montanha Humantay é assim chamada porque os incas acreditavam poder ver um rosto humano desenhado pela neve acumulada em seu cume. De fato, é possível, usando a imaginação, ver o rosto ali representado. Nosso guia então nos explicou um pouco sobre o idioma Quechua, língua usada pelos incas, criada a partir da representação de sons na natureza. Até então, conforme ele nos contou, nunca foi encontrado registro escrito desta língua. Ela subsiste, por meio da tradição oral. O conhecimento e a cultura dos incas era passada de geração em geração por meio de histórias, contadas de pai para filho. O Humantay abriga um lindo lago proveniente das geleiras – que ainda naquele dia conheceríamos, o Humantay Lake. 

RUMO A SORAYPAMPA

Água, fotos, fôlego recobrado, prosseguimos galgando mais um pouco de altitude até encontrarmos uma corrente de água. Ela nos acompanharia por quase todo o caminho até o nosso primeiro local de acampamento, em Soraypampa (3.920 metros de altitude). Ali, a Salkantay Trekking construiu o primeiro acampamento de Sky Lodges da América. O percurso até ali foi lindo. A flora local revelava lindas combinações de cores. Como brasileiros, somos acostumados a um vasto repertório de plantas mas, mesmo assim, fomos surpreendidos. A altitude da trilha cada vez aumentava. Entretanto o caminho do primeiro dia pareceu bastante tranquilo e seguro. Passamos por algumas pontes rústicas, sempre avistando a cadeia de montanhas adiante. A sensação foi de uma passeio no bosque. Temperatura agradável, em torno de 20 Cº, permitia que vestíssemos roupas leves e camisetas. A cada nova parada para descaso e narrativa do guia recebíamos mais informações sobre a natureza ao nosso redor e sobre a história do Peru. Nossa mente pouco a pouco se desconectava de um ritmo acelerado de pensamentos embalados pela internet e pelas inúmeras demandas de trabalho para ir se adaptando ao clima pacífico e silencioso da natureza ao nosso redor. Calma e reflexão. Longe de ser difícil ou exaustiva, a caminhada levemente cansou. Apesar de longa, a primeira etapa do percurso foi tranquila de superar. Próximo de chegar ao acampamento, avistamos o cume da Salkantay. Ali deveríamos estar em cerca de dois dias. A vista dos dois cumes, Humantay e Salkantay juntos, compõe um quadro maravilhoso e imponente. Quantos mistérios aquelas duas montanhas guardam em si? Muito em breve as conheceríamos bem mais de perto. Outra visão alentadora foi a do nosso acampamento, bem pequenino lá adiante. Calculamos que ainda faltava pelo menos uns três quilômetros para chegarmos, mas é impressionante como poder avistar onde se quer chegar ajuda a prosseguir. Chegamos aos Sky Lodges por volta das 13h. O encantamento foi instantâneo.

SKY LODGES

Pequenos iglus com teto de vidro. Além de lindos, permitem uma excelente visão do céu, seja de dia, para contemplar as montanhas, seja de noite, para deslumbrar-se com as estrelas. Mais importante que tudo, os Sky Lodges super protegem do frio. Nós já sabíamos, desde o Brasil, deste diferencial da Salkantay Trekking, única na América a oferecer este tipo de alojamento. Mesmo assim, chegar ali foi extremamente animador. Mais dos Sky Lodges aproveitaríamos durante a linda noite que a natureza nos reservava, com um céu inundado de constelações.

COMIDA TÍPICA PERUANA

Quando você pensa a respeito do que vai comer ao fazer uma trilha por cinco dias, logo vem à mente a imagem de muitos sanduiches, bolachas e frutas, essas coisas frias e fáceis de comer com a mão. Qual não foi a nossa supresa ao sermos recebidos no Restaurante da Salkantay Trekking  (também em estrutra de Sky Lodge) com um lindo (e naquele momento ensolarado) teto de vidro emoldurando a vista dos cumes da Humantay e da Salkantay. Nos aguardava também uma mesa posta lindamente, em estilo peruano. Mais do que a decoração, toda a refeição foi típica. Para a entrada, guacamole (salada salgada de abacate levemente picante – uma delícia) e sopa quentinha! O momento não poderia ter sido mais feliz. Ficou espetacular mesmo quando percebemos que todo o cardápio seria repleto de vegetais, grãos e temperos naturais. Também estavam previstas opções para vegetarianos e pessoas com restrições alimentares o que pode ser considerado admirável quando se pensa nas condições da trilha e se sabe que os cozinheiros acompanham o grupo durante todo o caminho, preparando todas as refeições com exclusividade. Em nenhum dia o cardápio se repetiu, pelo contrário! As surpresas positivas eram constantes, a cada refeição. Café da manhã, almoço, janta e lanches sempre foram preparados com receitas originais e deliciosas. Nenhuma refeição foi igual a outra.

SUBIDA AO HUMANTAY LAKE

Após o nosso almoço, fomos conhecer o Sky Lodge em que dormiríamos naquela noite. O lugarzinho encantador gerava uma sensação de proteção, calor e conforto. Uma cama super legal seria a base para nossos sacos de dormir preparados para temperaturas de até – 3 Cº (o ideal indicado pela Salkantay Trekking é que o saco de dormir seja projetado para até – 5 Cº, entretanto, naquela noite, não passamos frio). A Salkantay Trekking também nos emprestou pequenos edredons para colocar sob e sobre nossos sacos de dormir. Nosso rápido descanso pós almoço não passou de 30 minutos. Era hora de subir o Humantay, para conhecer o lago secreto da montanha. O Humantay Lake fica a uma altitude de 4.200 metros, enquanto o pico nevado da montanha alcança os 5.950 metros. A base do nosso acampamento Sky Lodge estava a 3.920 metros. Começamos devagar e sempre, à medida em que a lenta absorção do oxigênio nos permitia. Esse momento foi um dos mais difíceis de toda a trilha. Nosso corpo sentia muito a falta de oxigênio que o intenso esforço dos músculos subindo a montanha requeria. Fiquei para trás. A todo o momento pensamentos de autoproteção e tentação de desistir me acometiam mas o guia estava lá incentivando. “Vamos devagar, no seu ritmo, você vai conseguir!”. Ele via o meu sofrimento mas em momento algum demonstrou falta de fé no meu potencial. Isso me motivou muito a prosseguir. Você não quer desapontar a pessoa que está apostando em você, não quer desapontar a si, mas acima de tudo, não quer deixar de testemunhar o que a natureza poderia reservar, muitos passos acima. Respirando muito fundo, com muita perseverança, persisti. Foi uma lenta e linda subida. Foi também assustador. As imensas paredes rochosas cobertas de gelo se agigantavam diante de mim. Atrás, as montanhas terrosas, já tornando-se douradas do sol de final de tarde (que parecia baixar no ritmo lento dos meus passos) também me assustavam. Éramos pequeninos pontos lutando para se mover em meio a toda aquela imensidão. À medida em que subíamos o frio se acentuava. Para isso estávamos orientados a levarmos agasalhos, para nos protegermos no cume da montanha. Quando finalmente achava que meu coração não iria mais aguentar, minhas últimas forças me conduziram, quase que em transe, até o topo da trilha. Quando me deparei com o que estava diante de mim não pude conter as lágrimas. À frente do imenso paredão de rochas escuras, coberto de mais branca neve, um lago pacífico de águas verdes e azuis repousava. A água completamente transparente deixava ver as pedras ao fundo. As lágrimas de emoção, prosseguiram - pareciam vir direto do coração acelerado, que lutava para jogar calor para todas as partes do corpo. Ali nesse rio, que os nativos consideram sagrado, é um lugar onde se praticam rituais de purificação, explicou o nosso guia. De acordo com ele as pessoas pegam pequenas pedras no início da subida da montanha e as carregam durante todo o penoso percurso. As pessoas entram no lago despidas (apesar da temperatura congelante da água) para purificar o corpo e a alma. Ao sair, repousam as pedras em pequenos montes memoriais, à beira do lago, para simbolizar o que estão deixando como sacrifício – maus pensamentos e comportamentos. O pedido, para o santuário da natureza, é de descer a montanha com o coração renovado e a alma purificada. Ali permanecemos contemplando a beleza e a pureza do lugar até que o frio nos permitiu. O anoitecer se aproximava. Era hora de voltar para nosso acampamento Sky Lodge. Ao dar adeus ao lago encantando (assim o batizei, pessoalmente) viramos as faces para as montanhas que, diante da luz do por do Sol, refletiam tons rosados, amarelos e laranjas. Um lindo espetáculo para encerrar nosso primeiro dia. A descida de uma montanha parece sempre mais fácil do que a subida (ao menos para mim), mas é preciso ter muita atenção e cuidado – um passo em falso pode por em risco diversas articulações ou até provocar uma queda. Portanto, lentamente fomos descendo, escutando as histórias do nosso guia, sobre a cultura inca. Chegamos ao acampamento já de noite. Ali, outra deliciosa refeição quente aguardava por nós. A cada findar de dia, tínhamos o momento “happy hour”, com pipoca, chá de coca e outros petiscos que nos mantinham entretidos enquanto aguardávamos pelo jantar. Era hora de trocar experiências e sensações sobre o dia com os colegas de grupo. Neste momento, o desafio era a comunicação. Palavras em inglês, espanhol e português para lá e para cá tentavam realizar a troca de ideias. O jantar maravilhoso nos aqueceu. Mal podíamos esperar pela nossa primeira noite de repouso em nossos fantásticos Sky Lodges. No céu, um espetáculo impressionante! Acho que nunca em nossa vida vimos tantas estrelas. Era praticamente prateado. Incrivelmente lindo. O cenário acalmou nossos corações e velou nosso sono. Aquecidos e satisfeitos em nossos sacos de dormir, fizemos questão de repousar cedo já que o segundo dia da trilha seria “o grande dia”! Dia de subir a Salkantay!

RUMO A SALKANTAY!

Fomos despertados pelo guia. Ele bateu a portinha do nosso Sky Lodge com copos de chá de coca quentinhos para oferecer. Que delícia! O milagroso chá oferecia ânimo e esperança de que neste dia nos sairíamos melhor na trilha. No segundo dia da Salkantay Trekking, para quem se sente muito cansado, existe a possibilidade de alugar cavalos para realizar a subida da montanha. Esta alternativa é muito importante porque possibilita que, em caso de algum imprevisto como pequena lesão física, gripe, febre, ou até indisposição, a pessoa não precise abandonar a aventura por completo. Em nosso grupo, todos optaram por prosseguir caminhando. Os primeiros passos foram tranquilos, ainda na sombra, sorvendo o ar frio da manhã. Após me afastar poucos metros do acampamento já sentia saudades do céu deslumbrante da noite passada. Antes mesmo de sair eu enchi a boca de folhas de coca. Tudo que eu não queria era passar mal no precioso dia em que conheceríamos o cume da Salkantay. Fui com passos pequenos, respirando muito fundo, até o pulmão encher bem de ar (a gente vai aprendendo a se comportar nas alturas). Nosso grupo foi muito bem até a primeira parada. Já vinha nascendo o Sol. Na verdade ele já tinha nascido porém, por estarmos entre as montanhas, a sua luz ainda não nos alcançava. Paramos num plano, de onde podíamos avistar o cume da Salkantay. Para lá íamos. A parada foi estratégica para retomar o fôlego pois, dali por diante, o caminho seria praticamente todo de subida. Ainda pela trilha em terra batida, a maior dificuldade não era o caminho, ou a inclinação. O desafio permanecia na obtenção do máximo de oxigênio possível. Seguimos até Salkantay Pampa, a 4.150 metros de altitude. Ali paramos para tomar água e fazer nosso primeiro lanche do dia. Também nos alcançaram os primeiros raios do Sol da manhã. Eram apenas 9 horas e já tínhamos passado pelo menos duas horas do nosso dia caminhando (é incrível o que o seu corpo é capaz de fazer). Retomamos a caminhada, já com menos frio, pois agora tínhamos o Sol sobre nós. Paramos novamente em SoiroQocha a 4.480 metros. Parada rápida, adiante! A partir dali a coisa começou a ficar mais complicada. O caminho cada vez mais pedregoso e íngreme, exigindo muito mais energia e fôlego, que eu, no caso, não tinha. Fiquei mais para trás ainda. Segundo dia como a última da fila. Isso realmente testa sua humildade, quando se está acostumado a sair correndo na frente de todo mundo. Foi necessária muita, muita determinação para a etapa final da subida da Salkantay. Aqui já estamos falando de, praticamente, escalar rochas mesmo! Não vou mentir. Foi muito difícil. Tive vontade de chorar. Tive várias vozinhas na minha mente falando “você não vai conseguir, não vês que estás no limite?”. Mas tinha uma voz mais alta, do nosso guia Ricardo, afirmando o tempo todo “muito bem!”. “Venha no seu ritmo. Você já vai chegar”. Então se ele acreditava, quem era eu para duvidar? Ri comigo mesma.

O CUME

Quando finalmente achei que já não podia mais. Lá estava ele. O cume. Que alegria! Que emoção! Linda a vista. Linda a montanha. Linda a superação. Meses e meses planejando este momento. É uma sensação muito boa, essa da conquista. Conquista física, conquista emocional, mas, mais que tudo, conquista espiritual. Para muitos pode parecer besteira, afinal, para que passar tanto tempo simplesmente andando no “meio do nada”? Pois ai é que se enganam. Quando você está na natureza, você está no meio de tudo. Sim “do Tudo”. E não apenas isso, você sente, de verdade, que está integrado com esse Tudo. No final, a cada inspiração eu sentia emanar uma energia da montanha que parecia entrar pelas narinas e seguir para meus pulmões. Parecia que a Salkantay queria “me dar a mão” e me ajudar a subir. Você começa a ter carinho por ela. Pela montanha, pelo lugar, pela luz, pelo céu, pelo ar, pelo seu corpo que transporta seu espírito para essas conexões. Você sente-se mais animal e, por isso mesmo, se apega mais ao que de humano tem. À parte de todos esses pensamentos místicos, fazia muito, muito frio lá em cima! Ventava forte e foi um desafio fazer fotos legais, mas conseguimos. Para nossa grata surpresa nosso Sous Chef nos aguardava com um chá quentinho de coca e maravilhosos sanduíches de presunto e queijo. Como eles conseguiram estar lá, naquele horário, com aquilo pronto? Não me pergunte! Comi desesperada e bebi o chá de coca (praticamente já um vício para nós). Chorei algumas lágrimas de alegria, fotos para registrar a conquista, e já tínhamos que descer. Eu sabia que estava atrasando um pouco o grupo, mas tudo bem. A cobrança era só minha. Ninguém falou nada ou reclamou, nem o guia, nem nenhum colega. Foram todos muito compreensivos com meu sofrimento. “You did it!”, a norte-americana Sarah Easton dizia, toda a vez que eu chegava por último a um ponto de descanso. Hora de descer a Salkantay. Por mim teríamos armado nossas barracas bem ali e ficado uma semana. Quem dera fosse possível. Precisávamos concluir a aventura e chegar a Macchu Picchu. Começamos a descer. O aviso foi solene – tínhamos pelo menos mais duas horas de descida – e chegaríamos atrasados para o almoço. Nada mais me preocupava – depois de tanto sofrimento subindo dois dias a fio, eu poderia descer um dia inteiro, pulando de alegria. E assim foi. Animada com o cessar do sofrimento, comecei a me adiantar. Já não ficava tão aquém ao ritmo do grupo.  A decida começou deslumbrante. Para trás a Salkantay. Mais além, à frente, avistávamos outros picos nevados. Mais próximo que estes, tínhamos montanhas verdes, encobertas por neblina. Um rio no fundo do vale, e nossa trilha de chão batido e pedras, costeando a cadeia de montanhas à esquerda. Por ai iríamos, por um longo tempo naquele dia. À medida em que descíamos, o ambiente nos parecia mais familiar pois, gaúchos, da Serra, estamos acostumados a “morro e mato”. E eu me sentia cada vez melhor, mais saltitante e super disposta às “conversas de trilha” (até então tinha acompanhado o grupo muito em silêncio, bastante focada em sobreviver à falta de ar). Níveis de alegria também pareceram subir. De qualquer forma, não foi exatamente fácil, pois foi uma longa, longa caminhada, passando por Wayracmachay a 3.912 metros de altitude e Rayanniyoc a 3.350 metros de altitude. Ali fomos recebidos pela equipe da Salkantay Trekking que nos aguardava com o almoço pronto. Que alegria, comer! A comida sempre abundante, muita variedade de vegetais, raízes e saladas. Eu sempre ficava feliz com a refeição. Comemos e tivemos o luxo de uma pausa de mais ou menos 20 minutos. Foi então que nosso guia alertou – ‘vamos pois, se não, vamos chegar de noite’. Sentindo-me bem melhor, mais adaptada à altitude (cerca de 3 mil metros) resolvi acelerar o passo. Durante toda aquela tarde, “ladeira abaixo” como costumamos dizer por aqui, fomos os primeiros. A trilha sinuosa, na encosta da montanha, o rio correndo lá embaixo e muita vegetação tropical nos fez sentir em casa. Fui admirando a flora, realmente surpreendente. Flores e plantas diferentes das que estamos acostumados, especialmente muitos tipos parecidos ao que aqui chamamos de “brincos de princesa”.  Caminhamos a tarde toda, até o entardecer, que começa cedo nesta época do ano no Peru – por volta das 18h é escuro. Ligamos nossas lanternas (como tínhamos sido bem orientados pela Salkantay Trekking a levá-las, todos tinham a sua). Nesta pouca luz prosseguimos, com o passo cada vez mais rápido. Quando finalmente chegando ao pé do morro, avistamos luz elétrica. Foi com alívio que alcançamos o acampamento. As barracas já estavam armadas e preparadas para nós. Em poucos minutos, a janta também estaria pronta. Mais uma vez provaríamos toda aquela diversidade de pratos peruanos maravilhosos que nos alentariam o cansaço, e nos reporiam as forças para mais um longo dia de caminhada. Após o jantar, momento em que as conversas em inglês e espanhol se mostravam sempre um desafio agradável de vencer, veio o descanso. Sem banho mesmo! Só exaustão e sono. Dormirmos embalados ao som de uma grande cachoeira. A água caia com força (parecendo muito mais próxima de nós do que realmente era, por conta da projeção do som entre as paredes das montanhas). O som das águas ‘embalou’ nosso repouso. 

ÁGUAS

Assim que a luz do Sol chegou, na manhã seguinte, despertamos. O ruído da cachoeira seguia intenso e com ele nos acordamos – 4h30min da manhã, chá de coca. Arrumamo-nos rapidamente. Café da Manhã reconfortante. Algumas instruções do guia e via! Neste dia retomamos a caminhada por volta das 6h, saindo do acampamento em Chaullay (2.900 metros) e contornando nosso caminho pelas trilhas de terra na encosta das montanhas. Prosseguíamos descendo para 2.850 metros, em Collpapampa. Nosso trajeto neste dia foi de costear o rio, passando por entre a floresta tropical com todas as suas belezas. A temperatura estava mais agradável (menos frio) portanto já podíamos andar de camiseta leve novamente, o que facilitava o desempenho. Descemos, ainda pela manhã, até o rio. Passamos sobre ele, por uma pequena ponte. Foi possível parar um pouco e contemplar a água, as pedras e a areia, ali em sua base. Retomando a subida, nosso guia, que volta e meia parava para nos falar de alguma espécie de planta exótica, nos assinalou – o caminho era ladeado por morangos. Isso foi uma das coisas mais lindas que vi em toda a viagem: um caminho inteiro de morangos crescendo espontaneamente. Eram morangos muito pequenos (menores do que uma amora) mas, ao prová-los, quanto sabor! Orgânicos, cheios de gosto da fruta mesmo. Resultado: fiquei para trás novamente, colhendo e comendo muitos e muitos morangos. Nesta trilha pouco a pouco o caminho foi se mostrando sinuoso novamente. Começamos a subir a encosta – pelo lado oposto do rio. A trilha estreita, bem na beira do penhasco tornava o caminho – poderíamos dizer – perigoso. Com muita atenção, o grupo seguia em fila indiana. Neste caminho passamos por montes de alumínio. As paredes prateadas do metal pareciam escorrer ao precipício. Super bonito mas também sentimos aquele frio na barriga! Paramos em um ponto de descanso no caminho. Ali, numa pequena banca, uma moça vendia frutas, lanches e bebidas. Foi então que nosso guia nos falou sobre o abacate e suas diferentes espécies. O Peru produz muito abacate para exportação e, de outra espécie, para consumo interno. Nos chamou atenção também nesta viagem, que o Peru tem frutas gigantes, como mamões enormes. Os milhos, conhecidos como ‘choclos’, também são impressionantemente grandes. No caminho também paramos em outro ponto, onde pudemos observar as árvores de café. O Peru também é um grande exportador de café da América do Sul para o mundo, juntamente com Brasil e Colômbia. Ali, conhecemos melhor a fruta do café (alguns, como eu, nunca a tinham visto in natura) bem como a sua semente, ainda verde. Coloquei uma frutinha de café na boca para sentir o gosto, normal, de frutinha de bosque. Nossos conhecimentos sobre café também foram ampliados quando paramos para o almoço, em outro ponto de apoio do trajeto. Ali, fomos levados a uma plantação um pouco maior do que a que nos fora mostrada no meio do caminho, onde pudemos contemplar várias espécies diferentes de café (pelo menos três). Em seguida, também nos foi apresentada (pelos produtores locais) uma demonstração de como o café é descascado (para separar semente e polpa), tostado, novamente moído (virando pó) e passado. Pudemos provar o café puro, orgânico. Um perfume marcante, um sabor delicioso. Nosso almoço, como sempre, foi um espetáculo. Neste dia provamos o famoso ceviche, prato típico do Peru. A partir deste ponto, seguimos de carona (na van alugada pela Salkantay Trekking) até nosso ponto de acampamento, localizado em Lucmabamba (2.000 metros de altitute). A atividade do restante do dia era opcional – ir a um parque de piscinas termais. Depois de dois dias e meio caminhando, o corpo praticamente moído, quem não iria querer? Apenas deixamos nossas coisas no acampamento e embarcamos para descansar os músculos em piscinas naturais de água quente. O caminho na van, uma aventura à parte. Ali, entre montanhas gigantescas, pode-se imaginar as curvas que o caminho nos apresentou. A via toda de cascalho gerava muito pó e adrenalina. Ao chegarmos nas piscinas, a merecida recompensa. O local, com estrutura, sem deixar de ser rústico (o interior das piscinas era de pedra mesmo, sem lajotas, por exemplo) parecia um paraíso naquele momento. Indescritível o prazer de mergulhar o corpo em águas quentes depois de massacrar nossas pernas em subidas e descidas por tantas trilhas. Curtimos até o limite do horário e voltamos para nosso acampamento. Janta – fenomenal – e sono. Porém, neste dia, antes de dormir, foi preciso estourar algumas bolhas. Os pés começavam a reclamar a intensidade do esforço a que os estávamos submetendo. No próximo dia subiríamos até Llactapata, de onde poderíamos avistar, por fim Macchu Picchu.

ARARAS

Mais uma dia em que se acordou às 4 da manhã. Nosso relógio biológico já tinha se adaptado a despertar na madrugada. Chá de Coca. Arrumar tudo rapidamente ainda no escuro. Café da manhã – farto de frutas e delícias. Tudo arrumado. Antes de partir, neste dia, prestamos uma singela homenagem à dupla de cozinheiros que nos acompanhara até então – aquele café da manhã seria nosso último banquete em meio à natureza – ainda naquela noite, se tudo desse certo – estaríamos em Águas Calientes, cidade base para quem vai a Macchu Picchu. Ali já teríamos diversos restaurantes à disposição. Agradecemos por tudo que nos fora servido – sempre mais do que esperávamos – e pelo carinho e dedicação que pudemos sentir em todo o seu trabalho. Eles também nos agradeceram, por visitar seu país, desejando que levássemos lindas recordações do Peru. Começamos nossa subida. Naquela manhã o objetivo seria subir quase um quilômetro montanha acima, até Llactapata (2.700 metros) para encontrarmos o belvedere de onde poderíamos avistar Macchu Picchu. A subida em meio à floresta foi uma das mais bonitas até então. Observamos muitos e muitos tipos de flores e plantas no caminho. O ar de altitude mais baixa já enchia mais plenamente os pulmões; ar puro da floresta. Neste dia, fui a primeira do grupo. Eu me sentia bem, subindo com muita energia e disposição a trilha, sempre acima. Passamos por uma nascente... água gelada na nuca! Uma das cenas mais lindas deste dia, para mim, foi poder contemplar e ouvir os bandos de araras que cantavam com energia no interior da floresta. De vez em quando o espetáculo – voavam pelos ares em grandes grupos. Sabendo da raridade daquela cena (acostumada a vê-las apenas em zoológicos ou domesticadas), chorei. Nunca tinha visto até então, um bando tão enorme desta espécie (umas 40 aves), livres na natureza. Foi incrivelmente lindo e comovente. Prosseguimos até um ponto de descanso onde se vendia suco de laranja e alguns lanches. Dali a cena era deslumbrante – uma cadeia de montanhas por onde incidiam os raios de Sol da manhã. Ainda tínhamos um pequeno trecho até chegarmos no ponto do mirador inca. A subida pela floresta ficava cada vez menos íngreme, assinalando que logo alcançaríamos nosso ponto de descanso e contemplação. Llactapata guarda ruínas incas (um estudo de meados de 2003 do site conduzido por Thomson e Ziegler concluiu que a localização de Llaqtapata ao longo da trilha Inca sugeriu que o local teria sido uma importante parada de descanso e um santuário na estrada para Machu Picchu). Realmente, a vista era plenamente ampla. Entre a cadeia de montanhas podia-se ver a cidade mais preciosa dos incas (até hoje o maior grupo de ruínas já encontrado). Deste ponto avistávamos também (e pela última vez na trilha) o pico nevado da Salkantay à nossa esquerda e várias outras montanhas, com Macchu Picchu ao centro. Nosso guia reuniu o grupo no interior das paredes incas ainda preservadas e nos explicou sobre o ritual de “Pago à Terra”. Ajoelhados, com folhas de coca na mão, os incas prestavam graças à natureza, ao Sol, à terra, à água, e aos demais elementos, pela vida, pela energia, pelo alimento e tudo mais. Ele representou o ritual para nosso grupo, pronunciou suas orações em baixa voz. Em silêncio contemplamos. Este foi outro momento bastante emocionante da trilha. Depois de nosso descanso, contemplação e reflexão sobre a cultura indígena, prosseguimos. A partir de agora desceríamos a montanha em direção a Hidroeléctrica. Já comentamos como a descida pode ser também incrivelmente difícil. Neste dia foi. Extremamente íngreme, o percurso foi um desafio. Prosseguimos, novamente no fim da fila, com calma para não ferir joelhos, e com tempo suficiente para fazer nossas fotos e gravações. A paisagem durante a descida foi magnífica. Ao chegar em nível plano, passamos por uma ponte de madeira para cruzar o rio (que balançava o suficiente para me dar medo) e prosseguimos em caminho de cascalho. Que alívio! Depois de duas horas subindo, mais duas horas descendo, caminhar em linha reta parecia até descanso. Chegamos na Hidroeléctrica por volta das 14h (estávamos caminhando desde as 6h da manhã). Ali almoçamos e descansamos um pouco. Nos restavam ainda, naquele dia, cerca de 3 horas de caminhada pelos trilhos do trem que leva a Águas Calientes. O último esforço, já mais tranquilo, por ser plano o caminho. Rodeados de montanhas, seguíamos pelas margens do rio. Neste momento nossa expectativa a respeito de Macchu Picchu crescia a cada passo. Estávamos cada vez mais próximos de finalizar nosso desafio e, finalmente conhecer o tão famoso lugar. Chegamos em Águas Calientes por volta das 17h30min (praticamente 10 horas de caminhada, incluindo as pausas para descanso e almoço), exaustos. Nossas bagagens chegaram com o trem. Ali, nos esperava um quarto de hotel, reservado para nós pela agência. Saímos para jantar na cidade, quando também nos foram dadas orientações sobre o próximo dia, o “Dia de Macchu Picchu” – teríamos que acordar às 3h. Após este jantar, foi nosso momento de trocar contatos e nos despedirmos do nosso guia – que nos encontraria na manhã seguinte, lá em Macchu Picchu (ele iria de ônibus), enquanto nós enfrentaríamos a subida, de cerca de uma hora por degraus de pedra, para encontrar a cidade inca.

MACCHU PICCHU

Três horas da madrugada. Hora de acordar. O grupo reuniu-se no saguão do hotel. Recebemos nosso lanche de café da manhã (a agência tinha preparado). Seguimos juntos até o ponto de entrada da trilha de Macchu Picchu. Pelo caminho escuro avistávamos outras lanternas. Já havia fila no local. Antes de passar pela ponte que cruza o rio e começar a trilha é preciso mostrar o passaporte a um guarda. Passamos. A trilha de subida para Macchu Picchu é íngreme, com degraus de pedra em meio à vegetação. Nada fácil. Cansados, (esse era nosso quinto dia de caminhada), perseveramos até o final. Muitas pausas no caminho – muitas pessoas subindo. Ao chegar, o alívio! Tínhamos partido dos 2.050 metros em Águas Calientes e chegado aos 2.430 metros em Macchu Picchu. Elevação de quase meio quilômetro, em uma hora, mas tínhamos conseguido. Encontramos nosso grupo – o guia já aguardava por nós - e entramos juntos no parque das ruínas, preservado e protegido pela UNESCO. Naquela manhã uma densa neblina cobria as ruínas incas – seria assim o dia inteiro? Sentamos para descansar e escutar a explicação do nosso guia. Era por volta das 7h, quando o Sol despontou sobre a montanha. Era dia 20 de junho (um dia antes do Solstício de Inverno, dia mias curto do ano, quando o primeiro raio de Sol da manhã incide perfeitamente na janela do Templo do Sol inca, construído na cidade de Macchu Picchu). Logo após o surgimento do Sol, um vento que vinha do penhasco começou a descortinar a cidade. Passarinhos cantavam, dando seus rasantes muito perto de nós. Contemplar a neblina se dissipar descortinando as ruínas logo abaixo foi um grande espetáculo, admirado em silêncio e respeito. Nada do que você possa ver na internet, nada do que lhe contarem, nenhum filme, se compara à sensação de estar ali. Você começa a imaginar como seria morar neste lugar, que mais parece um altar sagrado naquela montanha central, rodeada de outros montes gigantes ao seu redor. Lindo, indescritível, forte, assombroso. Nosso guia nos levou pela cidade e ali pudemos conhecer, em meio às muito bem conservadas ruínas, o que os incas tinham planejado para este lugar. Seus três templos testemunham o quanto eram dedicados à espiritualidade. A casa do inca, as ladeiras de cultivo, todas preparadas com contenções de pedra. Impressionante como estas contenções seguem até os pontos mais baixos da montanha. Os jardins, o relógio solar, os depósitos para armazenar grãos, locais para estudo, a cidade toda organizada. Há várias teorias sobre quem morou ali, e sobre como a cidade “morreu”, mas certeza mesmo apenas uma: o contexto todo do lugar, sua localização, a perfeição de suas edificações, tudo provoca um sentimento avassalador de deslumbramento. Admiração profunda e respeito. Não subimos a outra montanha Macchu Picchu nem Wayna Picchu (de onde é possível ter uma visão panorâmica da cidade). Preferimos gastar tempo desbravando os recantos das ruinas incas. Estávamos felizes. Tínhamos conseguido concluir a famosa trilha Salkantay terminando nosso desafio num dos pontos culturais e turísticos mais preciosos do mundo. A experiência foi sim, de muito desafio físico (para o qual é importante preparar-se) mas principalmente, de desafio espiritual. Tanto tempo caminhando, é uma oportunidade incrível para reconectar-se com os próprios pensamentos, para por em ordem a nossa ‘casa interior’. Se recomendamos? Muito mais que isso! Quem tiver oportunidade, que o faça! Certamente, passar pela Salkantay representa um marco na vida de quem tem a coragem de conquistá-la. Concluímos nosso relato, muito mais narrativo que técnico (todas as informações sobre a trilha podem ser encontradas em www.salkantaytrekking.com) com uma última palavra. Gratidão.

BRIEFING

A reunião do grupo que percorreria a Salkantay foi realizada na noite anterior ao início da aventura (15 de julho). No escritório da Salkantay Trekking, localizado no centro de Cusco (Peru), reunimo-nos com nossos colegas da aventura - uma família de australianos (Dave, Janet e Nathan Waisen Kruse - pai, mãe e filho), um alemão (Andreas Lessfeller), pai e filha norteamericanos (Greg e Megan Volger) e uma jovem também dos Estados Unidos (Sarah Easton), além de nós, dois brasileiros. Os idiomas oficiais da viagem seriam o inglês e o espanhol. Entretanto, em muitos momentos, nosso guia, Ricardo Beizaga Tejada, também nos forneceria muitas informações em português, o que foi excelente. Além da incrível experiência de realizar a trilha Salkantay, a aventura oportunizou integração, troca de experiências com pessoas de outras culturas, e a prática do inglês. 

Texto e Fotos | Caroline Pierosan e Tainã Dossiatti