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03/07/2020

Nosso Universo Está Maior

“Internacionalizar significa abrir-se ao cenário global, buscando participar de novos mercados, ampliando horizontes e colocando o mundo como seu novo limite”

"A Serra Gaúcha é um importante polo de produção de metalurgia, mecânica e material elétrico, além de ser grande referência em diversos outros segmentos produtivos, que têm oportunidades no mercado externo" (Milena Zucchetti) Foto: Josué Ferreira "Ser uma empresa internacionalizada é um processo muito maior do que comercializar produtos com o mercado externo! Refere-se a estar aberto a trocas, seja por meio da exportação, franchising, joint ventures, investimentos diretos e outros" (Milena Zucchetti) Foto: Josué Ferreira "Internacionalizar é entender fortemente que seu mercado é global e não mais local"  (Milena Zucchetti) Foto: Josué Ferreira "Tornar concreta a primeira operação internacional para muitos dos nossos clientes, é extremante recompensador" (Milena Zucchetti) Foto: Josué Ferreira "Oportunizar o compartilhamento de minhas competências com muitas empresas é a melhor forma de gerar prosperidade"  (Milena Zucchetti) Foto: Josué Ferreira

O que significa ser uma empresa internacionalizada? “É um processo muito maior do que comercializar produtos com o mercado externo”, destaca Milena Zucchetti que dedica-se a ajudar empresários e executivos a internacionalizar e fazer negócios no Brasil e no exterior. “Internacionalizar significa abrir-se ao cenário global, buscando participar de novos mercados, ampliando horizontes e colocando o mundo como seu novo limite. É estar aberto a trocas, além da exportação, por meio de franchising, joint ventures, investimentos diretos e outros”, complementa a empresária que possui 23 anos de atuação com grande experiência no segmento metalúrgico e internacional.

Milena já atuou com planejamento estratégico, gestão e desenvolvimento de equipes, gestão de operação e gestão de negócios internacionais. Possui experiências de negócios nos mais diversos países como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Itália, Holanda, México, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Panamá, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai. “Internacionalizar é compreender, fortemente, que seu mercado é global e não mais local” frisa Milena, que já participou de cerca de 200 projetos de internacionalização e já trabalhou com mais de 10 bilhões em contratos.

“Temos exemplos na Serra Gaúcha de empesas internacionalizadas (a grande maioria de grande porte, algumas já multinacionais) porém temos um grande desafio que é inserir as empresas médias e pequenas neste processo. “Muitos empresários e empresas estão imersos no cenário nacional, não conseguindo observar tais oportunidades e, tampouco, reconhecer suas potencialidades”, desafia. Em sua entrevista para a NOI Milena explica sua visão de um mundo repleto de grandes oportunidades de negócios.

 

Caroline Pierosan: Você avalia que na Serra Gaúcha há muitas empresas com potencial para internacionalização?

Inúmeras! As potencialidades são grandes para muitas empresas. Na mesma proporção vejo desafios para muitas que ainda precisam ser preparadas. Acreditar no seu produto e ter clareza dos seus diferenciais competitivos são os primeiros passos para impulsionar a empresa a escolher uma estratégia de participação internacional. Atualmente temos em torno de 375 empresas que configuram no cadastro de exportadoras no banco de dados do MDIC dentre as 65 mil empresas existentes em Caxias do Sul, as demais se quer tiveram alguma experiência de venda de produtos no mercado externo.

Por que tão poucas empresas da Serra Gaúcha são internacionalizadas?

Ainda observo bastante receio pela atuação internacional por ela ser reconhecida como um processo complexo. O receio nasce também de experiências muitas vezes malsucedidas no passado. Realmente no Brasil é real o fato da complexidade logística, da burocracia documental, da legislação tributária, porém tudo que desconhecemos gera incerteza. Somente um plano de internacionalização bem estruturado pode, além de minimizar todos estes receios, gerar resultados concretos de expansão e crescimento.

Você acredita que a percepção do meio empresarial da Serra Gaúcha em relação às oportunidades do mercado internacional é limitada?

O mundo está repleto de grandes oportunidades de negócios, e muitos empresários e empresas estão imersos no cenário nacional, não conseguindo observar tais oportunidades e, tampouco, reconhecer suas potencialidades. O fato de o Brasil ser um grande mercado mundial, faz com que muitas empresas escolham focar suas estratégias de atuação no país. A Serra Gaúcha é um importante polo de produção de metalurgia, mecânica e material elétrico, além de ser grande referência em diversos outros segmentos produtivos, que têm oportunidades no mercado externo.

Quando afirmamos que uma empresa é “internacionalizada”, o que isso quer dizer, de fato?

Significa que ela é aberta ao cenário global, buscando participar de novos mercados, ampliando horizontes e colocando o mundo como seu novo limite. É um processo muito maior que comercializar produtos com o mercado externo! Refere-se a estar aberto a trocas, seja por meio da exportação, franchising, joint ventures, investimentos diretos e outros. É entender fortemente que seu mercado é global e não mais local. Temos exemplos na Serra Gaúcha de empesas internacionalizadas, a grande maioria de grande porte como Randon, Marcolopo, Madal Palfinger, Tramontina, Fras-le e outra, algumas já multinacionais, porém temos um grande desafio que é inserir as empresas médias e pequenas neste processo.

Como os pequenos e médios podem iniciar a “jornada da internacionalização”?

Entendo que existem três etapas fundamentais para este processo: análise, estratégia e desenvolvimento. Na análise realiza-se um diagnóstico da empresa para entender seus objetivos de curto, médio e longo prazo, além de pesquisas de mercado alvo. Na estratégia define-se o mercado alvo, diferenciais competitivos e posicionamento de mercado, e no desenvolvimento elabora-se um plano com ações concretas em busca do  resultado planejado, com percepção para o redirecionamento da estratégia se necessário.

O que uma empresa precisa saber se pretende começar a importar?

Precisa fazer um bom planejamento para definições dos produtos, nível de competitividade, e simulações de custos. Para realizar a importação sem inconvenientes, é preciso seguir uma série de etapas que passam pela legalização de diversos documentos que agilizam o processo de liberação. É preciso prestar atenção às boas práticas como os conhecimentos mais detalhados dos fornecedores e a correta precificação do produto, que são aspectos cruciais na hora de decidir por importar. A escolha de fornecedores internacionais qualificados com o alinhamento de expectativa entre as partes é o grande desafio para que as relações de negócios sejam saudáveis e de longo prazo. A análise de credibilidade, capacidade produtiva, capacidade técnica e de logística para atender as demandas são etapas importantes a serem consideradas neste processo de validação.

Qual o principal desafio para quem gostaria de exportar seus produtos ou serviços?

Entender claramente seus diferenciais competitivos a serem trabalhados no mercado-alvo e saber qual serão suas estratégias de posicionamento.

Como empresas locais podem facilitar que empresas estrangeiras encontrem parceiros, investimentos e oportunidades de negócios na Serra Gaúcha?

Abrindo-se mais para atuação em conjunto com formação de grupos exportadores, buscando estratégia para escalar seus negócios por meio de parcerias e investidores internacionais, e, acima de tudo, preparando-se para receber investimentos do exterior.

Você possui muitos anos de experiências de negócios nos mais diversos países. Nesse tempo todo, qual país mais te marcou e por quê?

Sem dúvida a China, por toda a ousadia chinesa nas estratégias de internacionalização. As empresas lá já iniciam sua operação com total clareza de suas estratégias de participação no mercado externo.

Por que você abriu mão de uma sólida carreira numa empresa tradicional da região para auxiliar outros grupos a expandirem sua participação no mercado internacional?

A busca pelo seu propósito é o dilema de todos os profissionais ao longo de suas carreiras. Quando eu consegui identificar o meu “Eu Milena Zucchetti, quero engajar pessoas em prol de desenvolver relações autônomas e sustentáveis por meio de visão estratégica que gere um mundo mais próspero” ficou claro para mim que oportunizar o compartilhamento de minhas competências com muitas empresas seria a melhor forma de gerar prosperidade.

Qual foi a tua experiência mais gratificante, até então, desenvolvendo a Growover?

O meu projeto existe para ajudar empresas no processo de internacionalização por meio de ferramentas estratégicas que geram oportunidades e um mundo mais próspero. Receber o testemunho de um empresário que destaca a importância do trabalho da Growover na elaboração do plano estratégico de internacionalização, além de poder tornar concreta a primeira operação internacional para muitos dos nossos clientes, é extremante recompensador.

 

Trajetória
Milena Zucchetti possui 23 anos de experiência em negócios atuando como gestora, com planejamento estratégico, gestão e desenvolvimento de equipes, gestão de operação e de negócios internacionais. Milena vivenciou, ao longo de sua carreira, inúmeras experiências de negócios nos mais diversos países, com constituição de estratégias e planos de internacionalização.  A profissional atuou na Sumig Soluções para Solda e Corte, numa belíssima jornada profissional, ingressando como Secretária Executiva em 1997, e progredindo a gerente de negócios internacionais, gerente geral de divisão e equipamentos, até diretora de operações, cargo que ocupou até 2019. Com vasta bagagem em gestão, planejamento e direcionamento de empresas e das equipes para otimização de suas operações e ampliação de suas atuações no mercado exterior, tem sua formação embasada nas primícias das tratativas internacionais. É graduada em Direito, com MBA em Negócios Internacionais pela Fundação Getúlio Vargas. Participou do MBA Corporate Restructuring, Mergers and Aquisitions na Universidade de Harvard U.S.A e, recentemente, concluiu outro MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, além da formação Gestão Contemporânea pela Nortus. É fluente em língua inglêsa, espanhola e italiana. 

 

ENTREVISTA I CAROLINE PIEROSAN - FOTOS I JOSUÉ FERREIRA