Temas como a velocidade da recuperação econômica no Brasil e os setores que mais serão beneficiados geram debate
O Brasil parece finalmente ter encontrado o caminho da retomada econômica. Depois de anos consecutivos de retração, o Produto Interno Bruto (PIB) voltou a crescer em 2018. Porém segundo relatório divulgado no dia 07/01/19 pela agência Focus, os analistas reduziram a previsão de crescimento para 2019 e também estimam um crescimento menor na taxa básica de juros neste ano. A dúvida de quanto teremos de inflação, taxa de juros e o que esperar de 2019 na economia persistem ao começarmos o ano. Ao se tratar de Economia, é natural encontrarmos opiniões divergentes. Por mais que existam ferramentas para previsibilidade, acontecimentos inesperados podem mudar o rumo do que era projetado, abalando (em curto prazo) as expectativas. Hoje há praticamente um consenso entre os profissionais da área de que o pior já passou em comparação à recessão vivida nos últimos anos. Entretanto, temas como a velocidade da recuperação e os setores que mais serão beneficiados ainda geram debate. A seguir, profissionais que convivem com as opiniões econômicas da Safe Investimentos respondem alguns dos mais comuns e frequentes questionamentos sobre esse tema.
As aplicações conservadoras terão melhor rentabilidade em 2019? Por quê?
AM: Acredito que o crédito voltará junto com a confiança do consumidor e isso ajudará na retomada do crescimento das empresas, o que beneficiará mais a renda variável.
KF: Não. Ainda está na memória os 1% ao mês na renda fixa (embora isso já seja passado), mas o cenário converge mais à estabilização no patamar atual (0,5%), pois o exterior está menos desfavorável e a inflação, controlada.
FS: Acredito que não, visto que a atividade econômica ainda em recuperação não vai permitir ao Banco Central elevar de forma abrupta a Selic. Existe capacidade ociosa nas empresas, o que de certa forma vai segurar uma alta no IPCA, reduzindo a pressão de elevar a taxa de juros.
DG: Acredito que a taxa de juros ainda vai se manter neste viés por mais um tempo. Estamos no início de um novo governo. É provável que somente mais próximo do final do ano ela se eleve.
GV: Com o novo governo e sua filosofia inclinada ao liberalismo, acredito que a economia será aquecida e o consumo aumente. Consequentemente, a inflação, bem como a taxa de juros, também deve acompanhar essa alta. Podemos esquecer os patamares de 2016.
O que pode fazer a bolsa subir neste ano?
AM: A reforma da previdência acontecendo de forma eficiente (e não superficial) além da manutenção da composição ministerial do novo governo pode provocar uma maior confiança no investidor externo.
KF: Uma das razões fundamentais e óbvias de valorização das ações é o lucro das empresas, que terão um ambiente mais favorável. Por isso, além das reformas, os balanços podem surpreender.
FS: A reforma da previdência segue o principal “driver” da alta. Eventuais reformas tributárias, incentivos fiscais e o destravamento do crédito por parte dos bancos afetará o mercado positivamente, beneficiando ações voltadas para o consumo interno.
DG: Mesmo com o cenário externo de muitas incertezas, estou confiante na alta da bolsa, pois temos reformas a serem aprovadas ainda neste início de governo. A Safra de grãos deverá ser maior ainda do que no ano passado e isso pode gerar confiança no investidor.
GV: Tenho grandes expectativas com o novo governo, principalmente com as reformas da previdência, tributária e trabalhista. Essas mudanças ajudarão as empresas e farão a bolsa alcançar bons índices. A nova gestão do país precisa ser ágil e eficaz para manter a credibilidade.
Em que você investiria?
AM: Em previdência privada por pensar no longo prazo; em ações por acreditar na retomada da economia e, também, em fundos imobiliários por terem perdido bastante valor patrimonial.
KF: Pessoalmente aumentaria a posição em bolsa ao longo de 2019, mas de maneira gradual, observando se as reformas estão sendo encaminhadas.
FS: No caso de uma carteira mais agressiva, investiria em ações expostas ao consumo interno, pelo potencial de crescimento e estatais que estão extremamente descontadas ao longo dos anos.
DG: Uma carteira mais moderada, um pouco em bolsa para aproveitar o cenário otimista, fundos de Infraestrutura Incentivados que contam com a isenção de IR, COEs atrelados ao mercado global e um pouco em renda fixa.
GV: No primeiro momento, em oportunidades atreladas à inflação e fundos de renda fixa com boa liquidez. Se o governo provar ser produtivo, aprovando reformas e fazendo boa gestão, compraria ações e fundos multimercado.
Você compraria/investiria em BITCOINS? E em DÓLAR?
AM: Dólar é sempre dólar e em qualquer lugar do mundo. Acredito na moeda virtual ou criptomoedas no longo prazo...não necessariamente em bitcoins, a não ser para especular.
KF: O blockchain é a principal revolução do mundo desde a internet. Por isso, investiria em criptomoedas com tranquilidade (via plataformas confiáveis), inclusive Bitcoin, ainda líder. Já dólar, uma pequena posição é uma proteção aceitável, porém não como aposta de 2019.
FS: Pensando em longo prazo, investiria um pequeno valor em Bitcoins, pela disrupção que representa. Em dólar acredito em estabilidade na faixa de R$ 3,50, não sendo atrativo no médio prazo, visto que podemos ter uma entrada expressiva de capital no Brasil, que faria cair mais a cotação.
DG: Em criptomoedas não investiria ainda, pois é um mercado que não está regulamentado. Já em dólar, com certeza, pois muitas coisas que consumimos estão ligadas diretamente ao dólar.
GV: Alocaria uma pequena parcela em bitcoins, pois a moeda virtual ainda poderá surpreender. Mas não "apostaria todas fichas" nesse segmento. Os EUA estão sofrendo com algumas questões econômicas e políticas, e, por essa razão, não investiria em dólar.