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Você Pode Fazer Algo Por Eles!

Entenda para que serve a fisioterapia veterinária e como ela atua na saúde e bem-estar do seu pet

Os animais são cada vez mais parte das nossas famílias. Cuidar da sua saúde buscando proporcionar o máximo de qualidade e expectativa de vida é o objetivo da maioria dos tutores. Nesse contexto fisioterapia veterinária vem se tornando um dos tratamentos mais eficazes na reabilitação de diversas patologias e lesões, garantindo aos pets uma vida mais longa e saudável. “A fisioterapia pet também serve para prevenir lesões musculares, articulares, e ósseas, visando sempre o bem-estar animal na medida em que proporciona controle da dor, ampliando a qualidade de vida do pet”, afirma a médica veterinária Carolina Pescador

A fisioterapia (na medicina veterinária) segue os mesmos princípios da fisioterapia para humanos, usando agentes físicos, movimentos e exercícios, bem como alongamentos para tratamento, visando a recuperação pós-cirúrgica e a reabilitação do pet. Carolina ressalta que é preciso reabilitar e não só curar, buscando tratar a causa do problema e não o somente o sintoma. A seguir, ela aprofunda o tema. 

Caroline Pierosan: Quando um bichinho precisa de fisioterapia?

Carolina Pescador: A maioria dos casos que recebo para fisioterapia são de animais que estão apresentando alterações de postura, mobilidade, e locomoção, seja por problemas neurológicos ou ortopédicos ou, ainda, animais com dor. Porém as indicações da fisioterapia veterinária são muito mais amplas, podendo ser utilizada como prevenção, preparação de cães para competições, coadjuvante no tratamento do sobrepeso e obesidade (sempre junto à dieta) e qualidade de vida para animais idosos ou com doenças degenerativas. Mas em geral todo animal que apresente problemas de coluna, como hérnias de disco, dores na coluna, bicos de papagaios, paralisias e paresias, artrites e artroses, displasia coxofemoral, displasia de cotovelo, pós-operatório de cirurgias ortopédicas e neurológicas, rupturas de ligamento cruzado, luxações patelares, fraturas, atrofias e contraturas musculares, rigidez articular, e dores osteomusculares deve fazer fisioterapia. 

Todos os animais podem fazer fisioterapia?

Sim, desde cachorro, gato, cavalo, animais exóticos e silvestres. Todas as espécies podem receber esse tratamento. Mas existem particularidades nos procedimentos pois muda a anatomia, a biomecânica e as características de cada espécie. Por isso é importante que o profissional se especialize. Eu atendo pequenos animais como cachorros, gatos, pequenos exóticos como ferret (furão), calopsita e tartaruga. Também já atendi mini pig e twister (rato de estimação).

Quais são os efeitos positivos da fisioterapia?

O alívio da dor é um dos principais pontos positivos da fisioterapia veterinária, seja ela aguda (como no caso de trauma ou de hérnias de disco) ou crônica (como em casos de artrose, bico de papagaio ou displasia).  A fisioterapia acelera o tempo de recuperação de cirurgias ortopédicas, tanto em fraturas quanto em cirurgias articulares. Em muitos casos pode até ajudar a evitar cirurgias, principalmente nos casos leves de displasia e luxação de patela. Ela também é amplamente utilizada em lesões da coluna, sendo que a maioria dos cães paraplégicos, e até mesmo tetraplégicos, quando tratados com a fisioterapia, voltam a andar normalmente. É claro que tudo depende da cronicidade da lesão. Quando mais cedo se inicia o tratamento fisioterápico mais chances de recuperação o animal terá e mais satisfatórios serão os resultados.

Quais são as principais técnicas da fisioterapia veterinária? 

A especialidade de fisioterapia veterinária conta com uma série de tratamentos que são indicados conforme o diagnóstico do pet. São técnicas e equipamentos específicos, com tecnologia apropriada para tratar diferentes tipos de lesão. É na avaliação com o especialista que será definida a terapia mais eficaz para o pet. Em muitos casos, será indicado combinar mais de um tipo de técnica para acelerar o processo de reabilitação. Eu uso muito o laser terapêutico, magnetoterapia, fototerapia, eletroterapia, infravermelho, massagens, cinesioterapia (aplicação de exercícios terapêuticos), hidroterapia, e alongamentos.

Essas técnicas servem para manter o pet saudável – ou seja – como prevenção?

Sim, a fisioterapia veterinária é uma especialidade que atua tanto na reabilitação dos pets quanto na prevenção de lesões.

Qual a diferença entre a fisioterapia preventiva e a de reabilitação?

A fisioterapia de reabilitação trata um animal que possui uma lesão ortopédica, neurológica, seja no pós-operatório ou no tratamento conservador. Promove reeducação postural, levando o corpo do animal a ter função sem nenhum sintoma que atrapalhe sua qualidade de vida e independência. Trabalhar de forma preventiva na fisioterapia significa tratar um animal evitando o avanço ou surgimento de patologias e nas ações em pré-operatórios. Nos animais que apresentam alterações genéticas como displasias e luxação de patela, a fisioterapia veterinária é de muita importância na prevenção da progressão da doença, muitas vezes evitando uma futura cirurgia.

Quais são os resultados?

Os animais respondem muito bem a fisioterapia e costumam apresentar resultados rapidamente, claro que existem casos crônicos onde os resultados demoram mais para aparecer. Mas em geral o tempo de recuperação dos animais que fazem fisioterapia no pós-operatório ortopédico ou neurológico é muito mais rápido do que aqueles que não fazem reabilitação pós-cirúrgica. Há estudos que demostram que animais com ruptura do ligamento cruzado que fizeram fisioterapia pós-cirúrgica se recuperaram dentro de 3 a 5 meses, já aqueles que não fizeram fisioterapia levaram 2 anos para se recuperar 100%.

Quem pode exercer essa especialidade de fisioterapia em animais?

A fisioterapia veterinária é prática privativa do Médico Veterinário, protegida pela Legislação Federal, sob a Resolução no 850 de 05/12/2006, do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Para instituir um tratamento fisioterápico é necessário ter uma boa avaliação anatômica, biomecânica, fisiológica, patológica, clínica e cirúrgica do animal e quem está capacitado a fazer isso é somente um médico veterinário especializado.

Os animais ficam tranquilos na sessão?

Sim geralmente ficam sim. Pois a abordagem da fisioterapia é diferente da abordagem clínica, pois não fazemos nenhum procedimento invasivo ou doloroso, e os aparelhos e métodos trazem analgesia, relaxamento e proporcionam uma sensação de bem-estar. Então os pets ficam supertranquilos nas sessões! Eles inclusive gostam de vir para as sessões.

Qual o investimento para tratar um pet com fisioterapia veterinária? 

O valor do tratamento de reabilitação depende de diferentes fatores, desde o número de aparelhos necessários para o programa de reabilitação, o tempo de cada sessão (que podem variar de 1h até 1h30min), da avaliação veterinária para definir o protocolo fisioterápico, da complexidade do tratamento, do tempo empregado para a recuperação, e das terapias associadas. Por isso não tem como prever um valor sem avaliar o animal, a avaliação é primordial para que se defina o tratamento fisioterápico adequado para o caso. Considero também que é preciso levar em consideração que cada centro de reabilitação veterinária tem os seus métodos e técnicas empregadas no programa de reabilitação, o que não garante um padrão de valores. Por isso, ao procurar um tratamento de fisioterapia para o seu pet considere mais importante averiguar quais métodos estão oferecendo uma recuperação mais saudável e qual é a resposta de satisfação de tutores e o nível de resultados das clínicas especializadas, do que propriamente comparar valores. 

Qual a sensação de ver um paciente se recuperando?

É muito gratificante ver um animal se recuperando, voltando a andar, não sentindo mais dor. É um verdadeiro trabalho de amor e dedicação. Muitas vezes recebo animais cujo tutor já “tentou” os mais diferentes tratamentos sem resultado satisfatório ou que ouviu de algum colega veterinário “esse caso não tem o que fazer”, “eutanásia seria a solução”. Eu não vou mentir, toda vez que ouço essas histórias no consultório fico muito triste pois sei que não existe a frase “não tem mais o que fazer”, pois SEMPRE tem o que fazer! Muitas vezes são realmente casos complicados e bem crônicos onde não conseguimos reabilitar e voltar as funções normais daquele animal em 100%, mas podemos proporcionar qualidade de vida, ausência de dor, melhora no bem-estar e independência daquele animal, tornando-o mais feliz. Penso assim: e se fosse uma criança? Uma pessoa da família? Os médicos indicam “eutanásia” pois a pessoa teve uma lesão ou um acidente e parou de andar? A resposta é: NÃO! A indicação nesses casos é de fisioterapia, reabilitação e cuidados paliativos, buscando o bemestar e qualidade de vida daquele paciente. E é isso que eu busco fazer com os animais. Por isso que digo que é muito gratificante quando eles melhoram. Ver um paciente sem dor, voltando a andar, feliz e independente, é muito gratificante... Mais gratificante ainda é ver as famílias felizes com seus pets recuperados. 

Fisioterapia Veterinária como Prevenção

“Vamos pensar um cão da raça DASCHUND, o famoso linguicinha. Por conta da sua conformação física (coluna comprida e as patas curtinhas) essa raça tem tendência a. desenvolver hérnias de discos que podem levar a paralisias. Nesse caso pode-se fazer fisioterapia preventivamente para evitar essas situações. Em cães pesados e de grande porte é muito comum encontrarmos lesões ligamentares. A fisioterapia associada a hidroterapia é uma ótima opção para manter a saúde articular desses animais e prevenir futuras lesões como o rompimento do ligamento cruzado ou uma displasia de quadril. Desta maneira, a fisioterapia veterinária vai prevenir futuras lesões e garantir uma melhoria na qualidade de vida e no bem-estar dos animais” (Carolina Pescador)

Principais Tratamentos Fisioterápicos para Pets

Magnetoterapia: realizado por meio do uso de campos magnéticos, indicado para todos os casos de lesões osteomusculares. Esta terapia alivia a dor, auxilia na cicatrização dos tecidos lesados, na consolidação de fraturas e tem efeito anti-inflamatório.

Fototerapia: A Fototerapia consiste na aplicação de placas com leds de diferentes cores terapêuticas, que tem absorção nas células de músculos, tendões e ligamentos. Este tratamento acelera o crescimento dos neurônios e melhora a sensibilidade em cães com paralisia e déficits neurológicos, além de promover uma cicatrização mais rápida de feridas. Para problemas ortopédicos, a fototerapia estimula o relaxamento das contraturas musculares e diminui a inflamação nesses locais, aliviando a dor, além de melhorar o fluxo sanguíneo e relaxar as fibras musculares, o que também contribui para que o pet sinta menos dores.

Laserterapia: é um tratamento que utiliza a luz infravermelha para agir na multiplicação de células do organismo dos pets. O resultado disso é uma cicatrização maior em fraturas ósseas e ferimentos, além do aumento da circulação sanguínea no local da lesão. A Laserterapia também é muito indicada para a recuperação da sensibilidade em casos de traumas, hérnias de disco e neuropatias, e na diminuição da inflamação em articulações.

Eletroterapia: A eletroterapia trabalha com diversas corrente, o TENS atua proporcionando o que chamamos de eletroanalgesia, pois bloqueia as fibras nervosas responsáveis por levar a informação de dor ao cérebro. A consequência disso é aliviar a sensibilidade dolorosa percebida pelo pet. Também existe correntes para trabalhar o fortalecimento e tônus muscular.

Cinesioterapia: Na fisioterapia veterinária, é muito comum receber casos de pets com hérnias de disco e outras doenças ortopédicas que afetam joelhos, cotovelos, quadris e outras articulações. São doenças que normalmente fazem o cão ter dificuldade em apoiar a pata, geram dor, fraqueza e desequilíbrio. E a Cinesioterapia é um dos tratamentos indicados para recuperar estes pets. Trata-se de um conjunto de exercícios aplicados aos pacientes em reabilitação, que favorece o ganho de massa muscular, melhora no equilíbrio e tato, aumento da sensibilidade nervosa e principalmente devolução mais rápida da condição normal do animal. Dependendo do objetivo terapêutico, escolhe-se um exercício específico, que consiste em aumentar o ângulo de flexão e extensão das articulações, superar obstáculos, mobilizar a coluna e estimular o corpo a aumentar seu equilíbrio.

 

Entrevista I Caroline Pierosan
Imagens I Josué Ferreira
Edição I Fernanda Carvalho