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Manoel Valente - Bloco A

Inquietude é palavra que bem descreve Manoel Valente Figueiredo Neto

De feições marcantes e olhar intenso, o jovem jurista é um dedicado escritor, professor (com coração de estudante) e líder de equipe, além de ser um homem esperançoso, cheio de fé no progresso e na humanidade. Compreensivo, enfrenta interessantes choques culturais (tamanha a distância que venceu para sediar-se em Caxias do Sul - RS, sendo natural de São Luís do Maranhão - MA), com muita gentileza. 

“Foi emocionante conhecer a Igreja São Pelegrino” conta Valente, que, há cerca de dois anos e meio, atua como registrador de imóveis na Segunda Zona Imobiliária da cidade. Ali ele nota, no dia a dia, respingos da nossa história. “Quando os italianos chegaram na Serra Gaúcha tiveram que trabalhar contra o frio acentuado, contra a falta total de condições, de mobilidade e de recursos. O mais inacreditável (conforme apontam as evidências históricas) é que os títulos de propriedade prometidos a eles pelo Estado não foram concedidos. Então, tiveram que lutar, também, para garantir seus direitos. Sinto que por trás de cada registro daqueles da Segunda Zona Imobiliária de Caxias do Sul, por trás de cada matrícula, de cada indicador, de cada dado tabular, existe um pouco do sangue das pessoas que colonizaram essa terra e isso aguça meu senso de responsabilidade”, interpreta.

Ao responder por que escolheu a “pérola das colônias” para morar, ele conta um pouco de sua epopeia pelo Brasil. “Fiz concursos públicos em todos os Estados. Viajei por mais de uma década, de lugar em lugar, realizando provas e mais provas, com diversas etapas: objetivas, escritas, orais e defesa de memorial... uma longa jornada! Fui aprovado na grande maioria delas e ficava imaginando como seria minha vida em cada um daqueles locais. Me sentia um peregrino. Meus amigos perguntavam ‘quando eu iria parar’, sendo que, alguns, brincavam que eu não iria parar em lugar nenhum”, relembra, com humor. “Sinto que a ideia de peregrino existe no imaginário de Caxias do Sul que, de uma forma sutil, acolhe os que decidem ser seus. Há uma lógica de lealdade, de comprometimento e de responsabilidade por aqui”, pontua Valente, seguro de ter decidido ficar.

 

ENTREVISTA I CAROLINE PIEROSAN
IMAGENS I JOSUÉ FERREIRA
EDIÇÃO I FERNANDA CARVALHO