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Reportagens

16/12/2020

Cada Profissional, Um Comunicador

“Numa era de redes sociais, você não precisa mais esperar o convite de um jornalista para expor-se qualificadamente compartilhando conteúdo relevante e, enquanto vende, motivar um movimento social positivo. ‘Aparecer’ é uma grande responsabilidade e uma importante missão” (Caroline Pierosan)

"Recomendo a empresas e pessoas que gerem conteúdo em todos os formatos: fotos, texto e vídeos - assim podem alcançar a todos os públicos com experiências ricas" "Como eu levo o meu produto ou serviço ao cliente por meio da comunicação de uma forma consistente, constante e fidedigna?" "Como o cliente que vai &quotme achar" na internet pode ter o máximo de informação e experiência com o meu produto / serviço antes de decidir comprá-lo?" "O on-line, é &quotpessoal e presencial" sim"

“Quem é que ocupa a maior parte dos espaços hoje na TV e nas redes sociais?”, provoco, diante do meu destacado entrevistador. “Quem são os nomes mais citados, que qualquer brasileiro conhece? Não são cantores, artistas, e atores de novela? Pois bem. Onde estão as referências sérias e competentes do país, de outras áreas? Por que ‘aparecemos’ tão pouco?”, questiono, ao explicar a minha nova missão, de fomentar a comunicação estratégica entre profissionais qualificados e empresas de todos os portes. A conversa com o jurista e jornalista (muito em breve graduado em Comunicação Social) Manoel Valente Figueiredo Neto desenvolveu-se ao longo de uma das lindas tardes de sábado da Serra Gaúcha, numa das landmaks mais suntuosas da região, o Chateau La Cave. 

Convidei Manoel para realizar essa entrevista especial (a minha primeira como fonte) e o resultado foi impressionante! Essa troca de papeis faz parte do que já está acontecendo e acontecerá, cada vez mais, a partir de agora: cada profissional será um comunicador. “Acredito que a exposição também é uma forma de “give back” para a sociedade. É uma maneira de mostrar o progresso, o crescimento, e que tudo isso é possível por meio do trabalho, do empreendedorismo, do estudo, e do empenho”, enfatizo, ao longo da entrevista. “Quer dizer, numa era de redes sociais, não precisamos mais esperar o convite de um jornalista para expor-nos qualificadamente compartilhando conteúdo relevante e, enquanto vendemos, motivarmos um movimento social positivo. Acredito que ‘aparecer’ é uma grande responsabilidade e uma importante missão”, desafio.

A pergunta de agora é: como eu levo o meu produto ou serviço ao cliente por meio da comunicação de uma forma consistente, constante e fidedigna? Como o cliente que vai “me achar” na internet pode ter o máximo de informação e experiência com o meu produto / serviço antes de decidir comprá-lo? Quando compreendermos quanto tempo, investimento e esforço isso nos poupará, posteriormente, perceberemos que não há motivos para não fazer, não fazer bem feito, e não fazer o máximo possível. Precisamos compreender onde as vendas e relacionamentos nascem – e elas nascem, hoje, a partir das informações que compartilhamos na internet – mais que qualquer outra estratégia metafísica (palavra que gosto de usar para explicar) até, porque, o on-line, é “pessoal e presencial” sim. A seguir apresentamos essa interessante conversa sobre comunicação social exponencial, influência e responsabilidade humana, protagonizada por dois dos jovens intelectuais atuantes mais expoentes da Serra Gaúcha. 

Manoel Valente: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Qual é a “dor” de um profissional de comunicação hoje? E a delícia?

Caroline Pierosan: A dor dos profissionais de comunicação hoje é que eles perderam a exclusividade. Quer dizer, há até pouquíssimo tempo você só veria alguém em vídeo se essa pessoa fosse um dos poucos jornalistas que trabalha em TV, um convidado para uma entrevista, ou um artista se apresentando em algum programa. Hoje, qualquer pessoa que tenha um celular pode gravar um vídeo, postar, impulsionar e ter visibilidade. Isso, de certa forma, perturba porque, primeiro, “invadiram a nossa área”, segundo, porque a gente, que estudou tanto para gerar produtos de qualidade, que respeita uma série de critérios técnicos e éticos para produzir material, vê muita, mas muita coisa ruim nas redes sociais. Então há uma certa angústia porque você vê fotos ruins, textos ruins, vídeos tenebrosos, e, concomitantemente a isso, percebe que, muitas vezes, mesmo o material “ruim”, chama muita atenção. Então, quer dizer, o que o brasileiro consome? O que está bom para ele? E aí fica uma provocação. Em contrapartida, a delícia disso tudo é que, nunca antes, as pessoas se comunicaram tanto. Então, é um terreno muito fértil para quem detém as técnicas, para quem sabe como fazer melhor, e está disposto e aplicar esse conhecimento de forma criativa. Se antes poderíamos culpar a falta de oportunidade porque as tais “vagas” nos canais tradicionais de comunicação eram poucas e restritas, hoje, todos nós temos canais e podemos ocupar nossas “vagas” como desejarmos. Basta ser criativo e corajoso!

Como você se sente diante da avalanche de comunicadores não profissionais “atuando” nas redes sociais? Como o jornalista se diferencia do blogueiro, por exemplo?  

Me sinto animada! É a festa da comunicação! É fascinante, e eu serei sempre prol liberdade e defenderei a qualificação do ser humano em todos os sentidos. Todos nós temos canais de comunicação “na mão”. Agora, sabemos o que fazer com eles? Quando um estudante de Jornalismo ingressa no curso, uma das ênfases que ele estuda, é em relação ao poder da comunicação, ao seu alcance, à sua abrangência, a todas as coisas boas que a atividade pode gerar e, também, a todos os riscos envolvidos em mal empregá-la. Nós temos diversos debates sobre o bom uso da imagem, sobre a escolha das palavras, sobre neutralidade do comunicador, enfim. Uma série de construções de conceitos que formam a mente do comunicador sério e profissional – há critérios. Quando você vai para uma rede social, em que as pessoas se expõe sem nunca terem pensado na consequência dessa exposição, vemos tudo o que vemos (nudez, mentira, violência, mau-gosto, escrita pobre, etc, etc, etc). É um pouco chocante, confesso. Também me preocupo muito com os profissionais qualificados de outras áreas que usam as redes sem estratégia, sem propósito, quase como se fosse uma brincadeira, não compreendendo que estão se expondo em um canal de comunicação tão poderoso quando a TV, por exemplo. A grande maioria não percebe a narrativa ou o poder das imagens, postam “de qualquer jeito” e não avaliam a repercussão disso que, muitas vezes, pode até ser silenciosa, mas certamente está acontecendo.

O que distingue a comunicação qualificada da comunicação “normal”, ou “amadora”?

Principalmente a intencionalidade, ou seja, a consciência. Em seguida, o uso de técnica e, por fim, o controle. Ou seja, eu tomo uma decisão antes de executar e eu assumo o controle do que estou executando / entregando com a minha atitude, com a minha comunicação visual, com a minha geração de conteúdo, seja ele imagens, verbal, escrito, sonoro ou audiovisual... É claro que, é muito difícil prever 100% do resultado, porém, 90%, é possível. Quando sei o que eu quero com a minha comunicação, passo a agir intencionalmente e procuro os profissionais ou ferramentas técnicas que possam me conduzir a um bom resultado. Quando não faço nada disso, muitas vezes, me torno refém das circunstâncias. Eu, particularmente, prefiro ser autora. 

Quem precisa pensar nisso hoje? 

Todo o ser humano com acesso as redes sociais (e mesmo os que não têm acesso) precisam pensar nisso hoje. A exponencialidade tornou tudo tão rápido que seria um erro estratégico muito grande não usar os canais de comunicação a nosso favor, principalmente para crescer profissionalmente e gerar novos negócios, defender causas, ampliar mensagens, enfim. É uma possibilidade muito poderosa para não ser usada. Todos devem pensar, independentemente de idade, cargo, posição, ou poder aquisitivo. Os canais de comunicação conhecidos como “redes sociais” tornaram-se uma plataforma onde “todos podemos estar no mesmo lugar”... eu, você, Barack Obama, Beyoncé, nossos tios, o vizinho... todos estamos ali. Agora, o que vai nos diferenciar, cada vez mais, é o conteúdo e a forma de comunicar.

Que movimentos, relativos à comunicação, profissionais de outras áreas precisam incluir em suas vidas?

Primeiro o despertar: a comunicação social por meio das plataformas é uma atividade estratégica, principalmente para crescimento profissional. Segundo procurar conhecimento: como montar uma estratégia, como comunicar visualmente, como escolher as pautas, assuntos a abordar, como produzir boas imagens, como distribuir esse conteúdo ao público certo, que especialistas podemos e precisamos procurar para nos auxiliar a sanar algum gap técnico ou insegurança? Recomendo fortemente o apoio de profissionais qualificados nesse processo haja vista a importância, relevância e o calibre da imagem desse público. É bem complicado “brincar” com a exposição pessoal. Não recomendo.

Qual movimento relativo à comunicação as empresas precisam incluir em seu planejamento hoje?

Qualquer iniciativa empreendedora precisa, hoje, compreender que, num mundo com plataformas de comunicação disponíveis assim, toda empresa precisa de um departamento e de uma equipe de comunicação. As empresas possuem departamentos de RH, de Finanças, Compras, Vendas, por exemplo, mas não possuem uma equipe qualificada para trabalhar com a Comunicação da marca, ou seja: um estrategista, um especialista em imagem (arte gráfica e fotografia) um especialista em design gráfico, um especialista em textos (e língua inglesa), um especialista em vídeos, etc... Sim, tudo isso! Quer dizer, você tem a TV, o rádio e o jornal disponíveis para uso e você simplesmente não vai utilizar da melhor forma que puder? É uma grande oportunidade! Mas muitos empreendedores não compreendem como isso “dá resultado”, exatamente porque estão presos a velhos formatos de comunicação como “um ou dois posts semanais (arte gráfica)”, com representantes comerciais que “marcam cafés”, enfim. Há uma infinidade de formas de alcançar o público alvo hoje, basta nos apropriarmos dessas possibilidades e buscarmos pessoas qualificadas para gerarmos o conteúdo que precisamos, no volume e qualidade necessários hoje. 

Por que e como a comunicação estratégica pode ser um elemento de diferenciação para qualquer negócio?

Porque ela chega primeiro! Os produtos de comunicação, daqui para frente, proporcionarão o primeiro contato do cliente com as marcas. Se esse produto de comunicação não for estratégico, inteligente e qualificado, talvez o cliente se afaste da marca, demore mais para engajar, ou talvez, nunca venha a comprar. A maioria das equipes das empresas é especialista em seus produtos e serviços, e não em comunicar isso ao cliente até porque, empreendedores e profissionais de outras áreas não são especialistas em comunicação. O trabalho é muito mais amplo do que simplesmente contratar uma agência e escutar as suas ideias sobre “posts semanais”. É algo muito maior que isso! A pergunta é: como eu levo o meu produto ou serviço ao cliente por meio da comunicação de uma forma consistente, constante e fidedigna? Como o cliente que vai “me achar” na internet pode ter o máximo de informação e experiência com o meu produto / serviço antes de decidir comprá-lo? Quando compreendermos quanto tempo, investimento e esforço isso nos poupará, posteriormente, entendemos que não há motivos para não fazer, não fazer bem feito, e não fazer o máximo possível. Precisamos compreender onde as vendas nascem – e elas nascem, hoje, a partir das informações que compartilhamos na internet – mais que qualquer outra estratégia metafísica (palavra que gosto de usar para explicar isso) até, porque, o on-line, é “pessoal e presencial” sim. 

Por que alguém que se comunica bem tem vantagem competitiva em relação a quem não tem essa habilidade desenvolvida (mesmo tendo mais conhecimento técnico da área de atuação)?

Porque essa pessoa é capaz de acessar a mente do receptor da mensagem (cliente / público alvo) antes de entregar o resultado do trabalho. Quando alguém já construiu uma ideia a respeito de uma pessoa (serviço ou produto), esse conceito vai guiar todas as interpretações desse alguém a respeito do que o emissor fizer: um bom trabalho ou não, uma boa entrega ou não. Basicamente a comunicação, ou as ideias a respeito de algo, chegam antes desse algo – seja ele um produto ou serviço. A comunicação entrega as ideias! O cérebro humano não distingue imaginação de realidade. Então, com boas ideias entregues de forma estratégica, o cliente / receptor / público alvo sente que “já viveu aquilo”, ou que, no mínimo, “já recebeu algo”. Traduzindo, ele tem uma sensação de que “já foi bem atendido”. Ele já chega para a consumação da compra muito mais satisfeito e seguro (ou com dúvidas mais específicas). O momento do pagamento é só um detalhe logístico.

O que são ferramentas de comunicação e qual é a mais eficaz entre elas?

As ferramentas de comunicação são a forma que utilizamos para entregar as ideias. A instantânea é a imagem, em seguida temos palavras (faladas ou escritas) e por fim temos o audiovisual (imagem + palavras faladas + som). Eu tenderia a dizer que o audiovisual é o mais eficaz, pois é o que mais aproxima e, também, o que o ser humano não consegue resistir (ele quer ver do que se trata). Porém, sempre é importante considerar o público alvo. Há pessoas que gostam muito de ler, por exemplo, e que não gostam tanto de assistir vídeos, pois têm pressa. Por isso, hoje, recomenda-se que todos os vídeos usados em rede social tenham legendas e que tenhamos versões escritas dos conteúdos audiovisuais. Recomendo às empresas e pessoas que gerem conteúdo em todos os formatos – fotos, texto e vídeos – assim podem alcançar a todos os públicos com experiências ricas. 

Há estilos de comunicação? O que isso significa?

Sim! O estilo da comunicação é como o tom de uma música. Pode ser mais despojado, mais sério, mais cômico, mais casual, mais formal, mais luxuoso ou dramático. Esse “DNA” da comunicação vai perpassar tudo, desde a sua concepção até a sua entrega. Ou seja, desde a atitude do comunicador, a forma como se veste (as cores do design, por exemplo, ou das roupas das pessoas), os seus gestos, o ritmo de fala, o padrão da foto, os movimentos do vídeo, etc... Sobre tudo isso podemos e devemos decidir no intuito de melhor servir o público alvo. Como nosso público alvo quer receber a mensagem? Quando compreendemos que isso também é uma escolha e um serviço, assumimos a liderança e crescemos com a comunicação. 

Então o estilo de nossa comunicação pode ser escolhido assim como escolhemos uma roupa, por exemplo? 

Sim. Pode. Inclusive podemos escolher mudar de estilo de comunicação. Entretanto, pode ocorrer que o estilo que precisamos apresentar (aquele que o nosso público alvo quer que usemos) não nos seja familiar. Nesse caso, precisaremos pesquisar a respeito dele, buscar apoio, educação e referências para nos apropriarmos e nos familiarizarmos com o estilo que mais serve ao nosso cliente e à nossa estratégia de negócio. 

Que canais de comunicação você recomenda hoje para profissionais?

Sites (que são canais próprios), Linked In (com uma linguagem um pouco mais técnica e espaço para textos maiores), Facebook (com moderação e zelo, convergindo uso de fotos, vídeo e textos moderados), Instagram (muito rápido, intuitivo e fácil de usar, ideal para imagens, textos menores, arte gráfica e vídeos verticais), Youtube para vídeos horizontais mais qualificados (que devem ser feitos idealmente com o apoio de diretores de imagem, produtores e editores), WhatsApp / Telegram para comunicação instantânea e distribuição de links, Pinterest para banco de imagens, Twitter para posicionamento e compartilhamento de frases de efeito e assim por diante... Há muitas possibilidades. Não há certo e errado, há construção de estratégia. O importante é que o profissional saiba o que está fazendo em cada “lugar”, e que seja consistente com o seu propósito. 

Que canais de comunicação você recomenda hoje para empresas?

Todos. Acredito que todas as iniciativas empreendedoras podem e devem ocupar seus espaços nos canais de comunicação disponíveis. Comunicação qualificada nunca é demais. Pensa num assunto que você gosta! Quantas horas de consumo de conteúdo você investe, porque você gosta dessa pauta? Muitas não é? Nós lemos a respeito, queremos ver fotos, queremos assistir vídeos. E sempre queremos mais. Então... há “um de nós” buscando por nosso produto/serviço. Nós podemos e precisamos fornecer essas informações a essa pessoa. Quanto mais, melhor. 

São 6 anos à frente da revista NOI, entrevistando algumas das pessoas mais expoentes (e, por isso, muitas vezes, resguardadas) da Serra Gaúcha. O que foi mais desafiador para você nesse processo?

Foi poder olhá-los de “frente”. Poder encontrar a força mental para assumir uma figura de autoridade e entrevistá-los com propriedade. Também viver o processo de, aprendendo com eles, me transformar numa empreendedora, em uma vendedora, em uma coordenadora de projetos... Trilhei um longo caminho, com enorme crescimento pessoal, e sou muito grata a todos que confiaram em mim. Muitas vezes, o potencial está conosco desde sempre, mas nós precisamos acreditar nele primeiro. As histórias dos empreendedores me ensinaram isso. Eles “acreditaram primeiro”. E, por isso, estão onde estão. Da mesma forma, aprendi a acreditar. 

O que foi mais gratificante?

O que eu mais amo é poder criar. É poder ouvir uma história e poder contá-la com maestria. Me sinto uma perfumista das palavras. Uma musicista das imagens... Uma fada do vídeo! Vou conduzindo a pessoa, a fonte (que normalmente é um empresário que trabalha muito e que gera empregos para tantas outras pessoas) à sua melhor versão. Diagnostico o que ele precisa, como aquilo pode ser alcançado, perpassando pela composição visual, pelo estilo da comunicação, pelo conteúdo. E quando, depois da publicação do projeto, vejo os olhos brilhantes de alguém que se surpreende consigo, que jamais havia se visto daquela maneira (como eu retrato), pego esse produto de comunicação (foto, texto ou vídeo) e digo para a pessoa: “Você é lindo assim!”. É muito gratificante! 

Você tem experiências de vida internacionais. Morou na Itália, nos EUA, passou um tempo na Colômbia. Qual a sua visão do Brasil e da região?

O Brasil é um país incrível, mas que precisa da autorresponsabilização dos seus. Quando entendermos o nosso poder, será um grande despertar. Nós temos vícios culturais que nos impedem de prosperar, como a falta de disciplina e de compliance e, principalmente, o complexo de vira-lata. O Brasil é um país miscigenado (já dizia Domênico De Mais a quem eu tive o prazer de entrevistar) culturalmente rico e surpreendentemente carismático, empático e comunicativo. Temos uma veia artística, criativa fenomenal. Nos falta transformar isso em negócio. E para isso eu creio que disciplina e compliance sejam o caminho. Nesse sentido, a Serra Gaúcha é modelo para o Brasil. Prova disso é a realidade que observamos em Caxias do Sul (RS) onde nasci, onde você atua hoje, e em diversos outros municípios da Serra como Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa... etc. Quer dizer, Caxias do Sul existe há pouco mais de 100 anos e veja o seu desenvolvimento! Isso é resultado de muito propósito, disciplina e compliance. Se o Brasil andasse nesse ritmo, tudo seria diferente. 

De que forma a qualificação da comunicação de profissionais brasileiros e empresas nacionais poderia contribuir para a construção de um país melhor?

Quem é que ocupa espaços hoje na TV e nas redes sociais? Quem são os nomes mais citados, e que qualquer brasileiro conhece? Não são cantores, artistas, e atores de novela? Pois bem. Onde estão as referências sérias e competentes do país (de outras áreas)? Por que comunicamos tão pouco? Acredito que a exposição também é uma forma de “give back” para a sociedade, de mostrar, “veja” o progresso, o crescimento, tudo isso é possível por meio do trabalho, do empreendedorismo, do estudo, do empenho. Quer dizer, numa era de redes sociais, você não precisa mais esperar o convite de um jornalista para expor-se qualificadamente compartilhando conteúdo relevante e, enquanto vende, motivar um movimento social positivo. Acredito que “aparecer” é uma grande responsabilidade e uma importante missão. 

Qual a sua maior qualidade competitiva?

Ousadia.

Qual a sua principal fraqueza?

Franqueza.

Você se considera uma mulher empoderada?

Grande pergunta! Considero que o empoderamento feminino no Brasil é muito distorcido. Ressalta-se apenas a liberdade sexual. De que adianta ter liberdade sexual e não ter dinheiro, não ter educação, não ter influência, não ter lugar de fala? O que é poder? Ser poderosa significa ser autônoma! A autonomia deve ser completa: emocional, religiosa, intelectual, financeira e sexual. Veja que as mulheres no Brasil saem dançando bastante (descendo até o chão), fazendo passeatas mostrando o corpo e por aí vai... Mas quanto ouvimos falar de empreendedorismo feminino? Todas as meninas do Brasil têm acesso à educação de qualidade? Quantas das mulheres do país assumem cargos políticos? Quantas têm lugar de fala na imprensa? Então sim, eu me considero livre e autônoma em todos esses aspectos. Mas estou no “meio” da minha jornada pessoal. Eu quero mais. “A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido" (Lucas 12:48). Sendo uma mulher brasileira (e italiana, com cidadania europeia reconhecida), tenho plena consciência do quanto a vida me tem dado. Portanto, sonho muito mais, para mim e para todas nós! 

Qual é o seu sonho profissional?

Ser presidente do Brasil (risos)! Brincadeira! Mas se eu fosse sonhar bem alto, meu sonho seria ver o Brasil como um país de primeiro mundo, com um povo educado e empreendedor. Sonho em ver o Brasil como um modelo para o planeta, de como a vida pode ser alegre (isso temos que manter), porém sadia, justa e próspera. Além disso, mais maravilhoso ainda seria, que a nação fosse um exemplo para o mundo, no que tange à proteção social da mulher. 

Qual é o seu ideal como ser humano? 

Bem servir ao Criador alcançando o meu máximo potencial. 

 

ENTREVISTA I MANOEL VALENTE
IMAGENS I JOSUÉ FERREIRA