Carolina Pescador

Alimentação saudável é um tema que está bastante na moda. Essa nova onda está chegando também aos nossos cães. Tutores e veterinários começaram a se preocupar com as inúmeras doenças e alergias alimentares que os cães estão desenvolvendo e, também, a repensar sobre o tipo de alimentação que estamos oferecendo-lhes. Afinal, “se eu ganho uma vida melhor e mais saudável comendo alimentos frescos e variados, por que meu cão também não pode?”. É assim que os tutores estão pensando. A Alimentação Natural (AN) para animais de estimação é uma corrente forte nos Estados Unidos, principalmente na Califórnia, desde os anos 1970. Eles pregam que os cachorros ficam mais fortes e mais bem nutridos comendo alimentos naturais (contanto que observada suas necessidades alimentares), e que os produtos para conservar e dar sabor às rações podem causam muitos problemas aos pets. Aos poucos essa conscientização está chegando ao Brasil, onde percebemos médicos veterinários indicando e tutores aderindo a esse tipo de alimentação natural para seus cães.

Por natureza os cães são animais carnívoros e, por isso, seu organismo está preparado para receber dietas com maior percentual de proteína, o que não ocorre na maioria das rações. O ideal é que a dieta do cão seja equilibrada e composta por proteínas, gorduras de boa qualidade, carboidratos, vitaminas, minerais e água. A composição nutricional da comida natural para cachorro deve ser feita sob a orientação de um médico veterinário nutricionista, de acordo com o estilo de vida do animal, idade, porte e nível de atividade. Assim como os seres humanos, os cachorros precisam de refeições equilibradas para manterem a saúde em dia. A alimentação natural serve para nutrir os cães com ingredientes fisiologicamente adequados, sem conservantes ou subprodutos. Ela atende necessidades especiais, em casos de doenças como diabetes, alergias e problemas renais. A alimentação natural é mais que uma tendência. Significa olhar novamente para nossos animais com olhos “não comerciais”, pensando na sua fisiologia e saúde. A seguir, vamos esclarecer a respeito de diversos mitos e verdades, procurando sanar as principais dúvidas relacionadas a alimentação natural para os pets. Acompanhe:

• “Não pode dar apenas comida natural para cães, pois ela não é 100% balanceada”. Pode sim. O que não pode é dar apenas arroz, frango e cenoura, por exemplo e achar que está dando ao cão uma alimentação natural e balanceada. Esse tipo de “dieta” conduz a problemas de saúde por deficiências de nutrientes importantes, como vitaminas, minerais e ácidos graxos. Também não devemos preparar aquela “panelada-da-vovó” que tem tudo e mais um pouco, mas sem medida nem proporção. A dieta, quando prescrita por veterinários especialistas em nutrição animal, supre as necessidades diárias do pet.
• “Se o meu cão comer alimentação natural ele terá as fezes moles”. Em geral, o cocô dos cães que comem alimentação natural são sequinhos, muito menos volumosos e praticamente sem cheiro, uma vez que os nutrientes são mais absorvidos pelo organismo do cão que come AN do que aquele que come ração.
• “Meu cão nunca mais vai querer comer ração”. Cães gostam de novidade, então se ele ficar um tempo sem comer ração quando você oferecer novamente ele pode se sentir mais atraído ainda. É claro que, se o cão sempre teve dificuldade para aceitar a ração industrializada, esse comportamento vai permanecer. Possivelmente ele vai preferir o que agrada mais seu olfato e paladar. Mas é possível utilizar a ração esporadicamente, quando você não conseguir preparar a comida ou quando for viajar com seu cão, por exemplo. 
• “Qualquer comida que você ingere pode ser servida para seu pet?”. Uma refeição balanceada para o seu animal, conforme recomendado, deve conter apenas carboidratos naturais, como grãos, batata doce ou batata salsa, por exemplo. Não pode ser oferecido alimentos totalmente crus ou processados. Deve ser evitado condimentos, temperos fortes, frutas cítricas, como laranja, abacaxi, uva, entre outros.
• “Ração é o melhor alimento porque é completamente balanceada”. Qualquer ração contém alta quantidade de carboidrato e isso por si só, já vai contra a fisiologia do cão e do gato. Uma alimentação ideal deve conter pouco carboidrato, uma vez que o cão é considerado carnívoro por natureza e precisa de uma alimentação a base de carnes, mas também balanceada com outros alimentos.
• “Todas as rações são umas porcarias. Nenhum cão ou gato deveria comer ração”. A ração não é um alimento ideal. Mas, na impossibilidade de dar uma alimentação natural, é melhor dar uma boa ração (com o menor nível de grãos possível, menos transgênicos, com conservantes naturais…) a dar restos de comida humana ou uma alimentação desequilibrada e sem acompanhamento.
• “A comida natural para cães aumenta o apetite”. Isto está relacionado ao fato de a alimentação natural ser mais palatável que a ração, e ter odores e sabores variados. O importante é não confundir esse comportamento com fome. Se você seguir a quantidade adequada prescrita pelo veterinário nutricionista, seu cão não estará passando fome.
• “Comer comida natural diminui o consumo de água”. Isso porque a alimentação caseira e balanceada possui cerca de sete vezes mais água do que a ração em grãos. Seu cão vai aproveitar ao máximo a umidade dos ingredientes e, consequentemente, diminuir o consumo de água.
•  “A comida natural vai aumentar o tártaro nos cães”. Mas para limpar os dentes e evitar o tártaro, ofereça ossos recreativos uma vez por semana. Nada de ossos de couro, defumados, coloridos… é osso cru, osso de verdade! Escolha o que mais se adequa ao tamanho do seu pet (bem maior do que a boca dele aberta) e analise a rigidez (não tão duro que possa machucar na hora de roer). É muito importante cuidar da saúde oral dos pets, pois o tártaro pode causar inflamação sistêmica.
•  “A ração é mais prática”. Porém hoje já existem opções de alimentação natural preparadas por empresas especializadas para que os tutores possam receber o alimento pronto para oferecer ao seu animal.
• “As porções servidas variam de acordo com o porte do animal?”.  A quantidade de alimento natural oferecido irá variar de acordo com o porte do animal, bem como com a atividade física, a idade e se o cão tinha alguma doença pré-existente.
• “O animal que consome ração corre mais risco de contrair doenças do que o que consome AN”. Isto está relacionado a qualidade dos ingredientes que compõem as raçoes industrializadas, além dos conservantes e condimentos. Estudo mostram que o aumento na incidência de doenças, como o câncer, pode estar relacionado a alimentação que o cão recebe ao longo da vida.
• “É muito difícil dar alimentação natural para gatos”.  Os gatos se não forem acostumados desde filhotinhos com a AN, dificilmente vão comer de cara a comida. Os gatos são mais seletivos e enjoam fácil dos alimentos. É preciso muita paciência para conseguir introduzir e manter uma AN para gatos que deveria ser idealmente, a base de carnes.
• “Cães com doenças como obesidade, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, problemas de pele, diabéticos, com câncer e etc devem receber uma AN especial”. A formulação de uma dieta para esses animais é completamente diferente de uma AN para um animal dito saudável. Cada uma dessas patologias requer um equilíbrio diferente de macro e micro nutrientes e nesses casos, a adição de nutracêuticos específicos para casa caso.
• “Dar frutas para os cães é saudável”. Frutas são liberadas com moderação (exceto abacate e uva) para animais ditos saudáveis. Em animais obesos, diabéticos, insuficientes renais e outros, mesmo o tipo e quantidade de frutas devem ser balanceados. Não se esqueça que o açúcar das frutas é a frutose e também é maléfica em excesso. Além disso, frutas contém carboidratos e devemos ter cuidado com excesso de carboidratos para cães.