Thomas Pierosan

A política brasileira está recheada de mentiras. Não é por acaso que quem mente, muito comumente, está no poder, e quem não o faz, não só não está, como muitas vezes nem conhecido é. Não estou me referindo a dilemas éticos, diferentes formas de se transmitir uma mesma verdade ou até mesmo pequenos tropeços, por mais que todos esses também mereçam a nossa atenção. Refiro-me à mentira deliberada, calculada e planejada para se atingir determinados objetivos, muitas vezes irrigada com dinheiro público ou oriundo de corrupção.

Acredito ser de fácil concordância para qualquer observador atento e honesto que as Fake News são largamente utilizadas por setores da direita e da esquerda, principalmente pelos extremos, porque ser um extremista é justamente acreditar que as suas ideias devem urgentemente estar no poder e, para isso, todosos meios possíveis e sujos são utilizados.

Nesses momentos é necessário lucidez e sobriedade às pessoas em geral. É importante entender: nós somos objetos de desejo daqueles que querem estar no poder porque eles precisam do nosso apoio e voto para isso, para exercer poder sobre nós. Isso não está necessariamente errado, é a regra do “jogo”, mas deveria nos levar a uma predisposição de desconfiança em relação aos políticos, e não de bajulação. O político, a priori, não é seu parceiro: ele quer o seu apoio para ter poder sobre você!

Se o político quer ter poder e você quer viver em um país melhor, com bons governantes, o mínimo que deve ser exigido é verdade e transparência, não se pode tolerar Fake News de nenhuma forma. Aquele que mente para você para ter o seu apoio não hesitará em persistir com suas mentiras para permanecer no poder e chegar a outros objetivos escusos.

Deve-se ter atenção redobrada àquelas mentiras que falam exatamente o que queremos ouvir. Temos a tendência de gostar dessas, porque reforçam nosso ponto de vista, mas não podemos transigir: o caráter de quem faz Fake News a favor das pautas que você acredita é o mesmo daquele que o faz a favor das pautas de que você é contra, afinal, a prática é a mesma. Não admita Fake News.

As Fake News sempre têm o objetivo de inflamar o ânimo de um grande número de pessoas. Elas mexem com valores que são importantes a um determinado grupo, justamente para causar uma forte indignação, levando a um grande compartilhamento desse grande “absurdo”. São sensacionalistas, aguçam a emoção e o encanto pela “novidade”. Elas têm uma outra característica interessante: normalmente vêm carregadas de teorias da conspiração, como se a partir de agora se estivesse sabendo de algo que ninguém mais sabe e que não é divulgado em lugar algum. Acredito que devemos ser mais céticos quanto a isso. Será que você realmente sabe de algo inédito porque isso está em uma corrente de aplicativo? É preciso, no mínimo, investigar e ir mais a fundo, a não ser que estejamos satisfeitos em sermos enganados. Existem comunicadores e influenciadores honestos de diferentes matizes ideológicas que podem ser acompanhados. As informações podem ser checadas em diferentes veículos de informação sérios, de grandes a pequenos.

A prática da mentira é muito próxima à de um ato de covardia. É uma forma de pegar um atalho para se chegar a um destino, evitando o caminho correto; porém, é um atalho falso, criado na imaginação: ele não existe. Ela evidencia a falta de coragem de lidar com aquilo que é real. O mentiroso não quer encarar a realidade como ela é; quer construir as suas próprias artimanhas para atingir objetivos egocêntricos e narcísicos. Ele provavelmente sofrerá as consequências impostas pela própria vida a esse tipo de postura. Muitas pessoas consideram a possibilidade de mentir, mas não conheço nenhuma que aprova a mentira quando se é o alvo dela; isso é uma grande contradição. Escolha o caminho mais difícil, sólido e correto: o daverdade.