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Caroline Pierosan

15/09/2020

A Vida Abundante

A justiça sempre fala ao ouvido de quem ela precisa convocar

Muitas vezes, é preciso que um único homem, ou mulher, levante-se contra a injustiça, para motivar multidões. Quantas vezes essa pessoa deixou de ser você?

Pode parecer estranho falar de vida em meio à uma pandemia, quando a morte nos assombra tão de perto. Mas sim, é justamente quando a morte está perto, que torna-se fundamental refletir sobre a vida. Há uma morte bem pior que a física (por meio da COVID-19, por acometimento de qualquer outra enfermidade, ou pelo passar do tempo). Há um tipo de morte, silenciosa, que nos ronda o tempo todo e desde sempre: a morte espiritual. Essa, é típica do nosso povo, já que o brasileiro tem por tradição, a omissão.

Povo sofrido, aprendeu que era melhor “ficar quieto para não apanhar”, que talvez, o silêncio, em tantas situações, geraria menos sofrimento que a voz. Dessa forma, fixaram-se profundamente em nossa cultura as raízes do medo. Medo de falar, do julgamento alheio, medo da perda. Como desesperados, com medo de carecer da subsistência (coisa que muitos de nós não precisamos mais temer hoje) evitamos conflitos, responsabilidades e comprometimentos. Evitamos “mexer na ferida” enquanto contemplamos a injustiça crescer ao nosso redor o tempo todo: mentiras, maus-tratos com pessoas e animais, corrupções em nossa família, em nossas empresas, e, por fim, no governo. Instaurada está, a morte espiritual.

A origem da morte espiritual reside na falta de posicionamento. Ela se arraiga quando passamos a viver pensando apenas no que podemos ganhar das pessoas. Quando adaptamos nosso discurso, dependendo do que poderemos conquistar em cada situação, até o ponto de nem mesmo sabermos mais o que realmente pensamos, acreditamos ou fazemos. A mentira leva à confusão mental de todos ao seu redor mas, principalmente, do seu autor. De repente, não saberá mais o que diz, pois a ilusão inventada lhe parecerá realidade. Passará a confundir versões, histórias e sentimentos, numa habitude frenética de tentar controlar as reações das pessoas até não saber mais quem é. Eis: a morte espiritual.

A justiça não pode existir apenas quando nos beneficia. A justiça deve ser para todos, em todo o tempo: até para nós mesmos. Todos devemos ser promotores dela, a cada passo, a cada olhar, a cada respirar. Quando protegemos nosso irmão (companheiro de jornada humana) protegemos a nós mesmos. E esse é o princípio da vida abundante. Quando você se posiciona, você “ressuscita” outras almas. Por isso, muitas vezes, é preciso que um único homem, ou mulher, levante-se contra a injustiça, para motivar multidões. Quantas vezes essa pessoa deixou de ser você? Quantas vezes a crença no “não vai adiantar nada” te parou de falar, de agir, de questionar... até mesmo de votar? Votos nulos e brancos: as pessoas se anulam declaradamente. Se anestesiam, e vão passando o tempo, sem “opinar”.

Lembremos sempre que “a paz sem voz, não é paz, é medo”. E que a “paz dissociada da justiça” também não é paz, é um capricho para poucos. A justiça precisa que os vivos a defendam. A vida abundante, a vida de verdade, tem, tão somente, uma única natureza: o posicionamento. Uma vida sem posicionamento é uma covarde e irrelevante sobrevivência.

Como aplicar isso ao seu dia a dia? Você saberá o que fazer. A justiça sempre fala ao ouvido de quem ela precisa convocar. Quando ela falar contigo, atenda o seu clamor. Cada um de nós sabe em relação ao que tem sido omisso. No meu caso, era em relação à política, e eu decidi despertar. E você? Em que sentido precisa “levantar”? Essa NOI está cheia de convites para te motivar! Levante-se, posicione-se e viva. Experimente a vida abundante. Você pode “ressuscitar” uma multidão. Pense nisso! Lhe desejo uma ótima leitura.