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Caroline Pierosan

15/07/2020

Braços Cruzados, Sim ou Não ?

Podemos passar a vida ignorando isso ou procurar compreender o processo e verificar o que gostaríamos de moldar para melhor atingirmos nossos objetivos pessoais e profissionais ​​

Eu gosto de "equilibrar" as pessoas, no sentido de sempre tornar a sua mensagem muito clara para o receptor. Foto: Josué Ferreira

 

Sim, o corpo fala. A produção fala, a maquiagem, os adereços, o cabelo, a postura corporal fala. Os trejeitos falam, os vícios de linguagem, a forma de olhar... enfim, o simples existir fala, e conta coisas a nosso respeito, o tempo todo!

Podemos passar a vida ignorando isso ou procurar compreender o processo e verificar o que gostaríamos de moldar para melhor atingirmos nossos objetivos pessoais e profissionais. 

A pergunta que gerou essa reflexão foi: devo fotografar de braços cruzados?

Não acredito em determinismos uniformizados porque cada pessoa é única, os projetos são diversos, e, muitas vezes, os objetivos profissionais de cada um também são opostos. Então, se você me perguntar: eu devo evitar estar de braços cruzados? Eu direi: depende.

Qual é o seu objetivo?

Tudo começa daí, além de definir quem é o seu público e qual mensagem você quer passar a ele.

Eu gosto de “equilibrar” as pessoas, no sentido de sempre tornar a sua mensagem muito clara para o receptor. Então eu costumo perguntar para o meu cliente: qual o seu objetivo com essa foto / texto / vídeo / projeto? 

Dependendo do objetivo nós adaptamos o trabalho (com ou sem braços cruzados).

Por exemplo: digamos que eu seja uma jovem profissional, de beleza exuberante, sem tantos anos de experiência, que precisa comunicar credibilidade – é melhor fotografar sorrindo, superdescontraída, parecendo uma menina simpática, ou é melhor ter uma atitude mais séria, com braços cruzados? Você me diz...

Por outro lado, imagine que eu sou uma senhora com mais de 60 anos, com um currículo de peso, precisando me aproximar de clientes mais jovens. Eu devo sair séria na foto, com braços cruzados, vestida de cores sóbrias? Ou eu posso tentar “aliviar” a minha imagem para criar alguma conexão com um público que não gosta de coisas tão formais? Você me diz...

Então a tal regra – “nunca cruze os braços pois é uma atitude fechada” – é questionável. 

E se for essa a atitude que me serve nesse momento? 

O importante – para além das regras – é termos consciência de que estaremos comunicando – com absolutamente todo o nosso ser, sempre.

Muitas pessoas resistem a pensar nesse assunto e dizem “eu sou mesmo assim”, ou “eu gosto de me vestir desse jeito, pois é como me sinto bem”... e são livres para isso.  Entretanto, normalmente, a resistência em se adaptar só prejudica o emissor da mensagem. Sem coordenar “como” você vai “aparecer” (ou ser fotografado) você acabará tendo que argumentar muito mais sobre suas propostas, planos e opiniões... tudo porque não quis “ajudar-se” com a sua comunicação visual. 

Em algumas situações, nada do que você disser (verbalmente) resolverá, pois tudo o que você mostra (com sua figura) te contradiz. 

Pensar nisso (ou não) sempre será uma escolha sua. Mas que você comunicará algo (controlada ou descontroladamente) é fato.

Eu procuro ser eficaz (e ressalto que sou e serei uma sempre aprendiz). Eu experimento e aprendo. Observo e aprendo. Aplico e aprendo. Erro e aprendo. Acerto e aprendo. Apesar disso, todas as “dicas” que eu publico aqui (e em outros canais) são aprendizado comprovados. Ou seja, além das teorias, eu escrevo sobre situações que já vivi e que constantemente aplico. 

A partir disso, seguem algumas dicas bem práticas, construídas a partir dos principais desafios que enfrento quando coordeno sessões de fotografias profissionais de pessoas:

1)    POSTURA - algumas pessoas não costumam olhar-se no espelho com o intuito de análise e não têm noção do quanto sua postura está “torta” / corcunda / estranha. A postura ideal para fotos de trabalho é com a coluna alinhada, pés paralelos ou levemente em diagonal, ombros “para trás” e rosto reto (muitas pessoas entortam o pescoço instintivamente, procurando demonstrar simpatia, mas isso não fica bom na foto). Algumas mulheres também tem o hábito de erguer muito o queixo (para “alinhar” o pescoço) mas isso lhes confere um olhar demasiadamente altivo. 

2)    MAQUIAGEM - demais é um problema, mas de menos também – ambas as situações prejudicam a foto – é preciso compreender que a produção para a imagem fotografada é diferente da produção para a aparição presencial em eventos (mulheres confundem isso). Então não é porque você ama a maquiagem de festa que ela vai ficar boa nas fotos de trabalho. Não é porque você “não gosta de maquiagem carregada” que você não deve fazer uma produção completa para fotos de trabalho. Encontre um profissional que possa realizar uma produção apropriada e confie nele. Não faça a produção sozinha.

3)    APOIO -  a maioria das pessoas gosta de se apoiar em algo – mas o ideal é que aprendamos o posicionamento livre para a câmera – sem apoios.

4)    POSES PRONTAS - alguns fotógrafos já tem um repertório de poses prontas, e ficam tentando “encaixar” a pessoa nisso. Cuidado: cada ser humano é único, e não é porque “a pose com a mão no queixo” ficou boa para uma pessoa que vai ficar boa para a outra – é preciso olhar o profissional, identificar seus pontos fortes e fracos e compor a partir disso. Fotógrafos com essa sensibilidade são raros. Se você encontrar alguém que valorize seus melhores ângulos, “caminhe” com essa pessoa (posso indicar alguns profissionais).

5)    PERIODICIDADE - muitas pessoas fizeram uma foto profissional aos seus 25, 30 anos, e usam essa foto para sempre! Para fins de publicidade, na revista que coordeno, sempre gostamos de fazer fotos novas, ou usamos fotos de, no máximo, “um semestre de vida”. É importante revitalizar o seu banco de imagens pessoal pois hoje, cada vez mais, precisaremos de fotos para redes sociais, projetos de comunicação e participações na imprensa. Você não pode usar a mesma foto para tudo. Tenha as suas fotos de perfil, mas tenha fotos “novas” para enviar para um comunicador, caso ele precise delas instantaneamente.

6)    TRATAMENTO - muitas pessoas não aceitam o seu peso, suas rugas, ou certos aspectos físicos e exigem dos fotógrafos SUPER tratamentos que acabam por deformar a foto. Outras, querem economizar muito e pedem o “desconto porque não precisa de tratamento”. Atenção! Toda foto precisa de revisão – leve e sutil, mas precisa. O ideal é encontrar o profissional que saiba capturar bons ângulos, com boa luz e que faça um tratamento de bom gosto. Esqueça a ideia de que o PHOTOSHOP resolverá a sua vida. Não é assim. Super tratamentos são constrangedores (todo mundo percebe que a foto virou um desenho).

7)    AVERSÃO - há quem não goste de fazer foto e é muito triste lidar com profissionais (de alto escalão) que acham que basta um clique para que a foto ideal passe a existir. Esses normalmente ficam provocando o fotógrafo “você não conseguiu ainda”, como se a culpa fosse dele. Algumas pessoas, enquanto são fotografadas, não param de fazer piadas com a situação. Entendo que possa ser uma forma de lidar com a insegurança, mas é preciso que nos conscientizemos de que, muitas vezes, para conseguirmos uma foto aceitável, são necessários vários cliques. A foto é um fenômeno – e o fotógrafo precisa entrar em sintonia com o fotografado. Quanto mais um colaborar com o outro, pacientemente, melhor.

8)    TEIMOSIA - há que não goste de receber orientação sobre sua produção, vestimenta, postura e, tampouco, sobre o melhor lugar para a foto. “Quero fazer aqui na minha mesa”, dizem, apontando para um canto escuro da sala. Pacientemente tentamos explicar que ali não há luz suficiente para produzir boas fotos, mas o fotografado insiste que “tal quadro” precisa aparecer. A cena que vemos com nosso olhar é diferente da que mostraremos em quadro (na foto digital ou impressa). Confie no profissional que você contratou para te conduzir (produtor ou fotógrafo) – se você não gostar do resultado, troque o profissional – mas não fique “lutando” com ele na hora da sessão de fotos – será uma perda de tempo sua e do fotógrafo pois, se ele alertou que a foto não ficaria “boa” ali, ele tem motivos técnicos para isso – que talvez você não compreenda. 

9)    HORÁRIO - dependendo de cada projeto (se for com fotos externas, por exemplo), há hora do dia ideal para capturar a foto. Observe orientações quanto a fotos realizadas de manhã cedo (normalmente temos o rosto mais inchado), ou quanto à luz externa (o sol das 12h não é ideal para fotos externas) ou com relação ao tempo de duração da luz (se você for fotografar no final da tarde a variação de luz será muito grande e você não terá um ensaio harmonioso). Não force o fotógrafo à sua agenda. Ouça o que ele pede e adapta-se pois isso será fundamental para o resultado das fotos que você usará pelos próximos 6 meses. 

10)  VÁCUO - é impressionante o quanto não temos boas fotos que nos representem profissionalmente. Ter um banco de imagens pessoais deveria ser tão importante quanto ter documentos. Uma boa foto de trabalho é uma importante ferramenta profissional, num universo que, cada vez mais, exige que nos comuniquemos. Muitas pessoas não querem “gastar” com isso, sequer fazendo ou trabalhando com bons profissionais.

Não pense mais assim. Invista na sua comunicação e perceba o retorno que isso gerará.