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Caroline Pierosan

01/03/2020

"Celular: Ameaça ou Solução?"

A Transformação Digital desafia a todos, profissionais de qualquer área, segmento e faixa etária, exigindo importantes decisões

Se você mantiver a sua essência, você pode mudar o canal. Se você mantiver a sua essência, você pode diferenciar o formato. Se você mantiver a sua essência, você pode falar com novos públicos. Se sua essência for verdadeira, o formato poderá ser transformado o quanto for, e o seu negócio sobreviverá. (Foto: Josué Ferreira)

Meu primeiro estágio profissional na área do jornalismo foi na RBSTV Caxias do Sul (em 2008). Eu sempre gostei de fotografia, e amava escrever. Participei do processo seletivo sonhando em ir parar na redação do jornal para poder “expressar todo o meu talento”, mas a tão cobiçada vaga da TV “caiu” para mim. Ok, pensei. “Não vamos desperdiçar essa oportunidade”. O grupo empresarial de comunicação selecionava um estagiário por semestre para atuar na praça da Serra Gaúcha, então, realmente, era uma chance única.

Nunca vou esquecer o que o coordenador de jornalismo me disse na época, ao comunicar que eu havia sido a selecionada, “aqui você vai aprender o que quiser, só depende de você! Seja ousada, peça as coisas, voluntarie-se e você vai poder fazer tudo!”. Ante tamanha possibilidade, meus olhos brilharam. “O que eu quiser!”, sonhei. E era quase verdade! Sim, passei pelo setor de produção (onde minha missão era ter ideias de pauta e organizar tudo para que as matérias acontecessem, como agendar locação, conseguir alinhar os horários da fonte e do repórter, ver que itens precisam constar na cena no dia da gravação, etc).

Tive oportunidade de “ir para a rua” fazer matérias (como uma repórter de verdade, com o microfone de canopla e tudo), e foi uma experiência muito legal. Pude ser editora (preparar o material para ir ao ar depois que as gravações chegam na redação - e ainda peguei a fase das gravações em fita VHS – ou seja, edição linear!). Na bancada do tradicional Jornal do Almoço e do RBS Notícias eu também pude gravar “pilotos” de apresentação dos jornais. Enfim, fiz quase, quase tudo. Entretanto havia uma função (a que eu realmente queria), que considero uma das mais interessantes, que eu não pude exercer: a de diretora de imagem. Por quê? As câmeras eram muito pesadas...

Eu até tentei algumas vezes – que meus colegas homens cinegrafistas eram muito legais e me deixaram tentar – mas era impossível. Realmente não dava. Eu mal conseguia elevar a câmera ao ombro (posto ideal para o equipamento estar se você quisesse captar imagens estáveis). Ela era imensa e pesava “uma tonelada”. Então, quer dizer, não havia mulheres cinegrafistas na TV até meados de 2010. Dá para acreditar?

Mais adiante fui convidada pela BAND TV para assumir a posição de “cinerepórter” (também chamada de ‘abelhinha’) da Serra Gaúcha. Nesse momento, com uma câmera bem menor. Ali sim, eu pude “fazer tudo”. Dessa vez, pude gravar as minhas próprias imagens. Fui bastante elogiada pelos colegas cinegrafistas mais experientes da central em Porto Alegre, “eu não sei o que você faz, mas suas imagens ficam muito boas!”, me disseram. Nessa função foram dois anos intensos. O processo produtivo consistia em sair para a rua e captar as imagens com a câmera (em alta qualidade, para serem exibidas na TV).

Depois era preciso voltar, “baixar” as imagens para um computador e editar num programa bastante complexo (onde você seleciona as cenas, o áudio, enfim, faz toda a montagem da matéria). Nesse processo, eram empenhadas várias horas. Além disso era preciso ter uma boa conexão de internet para poder enviar a matéria já pronta, em alta qualidade, para ser exibida a partir da central em Porto Alegre. As vezes essa transmissão levava outras várias horas. Era o trabalho de um dia inteiro para produzir e exibir um minuto e meio de matéria. Nossa!

E hoje?

Tiro o celular do bolso, peço para um assessor gravar enquanto converso com alguma autoridade referência em determinado assunto. Em cinco minutos o conteúdo (que as vezes chega a 7, até 10 minutos de gravação) está postado numa rede social. Em poucas horas centenas de pessoas podem ver a entrevista; em alguns dias milhares podem acessá-la e assim sucessivamente. O melhor, o conteúdo fica hospedado para quem quiser ver mais tarde, a qualquer momento. Basta apertar dois ou três botões e posso mostrá-lo, a quem quiser.

Vou confessar que demorei para levar esse formato “a sério”. Imagina! Publicar conteúdo de qualidade numa rede social? Não tem credibilidade! Não tem isso, não tem aquilo... Sim, para fazê-lo, uma série de pré - juízos precisaram ser superados, em prol da essência. Em prol da rapidez, em prol da amplitude. E sigo experimentando.

Em 10 anos os avanços tecnológicos fizeram com que a forma como vivemos nossas vidas mudasse mais e mais rápido do que nos últimos 50. Isso surpreende e nos preocupa, muito! Vivemos um tempo de angústia e, até, de certa culpa. O que afinal temos que fazer? Qual dos nossos processos temos que mudar primeiro? O que é válido considerar e o que devemos ignorar? Devemos correr atrás de seguidores ou prezar pela qualidade? Devemos fazer ambas as coisas? Devemos seguir tradição ou reinventar? Devemos aposentar máquinas, processos e hábitos ou seguir fazendo como sempre foi feito e respeitado? Devemos seguir nossos costumes ou aprender uma nova cultura?

Precisamos de ajuda? Com quem devemos buscar auxílio para nosso negócio se mantenha relevante? Como será o próximo passo? O que precisa ser feito hoje para garantir a notoriedade do nosso produto ao consumidor amanhã? São as perguntas que temos e as perguntas que ouvimos de empresários de diversos segmentos. São os questionamentos para o quais todos estão buscando respostas. Em meio a tudo isso, três certezas:

1.Tudo está sendo transformado.

2.Toda a transformação hoje passa pelo formato digital.

3. A Comunicação Qualificada Pessoal e Corporativa é, mais do que nunca, extremamente necessária.

A “maneira digital de fazer as coisas” envolve, mais que tudo, duas questões: a velocidade e a exponencialidade. A interconexão torna grande parte das pessoas acessível, o tempo todo. A amplitude de alcance faz com que as mensagens cheguem cada vez mais rápido aos receptores. Os negócios ficam mais velozes, as possibilidades sem ampliam, para mais longe, para mais gente. O cliente também tira o celular do bolso e, com isso, tem acesso a todo tipo de informação. Ele está no comando, hoje, mais do que nunca. Com poucos cliques, também pode incluir ou excluir marcas e pessoas de sua vida digital. Inovar exige coragem, mas com certeza, se as mudanças forem estudadas e bem-feitas, os resultados também se adaptarão aos novos formatos podendo surpreender até os gestores mais tradicionais. 

A mudança é um processo que exige recursos (investimento, tempo, energia, estudo e muito mais). Mas é melhor parar para assumir as rédeas do processo, do que ser atropelado por ele. Nessa jornada vale a pena ouvir quem já se aprofundou no assunto e quem já estruturou metodologias de comunicação e de transformação digital que podem nos ajudar a tomar as melhores decisões no intuito de manter a essência dos nossos negócios, modernizando-os e potencializando retorno.

Mais que nunca é preciso entender o que mais importa dos nossos negócios, o formato ou a essência? Se você mantiver a sua essência, você pode mudar o canal. Se você mantiver a sua essência, você pode diferenciar o formato. Se você mantiver a sua essência, você pode falar com novos públicos. Se sua essência for verdadeira, o formato poderá ser transformado o quanto for, e o seu negócio sobreviverá. 

Daqui por diante, tome boas decisões!

 

*publicado na edição novembro / dezembro 2019 da revista NOI