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Caroline Pierosan

26/10/2020

Como Criar Uma Boa Entrevista?

Quem não sonha com o dia em que será chamado para conceder uma entrevista?

Entrevista com Jaime Andreazza. Foto:  Josué Ferreira Entrevista com Equipe Voltatec. Foto:  Josué Ferreira Entrevista com Equipe Sterah. Foto:  Josué Ferreira Entrevista com Marisa Ana Carletto Faro. Foto:  Josué Ferreira Entrevista com Vinícius Benini. Foto:  Josué Ferreira Entrevista com presidente do Centro Empresarial Flores da Cunha. Foto:  Josué Ferreira Entrevista com Antônio Cesa Longo, presidente Agas RS. Foto:  Josué Ferreira Entrevista Ademir Pierosan. Foto:  Josué Ferreira

Todos nós, não é verdade?

Entretanto, com a popularização dos canais de comunicação nos vemos, muitas vezes, “do outro lado”, tendo que fazer lives e convidar pessoas para conversar conosco, em público! 

As entrevistas passaram a ser, cada vez mais, eventos corriqueiros na vida de muitos profissionais (que não são, necessariamente, técnicos da comunicação).

Por meio de lives, webnars, e dos mais diversos formatos de gravação e transmissão de vídeos, profissionais de qualquer área passaram a conceder e a conduzir entrevistas.

É muito importante preparar-se para conceder uma entrevista, mas, e para realizá-la, há preparação?

Sim! E como fazê-lo? Como ser um bom entrevistador?

Nesses 15 anos de prática profissional, entrevistando pessoas dos mais diversos perfis e faixas etárias, compilei 10 recomendações que podem te ajudar!

Um entrevistador talentoso e bem preparado será o facilitador do compartilhamento de informações e emoções relevantes (e por que não inéditas) do convidado. 

A presença e a atuação do bom entrevistador garantirá que a entrevista “caminhe” pelo percurso dos assuntos mais relevantes e pertinentes para o público alvo (que muitas vezes podem ser diversos dos interesses do entrevistador ou, até mesmo, do entrevistado). 

Nesse sentido há dois tipos de “sucesso” no que tange a uma entrevista, bem como dois estilos bem distintos de entrevistar:

COMPETITIVO:

O estilo competitivo da entrevista coloca entrevistador e entrevistado em “lados opostos”, ou seja, o entrevistador quer (por meio da sua habilidade de persuasão, comunicação e intimidação) “fazer sair” as verdades que acha pertinente extrair da fonte, sem se preocupar com os objetivos dela. 

Esse entrevistador normalmente é um jornalista (muitas vezes investigativo) que percebe o entrevistado como um oponente que detém informações importantes para a “salvação do público”. 

Ou seja, ele (jornalista) precisa fazer a pessoa falar o que ele acredita que precisa ser dito! Esse entrevistador percorrerá caminhos tangentes na conversa e “jogará iscas” para tentar “pegar a fonte em erro”. 

Ele ficará indiferente a qualquer tipo de constrangimento do entrevistado pois, importa-lhe unicamente o seu resultado desejado e não qualquer conforto do outro. Esse tipo de entrevista se assemelha muito (no aspecto da energia da interação) a um inquérito policial, ou à inquisição numa audiência judicial. 

É um estilo raramente usado em redes sociais – pois essas visam prioritariamente, o compartilhamento de informações e a interação entre as pessoas de forma agradável. 

O intuito da rede é, muito mais, o de compartilhar a boa informação promovendo marcas, pessoas, produtos e soluções, do que o de realizar investigações (mesmo que sejam apenas “comunicionais”).

COLABORATIVO! 

O estilo colaborativo de entrevista é o preponderante atualmente. Ou seja, a partir de uma interação positiva entre interlocutor e convidado gera-se o “emanamento” de informações que são úteis e interessantes ao entrevistador, ao entrevistado e ao público. Há muito mais cortesia entre as partes pois o intuito é gerar um “clima amistoso” e agradável para todos os envolvidos (entrevistador, entrevistado e público). 

Pensando nesse estilo, compartilho recomendações interessantes para profissionais que precisam conduzir entrevistas no intuito de colaborar com qualquer pessoa que deseja ter uma atuação assertiva no papel de entrevistador. Essas recomendações nascem a partir de 15 anos de experiência, realizando entrevistas com centenas de pessoas dos mais diversos perfis e faixas etárias. Aproveite! J

PARA O ENTREVISTADOR:

1) ESTUDE: quem é o entrevistado? De onde ele vem, para onde vai, o que anda fazendo no momento? Como é o seu currículo? É muito importante você saber com quem você está falando para poder decidir tudo a respeito da sua entrevista (como se arrumar visualmente, qual o tom você vai usar, se você vai ser mais humilde ou mais ostensivo, se vai ser mais simpático ou mais sério, etc.) 

2) FUJA DO TRIVIAL: fuja de perguntas simplistas cujas respostas estão no currículo da pessoa. Por exemplo: “Você já escreveu algum livro?”. Se você viu o currículo da pessoa e sabe que ela é escritora assídua, pergunte algo do gênero: “Como você se sentiu ao publicar sua segunda obra?”. Ou, ainda: “Por que você acha importante um profissional da sua área publicar livros?”. Ou seja, inclua na sua pergunta a informação básica sobre a sua fonte e faça com que, a partir da resposta, ela diga algo que “não está escrito em lugar algum”.

3) PROCURE SENTIMENTOS: os fatos sobre essa pessoa normalmente estarão registrados e disponíveis em diversas plataformas de comunicação. O que você pode “fazer acontecer” nessa entrevista que será único e especial? O que essa fonte poderá contar apenas para você (porque você fez uma boa pergunta) que ela não contou para ninguém ainda, ou que, nunca chegará a contar?

4) SEJA CRIATIVO: não faça o que todo mundo faz. Prepare sua lista de perguntas livremente e depois volte a ela, perguntando à sua própria mente: O que mais eu poderia perguntar? Você terá muitas ideias interessantes nesse segundo (terceiro, quarto...) momento criativo, ao revisar o seu material. 

5) ORDENE: crie a ordem das suas perguntas com sabedoria. Uma boa conversa é um fenômeno de conversão de energia, muitas vezes a forma que você escolher para conduzir o assunto (o que você vai perguntar primeiro, por segundo... por último, etc) vai interferir diretamente no resultado. Pergunte primeiro algo sobre algum assunto que a pessoa gosta de falar (e isso você já estudou no currículo dela), ou que a deixe animada e confortável. Crie uma conexão e deixe assuntos mais polêmicos ou difíceis para o meio ou final da entrevista, lembrando de concluir com algum tópico positivo, num clima de felicidade. Tenha um Gran Finale! Guarde o melhor (ou, pelo menos, algo muito bom) para o final. O clima da sua entrevista deve melhorar com o percurso. Você não pode começar bem e “piorar” a cada pergunta. Melhore a cada momento. E conclua no ápice. 

6) ATENÇÃO: preste muita, muita, muita atenção à entrevista. Não faça perguntas cuja resposta já tenha sido dada apenas porque a questão estava no seu script. Perceba que, às vezes, a entrevista não acontecerá exatamente na ordem que você planejou (porque a mente do entrevistado pode te surpreender) e você precisará acompanhar o que está sendo dito, sem perder o controle daquilo que você pretendia ou ainda gostaria de perguntar. Por isso, estudar a entrevista com antecedência é muito importante. 

7) DESAPEGO: compreenda quando algo mais importante do que o que você previa começar a acontecer (por exemplo, quando um assunto inusitado vier à tona, a pessoa revelar um segredo, começar a se emocionar, etc... ). Aproveite o momento e abra mão de alguma das suas perguntas menos relevantes (se você tiver um limite de tempo para estar com a pessoa, por exemplo). Lembre-se sempre, você está tentando fazer algo único e original!

8) COMPROMISSO: sob hipótese alguma “abandone” o seu entrevistado. Ele deve saber, sentir e perceber, o tempo todo, que “você está com ele”. Faça contato visual, apoie as falas do entrevistado com gestos demonstrando que você compreendeu, que você concorda (ou não), enfim, demonstre que você “está ali”. Poucas coisas são tão desagradáveis quanto um entrevistador desatento, que coloca o microfone na frente do entrevistado e o “deixa falar” enquanto pensa em outra coisa. 

9) SENSIBILIDADE: perceba quando você precisará abandonar uma pergunta, assunto ou tópico porque o entrevistado não consegue falar do assunto com facilidade, ou porque se sente constrangido e/ou triste. Não insista. Lembre-se (principalmente se você estiver entrevistando alguém em alguma rede social) você não é um juiz ou um inquiridor. Passe ao próximo assunto.

10) SEXTO SENTIDO: use o seu feeling. Muitas vezes você vai ter vontade de perguntar algo que “não estava noscript” porque terá uma ideia que “surgiu ali na hora”. Ouse! Muitas vezes é nesse momento que nasce o ápice da interação. Você precisa ser capaz de criar algo inusitado, no momento. Normalmente o resultado é muito bom (mas lembre de perceber sempre como o entrevistado está se sentido).