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Caroline Pierosan

30/08/2019

Estado de Mente

O que mais importa em nossos negócios, forma ou essência?  

A criatividade humana não se limita a castas, não respeita horários, e não tem fronteiras

“Vamos conversar”, propus. Microfones acoplados ao corpo, uma única câmera (na mão de uma pessoa talentosa que se movimentava diante de nós) e muitas ideias para trocar. Isso enquanto passeávamos por um jardim rústico numa tarde ensolarada de sábado. O que fazíamos? Entrevista? Pesquisa? Amizade? Lazer ou trabalho? Certamente quando paramos para pensar em todas as novas possibilidades proporcionadas pela tecnologia nesse mundo conectado, concluímos que são muitas as quebras de paradigmas que precisaremos enfrentar. Em meio a tanto, o principal confronto, sem dúvida, será com o nosso próprio estado de mente. Quando compreendermos que nossa produtividade está intrinsicamente conectada ao fato de termos melhores ideias e que, para termos tais melhores ideias, precisamos estimular a máquina mais importante da nossa existência, nosso cérebro, entenderemos que muitas das soluções que tanto precisamos poderão surgir em momentos felizes de conexão, com raiz, talvez, em palavras que pessoas tenham falado no meio “daquela reunião”.

Nesse sentido, de fato, é difícil parar de trabalhar. Essa nova visão sobre o trabalho faz com ele, norteado pelo nosso propósito de vida, se mescle com absolutamente tudo o que fazemos. Quando você entende o seu propósito (e os muitos caminhos que poderão te ajudar a executá-lo) você assimila que não é mais tão importante delimitar local, horário ou métrica, para tudo. Das nossas experiências de vida nascerá o nosso melhor trabalho. Das nossas conexões com outras pessoas nascerão milhares de possibilidades. É como se mudássemos nossa chave mental, tirando uma pesada venda dos olhos, passando a enxergar tudo de uma nova perspectiva, com muita claridade. Nesse universo, o principal valor são os relacionamentos, pois a criatividade humana não se limita a castas, não respeita horários, e não tem fronteiras. Você pode querer separar e organizar a vida o quanto desejar, mas não conseguirá mais contê-la. A telefonista poderá te dar um insight com certa resposta e, na opinião do porteiro, poderá estar aquela grande solução. Quando você menos esperar o motorista do Uber poderá mudar o clima da sua ida engarrafada ao aeroporto te contado (por exemplo) a história da construção dos principais prédios da Cidade do México (que ele, em sua época de engenheiro civil, ajudou a projetar), justamente no único dia da sua vida em que você passará por lá; considerando o presente e um futuro próximo.

Um café com o fotógrafo que vai produzir o seu material publicitário pode te fazer ter uma ideia de pauta incrível. O debate com aquele cliente que gosta da sua companhia por horas (antes, talvez, consideradas perdidas) pode ajudar a mudar a sua estratégia de negócio do dia para a noite. A sua contribuição para o fornecedor que sempre se atrapalha com as entregas pode fazer com que ele consiga melhorar processos, impactando, com o que você sugeriu, a vida de todos os seus colaboradores. A nova mentalidade busca, juntamente (ou até antes) do lucro, o bem. Estamos todos juntos nesse barco misterioso do viver humano. A mente colaborativa olha o seu semelhante com respeito e com humildade que só a consciência da finitude de ambos poderia proporcionar. O colaborativo tem curiosidade sobre como o outro enxerga a realidade. Será que na sua forma de ver existe algo novo, que eu nunca tenha visto?

Essa edição está repleta de propostas inovadoras: energia limpa, transformação digital, tecnologia a favor da saúde e do planejamento familiar, uma forma mais culta de pensar sobre os alimentos e sobre o amor aos animais, além dos convites para passear por lugares inusitados da região e do planeta. Nunca antes a humanidade teve tantas possibilidades de crescer, unida, em prol de um melhor período de presença, enquanto habitamos a Terra. Mas é preciso que enxerguemos. O caminho do futuro está na colaboração, na comunicação e no sentido. A mudança é um processo exigente. Mas é melhor assumir as rédeas desse processo, do que ser atropelado por ele. O que mais importa nos nossos negócios, formato ou essência? Se você mantiver a sua essência, você poderá mudar formas, canais, e até de marca! Se você mantiver a essência, você poderá diferenciar caminhos. Se você mantiver a essência, poderá falar com novos públicos. Se sua essência for verdadeira, o formato poderá ser transformado, e o negócio sobreviverá. Daqui por diante, tomemos boas decisões!