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Caroline Pierosan

10/05/2018

Preço x Valor

“Pelo gosto de assinar o que nos orgulha”

Quanto custam nossos valores? Qual o preço do nosso melhor?

Quanto custam nossos valores? Qual o preço do nosso melhor? Ao longo deste ano, depois de escutar tantas e tantas vezes “não estou sendo pago para isso”, “ainda se eu ganhasse por essa atividade”, me obrigo a refletir sobre profissionalismo. Isso mesmo! Coisa que nós brasileiros, temos muita dificuldade de praticar. Na cultura do “jeitinho daqui e de lá”, jeitinho por todos os lados e nas mais inimagináveis esferas, no dia a dia do “quebra esse galho para mim” e do “sei que o prazo era ontem mas posso te entregar amanhã?”, fica complicado, eu diria, quase impossível, para os que realmente desejam, serem profissionais. Interessante como as pessoas reagem diferente diante das oportunidades e desafios que a vida lhes apresenta. Alguns, por pouco, resolvem simplesmente não fazer. Outros, diante de dificuldades fenomenais, superam tudo e realizam! Qual é o segredo? Ouso dizer que tudo depende da nossa determinação. Claro que na vida é importante saber seus limites e a hora de parar. Mas a verdade é que poucos de nós são perseverantes. Raros procuram soluções ao invés de apontar problemas, conseguem ouvir feedback e ser críticos consigo. Parece que o nosso maior interesse, acima de tudo (e muito mais valorizado do que bons resultados), é aquele “tapinha nas costas”, acompanhado de um elogio que sabemos não ser verdadeiro. Sim, preferimos isso, do que a dura crítica que, quando bem analisada, poderia nos fazer crescer. Acredito que profissionalismo é, antes de mais nada, querer. Querer fazer algo bom, pelo prazer de fazê-lo em si. Pelo gosto de “assinar” o que nos orgulha. Por entender que o bom (o nosso melhor) é a expressão de todos os nossos potenciais, em detrimento de estarmos sendo (bem ou mal) pagos ou não. Profissionalismo é responsabilidade. É comunicar ao outro (a quem trabalha com você) que estás pendente daquilo que assumiu, que vais realizar, ou então que não vais realizar e, por isso mesmo, pedir desculpas (ninguém é perfeito, mas a imperfeição não pode ser escusa para omissão). Ser profissional é ser transparente, é justificar tanto quanto possível, decisões e escolhas em relação a projetos que envolvem a participação de outras pessoas. É ter respeito pela equipe. Ser profissional é saber defender suas ideias até o último momento, separando muito bem o que é um bom debate de uma briga. Ser profissional é ser grato, muito mais do que pagar ou receber valores. É agradecer porque alguém doou seu talento, sua força, criatividade e seu empenho para participar do seu projeto, e vice-versa. Se profissional é meditar sobre o que você vai fazer e procurar o melhor caminho para realizá-lo. Ser profissional é dividir suas conquistas com quem te ajudou a alcançá-las, é creditar quem de fato merece as referências. Ser profissional é ter iniciativa para pagar o que deve e quando não puder pagar, procurar quem está aguardando um retorno para renegociar. Se profissional é corrigir os próprios erros e dar-se o trabalho de alertar o colega quando identificar um erro que ele não percebeu. Ser profissional não é “deixar o outro se ferrar”, afinal, o problema “não é nosso”. Tudo o que ficamos sabendo, se torna, também, um problema nosso. Enfim, por que falar de profissionalismo em época de férias? Por que mal podemos esperar o novo ano que se anuncia, sedentos por realizar mais projetos (sempre melhores e mais inovadores) ao lado de pessoas guerreiras que sabem e demonstram, todos os dias, que seu valor não tem preço. Uma pessoa de valores, não pode ser comprada, ou vendida, ou desiludida! Ela fará o seu melhor porque acredita em empreender, em realizar, acredita nos outros, acredita no bem, e acredita, sobretudo, em si mesma!