Menu

Caroline Pierosan

31/10/2019

PRESENÇA

“Temos, de fato, a nós”

"Não nos cabe o medo de absolutamente nada, nem de ninguém, nem de nenhuma situação, muito menos daquilo que ainda não somos. Nós podemos vir a ser!"

“Que mais queres? És bonita, tens estudo, namorado e carro... O que mais queres...?”, indagava a pessoa, resignada, sem entender “o que é que, afinal, me faltava”. Deu vontade de olhar bem no olho daquele ser e exclamar: “você!”. O que as pessoas querem? Já parou para pensar? Corremos para prover um monte de coisas quando, na verdade, nenhuma dessas atividades ou itens poderão realmente satisfazer as pessoas que nos querem. As pessoas querem o nosso olhar, o nosso sorriso, abraço, querem conhecer os nossos pensamentos, querem ouvir as nossas palavras, que, por si, são o veículo das nossas ideias, tão originais. As pessoas, afinal, querem umas às outras. É isso que elas querem! Até colocamos um monte de coisas entre nós mesmos, para, por meio de “provas”, testarmos se, de fato, temos uns aos outros - promessas, contratos, imóveis, anéis, carros... Só que nada disso substitui o que de mais valioso temos: a nossa presença. Investimos pouco tempo construindo, doando e compreendendo isso.

A gente acha que não vai mudar nada, que não é importante, que não será relevante. Ocorre que somos, de verdade! Quando assimilamos esse fato, passamos a falar mais o que sentimos – coisas boas e ruins. Passamos a elogiar quem está ao nosso redor, “porque sim”. Passamos a dar aquele feedback difícil, mesmo correndo o risco de sermos mal interpretados, porque queremos mesmo que o outro desenvolva plenamente o seu grande potencial. Nada, absolutamente nos substituirá. Entendamos a nossa importância. Encontremos o nosso lugar. Subamos ao palco da nossa vida. Falemos. Ouçamos. Não percamos tempo – não há como poupá-lo ou ganhá-lo. Há, apenas, como compartilhá-lo com as pessoas, de forma relevante, ou não. Contagiemo-nos, multipliquemo-nos, doando, recebendo e crescendo. A forma como você enxerga o mundo é única. E pode ser bonita! Quantas coisas você deixa de falar por medo? Medo do pensamento alheio, de perder um negócio (e não encontrar outro), de perder um relacionamento. Medo de perder tempo (como se realmente fosse possível guardá-lo). Medo... de mudar e de enfrentar algo novo.

Por que temos tanto medo? O medo é uma dúvida profunda a respeito daquilo que somos, do que podemos ser e da nossa importância para o mundo. É uma desconfiança a respeito da nossa responsabilidade para com ele, a respeito do significado da nossa existência. “O perfeito amor lança fora o medo”, afirma uma passagem bíblica que me faz refletir. O trecho prossegue corroborando meu raciocínio “Deus é amor”. E, ainda, “aquele que ama, conhece a Deus” (I Jo 4). Ora, se o próprio Deus é amor, se quem conhece a Deus ama, e se no amor não há medo, não nos cabe o medo, diante de absolutamente nada, nem de ninguém, nem de nenhuma situação, muito menos daquilo que ainda não somos. Nós podemos vir a ser! Se vencermos esse mesmo medo.

Desejo uma conclusão de ano e o nascer do próximo (2020) com muito amor e, sobretudo, com muita coragem para praticar o bem, sem qualquer temor. Faça aquilo que você sabe que deve fazer. Seja aquilo que você sabe que deve ser, fortalecido em amor. As pessoas não precisam de nada, absolutamente, nada mais importante que você. Até, porque, não há nada que você possa dar ou fazer pelos outros, que, algum dia, importará mais do que a sua preciosa e rara presença.