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Caroline Pierosan

02/07/2018

Quem Precisa de Quem Aqui?

O dinheiro é, entre tantos, apenas um instrumento

O que faria um ser humano sozinho, com todo o seu dinheiro?

O que faria um ser humano sozinho, com todo o seu dinheiro? Até mesmo o primeiro homem (reza a lenda) que tinha o mundo todo para si, quis companhia. “Adão se sentiu só, e, por isso, Deus deu-lhe Eva, à sua imagem e semelhança”. Verdade ou não, o conto reflete uma característica humana, nossa alegria não está em ter, mas em compartilhar. Negue o quanto quiser. Diga que o dinheiro compra tudo e, até mesmo, a bendita felicidade. Sabemos, não é verdade. O que seria de um espetáculo sem plateia? Da Copa do Mundo sem audiência? Do Facebook sem likes? Reconheçamos que, de fato, a vida não é linearmente hierárquica (ou seja, quem tem dinheiro tem todos). Não. A vida é cíclica, circular, enrolada e surpreendente. Ou seja, “quem tem dinheiro manda”, já não funciona tanto. Hoje estamos aqui, amanhã ali, hoje no topo, amanhã na tangente, agora à frente, depois atrasados. Precisamos parar de ver no dinheiro, nos títulos, nos bens, em qualquer coisa, um argumento para que nos coloquemos em qualquer “degrau” acima de alguém. A única coisa que, de fato, temos na mão, tendo o dinheiro, é: uma ferramenta. Mas não é “a” ferramenta, é apenas uma ferramenta, entre tantas – criatividade, talento, tempo, vontade, persistência, energia. O dinheiro não compra nenhuma das anteriores, e todas, absolutamente todas as anteriores, podem levar o dinheiro. Então? Quem tem o que? Quem precisa de quem? Pensemos!

Classe nos negócios, quanto nos falta? Tanto quanto perceber que o mundo mudou. Os jovens de hoje não pensam apenas no quanto vão ganhar, mas também em como vão se sentir. Muitos já entenderam que dinheiro não compra tempo o que torna muitas coisas e ações que anteriormente poderiam ser consideradas “irrecusáveis”, simplesmente não valerem mais a pena. É notório que o dinheiro também não é capaz de pagar a perda da saúde emocional, por exemplo. Foi-se o tempo em que as pessoas se submetiam a tratamentos abusivos e a superiores abusadores, ou a relacionamentos nocivos, porque as coisas “eram assim mesmo”. Diante disso, o raciocínio de “o outro ‘precisa’ de mim, por isso posso agir como quiser” é tão ultrapassado quanto pouco inteligente. Afinal, como já dito, o mundo não é linear, a vida não é hierárquica, e lucro financeiro não é mais tudo. As pessoas querem viver bem, querem usar o tempo que têm sentindo-se felizes com o que fazem e não apenas ganhando dinheiro.

Classe nos negócios! Dicas que aprendemos nesta jornada: não elogiar, criticar ou tecer comentários sobre a aparência ou atitude de alguém, a menos que a opinião tenha sido pedida. Não ameaçar nas entrelinhas romper um contrato anterior vigente, caso a pessoa não amplie o fornecimento, ou não nos dê gratuitamente algo que desejamos muito mas que já nos foi dito que não é possível. Situar os tratos, contratos e negociações no tempo e no espaço. Ser razoável com fornecedores, e não pedir deles aquilo que também não damos aos clientes. Para finalizar, nunca, jamais, never, ever, constranger ninguém perguntando “afinal, quem precisa de quem aqui?”, porque lembremos bem, o mundo mudou, e esse mundo atual dá tantas voltas que, se pudéssemos realmente compreender, ficaríamos tontos, ou quem sabe um pouco mais receosos de falar assim com alguém que, amanhã, pode vir a ser nosso cliente (ou não), quem sabe? Sejamos elegantes, mantendo com fornecedores a mesma postura que temos com clientes. E, claro, sejamos livres para romper relações que não agreguem nada mais que dinheiro à nossas vidas. Há muitas formas de conseguir dinheiro, já saúde e felicidade, essas sim, não têm preço! Então, qual a resposta ao nosso título? A resposta é que todos precisam de todos! Neste sentido, inspiremo-nos nas entrevistas incríveis que essa edição da NOI nos presenteia. Pessoas empreendedoras, e cheias de classe, que sabem bem, que a vida é uma celebração de trocas e encontros, esses sim, de valor imensurável.