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Caroline Pierosan

10/07/2020

Trabalho: Comunicação

Alguém com facilidade, porém carente em técnica, tenderá a ser apenas um ousado inoportuno...

Noções mínimas sobre comunicação podem ajudar todos os profissionais (de todas as áreas e "níveis") a desempenhar qualquer atividade, plano ou estratégia de forma mais eficaz

Quando não sabemos como algo funciona (ou é feito) tendemos a ver o resultado final e nutrir uma ingênua (e até bonita) admiração, um deslumbramento, algo como uma exclamação impressionada “nossa, como isso simplesmente veio parar aqui!”. A crença no acaso (que na maioria das vezes não é sequer consciente) é um sintoma típico da ignorância (no sentido de quem ainda não tem informações técnicas sobre algo). Vejo muitos elogiando produtos de comunicação, ou comunicadores em si, como se tudo o que eles realizam ocorresse pura e simplesmente como resultado do talento. Como se a atuação ou resultados fossem intuitivos, inatos ou involuntários. 

Não é assim. 

Sendo a comunicação, hoje mais do que nunca, uma ferramenta importantíssima para profissionais e empresas de absolutamente todos os segmentos e áreas, a carência generalizada de noções básicas sobre estilos, métodos, processos e “regras” de comunicação é preocupante. Comparo a situação de um profissional que não sabe nada sobre comunicação à de um ser humano, tentando viver no mundo de hoje, sem saber as quatro operações matemáticas fundamentais, ou, por exemplo, não sabendo o nome das cores. 

Noções mínimas sobre comunicação podem ajudar todos os profissionais (de todas as áreas e “níveis”) a desempenhar qualquer atividade, plano ou estratégia de forma mais eficaz. Além, é claro, indiscutivelmente, de ampliar o seu alcance e influência (próprios ou da equipe e marca que represente).

Passam por nós oradores “incríveis”, bons fotógrafos, escritores, ou até, aquele colega que não tem medo de dar uma opinião nas reuniões e pensamos “nossa, como essa pessoa tem facilidade”. 

Asseguro, não é apenas isso.

Alguém com facilidade, porém carente em técnica, tenderá a ser um ousado inoportuno (e há muitos com esse perfil – mesmo na área da comunicação). Ter facilidade quer dizer nada além disso: sua aquisição de técnica será mais fácil, o que não significa (em absoluto) que você não precisará enfrentar um processo de aprendizado.

Ressalto que todos podem superar a conquista de técnicas de comunicação – tanto os que possuem facilidade quanto os que dela carecem. Os que possuem facilidade talvez concluirão mais rápido, prestarão menos atenção, podendo até, ter a sensação de que “já sabem” – pois somos seres intuitivos que aprendem sem talvez ter registrado o aprendizado formalmente. Os sem facilidade poderão ter que lutar mais com as próprias barreiras mentais, talvez precisarão ficar mais atentos às explicações técnicas, mas poderão alcançar os mesmos (ou melhores) resultados do que aqueles super confiantes. 

O empenho vence o talento. Na área da comunicação não é diferente.

Aliado a esse argumento – de que todos hoje podem e devem adquirir noções técnicas básicas para bem comunicar, agrego: comunicar gera trabalho – e muito! Juntamente com essa sensação de “milagre”, percebo que existe no senso comum a ideia de que tudo que envolve comunicação é “muito simples” de ser feito. 

Não é difícil... é, porém, bastante trabalhoso.

Aparte a IMENSA responsabilidade que qualquer gerador de produtos de comunicação sabe que tem (eis que lidamos com a preciosa imagem e história de vida das marcas e pessoas) há muito estudo, técnica e debate envolvido (e multiplique isso por milhares de horas de trabalho aplicadas) para se gerar uma estratégia, plano ou produto de comunicação interessante. 

Fico constrangida (tentando sempre perdoar e compreender a humanidade ao meu redor porque sei que não se faz por mal) quando, por exemplo, sou convidada para um evento no qual então, eu poderei (palavras do anfitrião) “aproveitar e fazer umas fotos”... É como se, as fotos em si, simplesmente surgissem da máquina ao clicarmos o botão. Há muito desrespeito nesse sentido com profissionais da comunicação – mas ressalto que acredito mais que sejam gafes do que maldade: por conta da ignorância sobre como são os processos (todos) que envolvem o bem comunicar.

Por isso tudo, decidi ser um agente de mudança e contribuir com o mundo leigo – que hoje tanto precisa das ferramentas usadas por nós, comunicadores. Passarei a compartilhar, de forma mais organizada e sistêmica, o conhecimento adquirido ao longo de cerca de 20 anos de estudo e experimentação de mercado.

Até então algumas conclusões:

1) Comunicar é um árduo e importantíssimo trabalho.

2) Todos podem fazer desde que adquiram as ferramentas para isso.

3) É importante que comunicadores profissionais compartilhem suas bases técnicas para que o mercado compreenda melhor o que fazemos e possa, quem sabe, aprender conosco.

Convido que concluamos essa leitura desistindo, de uma vez por todas, da ideia de que comunicar é fácil, espontâneo, sugerido apenas para pessoas que nasceram com “facilidade”. Saber comunicar é possível e indicado para todos os profissionais que dedicarem-se a buscar o mínimo de informação sobre isso. Basicamente, seria como aprender a ler e escrever, ou, conforme citado acima, a realizar as quatro operações matemáticas.

Em breve falarei sobre as diversas áreas da comunicação (para que possamos escolher por quais caminhos vamos nos aventurar), sobre os diferentes profissionais da comunicação (para que compreendamos o que podemos aprender com cada especialista) e sobre as ferramentas de comunicação (para assim escolheremos quais delas vamos incluir na nossa vida a partir de agora).

Você gosta de trabalhar? Então você vai gostar de comunicar!

Como incentivo, se eu precisasse usar uma analogia para ilustrar a comunicação bem-feita, diria que é uma das melhores ações do mercado. Ela retorna o investimento (em tempo, estudo e dedicação) com muitíssimos rendimentos!

Decida comunicar-se melhor e prepare-se para atuar! 

Vamos começar?