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Clara Vargas

03/07/2019

Quando Pessoas Deixam de Ser Recursos Humanos

Pessoas Fazem a Diferença

"É preciso abrir mão, efetivamente, de um pensamento de busca de maior usufruto possível, para uma relação de troca real e efetiva"

Cada vez mais temos percebido a importância de revisitarmos nossos modelos mentais a respeito da relação entre as organizações e as pessoas que delas fazem parte. São elas as principais responsáveis por sua existência, sucesso ou fracasso. Por mais que isso ainda soe um tanto indigesto para alguns, as pessoas são a força motriz do funcionamento das organizações e do rumo que essas tomarão em sua história. E por que essa mudança no formato de relacionamento com o “recurso” humano nas empresas, causaria indigestão?

Por que para tanto, precisamos revisitar e remodelar pressupostos sobre o papel, funcionamento e relacionamento que iremos estabelecer com as pessoas nas empresas; abrindo mão, efetivamente, de um pensamento de busca de maior usufruto possível, para uma relação de troca real e efetiva, em que ambos têm a responsabilidade de dedicar-se a entender, reconhecer e validar (ou não) as demandas, propósitos, e formas com que o outro envolvido busca alcançar seus objetivos e, mais que isso, fazer uma escolha consciente e responsável sobre aceitar ou não fazer parte da relação. Com isso, aumenta-se muito a responsabilização de cada um dos envolvidos nesta relação sobre suas escolhas, e essa é a tal novidade indigesta (ainda), para muitos!

Presenciamos empresas realizando ações no sentido de demonstrar valorização das pessoas (vistas como parceiras), e em muitas delas, a efetividade se comprova em resultados. Porém é clara a necessidade de desconstrução do conceito de “recurso” quando o assunto é humanos! Um fato mostra-se irrevogável, as pessoas da organização não são recursos! São humanos com suas peculiaridades e precisam ser vistos, reconhecidos e valorizados; para que efetivamente se viabilize uma relação de troca! Enquanto os meios para o alcance de maior produtividade forem pautados na percepção do humano como recurso, estaremos com lindos discursos e brilhantes projetos que não sairão do papel, ou não terão efetividade em seus objetivos.

Devemos mudar nossa percepção sobre o humano nas organizações e sobre a forma de nos relacionarmos verdadeiramente com estes humanos. Para tanto, precisamos incluir em nossos projetos a percepção de que as pessoas são movidas pelo seus propósitos, com realidades diferentes e buscam objetivos muito claros. Nesse sentido, o papel da organização, para receber uma excelente produtividade e entrega dos humanos, é a busca constante de entendimento dos propósitos, capacidade de adaptação e negociação com esses, respeitando seus próprios objetivos, alvos e cultura; mas, realmente, abertos a negociações que favoreçam as buscas de ambos - organização e profissionais.

Enquanto nossos projetos para lidar com as pessoas nas organizações forem pautados na percepção desses como recursos, tais projetos estarão fadados ao fracasso; pois cada vez mais temos indivíduos conscientes de seus potenciais, conscientes de seus propósitos e determinados a alcançá-los, abertos a relações de troca e não mais de usufruto de seus potenciais. As pessoas que compõe as organizações vem mudando sua forma de ver o mundo e de se relacionar com ele. Com o mundo do trabalho não seria diferente! As empresas que já entenderam essa mudança, e que têm a disponibilidade de se relacionar diferentemente do que nas últimas décadas vem acontecendo, são as que recebem o melhor de cada indivíduo! Elas sim obtêm comprometimento afetivo dos profissionais para com suas atividades, potencializando suas capacidades, incrementando (em muito) seus resultados. Parabéns, a esses visionários!