Clara Vargas

Temos um novo convidado! Inesperado, indesejado, inoportuno, mas presente! E se fazendo perceber muito bem! Captando todos nossos pensamentos, sentimentos e mexendo em todo nosso (fantasioso) controle! Se apresenta a nós o COVID-19, nos convidando a uma reviravolta impressionante, não só em nossas rotinas, mas principalmente em nossas crenças, valores e prioridades!  É uma convocação aos cuidados com a saúde!

Mas qual saúde?

Naturalmente, neste momento, nossa “miopia” (que só nos permite enxergar “a um palmo do nariz”) preconiza os cuidados com a saúde exclusivamente física, fundamental para atravessarmos este furacão, entretanto, insuficiente para nossa sobrevivência a ele! A realidade nos convoca a atentarmos para como temos cuidado de todas as dimensões da nossa saúde, e tudo que dela faz parte – seja dentro de nós e também ao nosso entorno. Lembrando-nos de que estamos todos conectados, gostando ou não disto! A questão, agora, é: o que vamos fazer com esta comprovação?

Frente a situações imprevistas ou desconhecidas, cada um de nós irá reagir de formas diferentes, por termos crenças, valores, prioridades, medos e histórias de vidas muito diferentes. Este conjunto de informações irá definir nosso Q.A. (Quoeficiente de Adversidades), ou seja, o quanto conseguimos reagir de forma rápida, realista e assertiva frente ao que se coloca. Temos capacidades que, frente ao pânico, acabam por ser esquecidas ou bloqueadas, e são fundamentais para atravessarmos tais momentos de adversidade que se apresentam a nós!

Atualmente instalados em um contexto com novíssimas exigências, juntamente com os “ares” de pânico, de descrenças, e muitas vezes negações; contexto que nos propõe revisitar, com urgência, hábitos, zonas de conforto, planejamentos extremamente detalhados em suas construções, previsões e objetivos, bem como repensar caminhos. Precisamos nos debruçar sobre um olhar firme e claro de adaptações, criatividade, busca por alternativas, soluções possíveis, dentro de um contexto de elevadíssimos cuidados com a saúde! Qual saúde? Toda ela!

Sim, a saúde física é fundamental! Mas como estamos tratando de nossa Saúde Mental, neste momento? Seres inteligentes que somos, aprendemos rapidamente os procedimentos para prevenção de contaminação física do vírus COVID-19! Mas, e os procedimentos para manutenção de nossa Saúde Mental? Aquela que irá nos colocar frente a frente com a ansiedade, com a angústia, e com a apreensão? Inteligentes que somos, deveríamos nos preocupar também, e muito com esta; visto que uma emocionalidade mal gerida, conduz a dificuldades de raciocínio, impede a criatividade, dificulta nossa habilidade de negociação, e de foco em soluções para os obstáculos que se apresentam!

As situações imprevistas e desconhecidas nos acionam a atenção e o senso de sobrevivência; mas, também, oportunizam novos aprendizados às pessoas que entendem que o medo deve ser um parceiro importante, que nos alerta, nos põe em atenção; mas não deve nos paralisar! Neste momento, a maior exigência para garantirmos nossa condição de atravessar este furacão, é a mesma que nos oferece oportunidades ímpares de realmente nos desafiarmos a criar alternativas, focar em soluções, e desenvolver, principalmente, nossa capacidade de negociar!

Pelos próximos tempos, seremos negociadores as 24 horas do dia. Negociaremos com nossos clientes, com nossos fornecedores e parceiros de trabalho. Negociaremos com nossos pais (mais idosos), com filhos, amigos e amores. Teremos a oportunidade rica de negociarmos, principalmente, conosco mesmos! Que nos cuidemos muito! Cuidando de nós, estamos cuidado do outro! E que nossos cuidados não nos impeçam de aproveitarmos a oportunidade de aprender com tudo isso, e de saírmos deste episódio mais inteligentes e mais desenvolvidos em nossas habilidades interpessoais e humanas.