Convidados

É inegável que a crise da pandemia acelerou um conjunto de mudanças nas organizações e antecipou algumas transformações importantes no comportamento da sociedade e na forma como as pessoas passaram a consumir bens e serviços. O aumento nas compras realizadas por dispositivos móveis e o teletrabalho, por exemplo, estão aí para provar o impacto deste novo jeito de interagirmos com a economia. Esta reinvenção da jornada de consumo para parcela considerável da população acabou por desafiar antigos modelos econômicos, fazendo com que empresas de diferentes setores tivessem de desengavetar projetos de uso de novas tecnologias, de reformatar os seus negócios e de mapear novos nichos mercadológicos.

No aspecto sanitário, ninguém discorda que o coronavírus impôs uma grave e dolorosa crise humanitária. No aspecto da economia, os efeitos negativos também apareceram rapidamente, com queda na produção e nas vendas e desemprego em massa. Cenários que, esperamos, sejam brevemente superados.

Na outra ponta do problema, no entanto, precisamos considerar que um dos legados mais importantes que a pandemia vai deixar é a aceleração dos processos de transformação digital nas empresas a uma velocidade nunca antes vista. E este novo ritmo já é um caminho sem volta.

Obviamente, a digitalização dos negócios se apresenta como um enorme desafio àquelas empresas que ainda não estão preparadas para essa transformação tão célere e profunda. Mas precisamos admitir que a digitalização é também uma grande janela de oportunidade que se abre para aquelas que, com protagonismo e agilidade, souberem reorganizar os seus processos e redirecionar as suas estratégias de mercado. Em uma de nossas reuniões-almoço on-line mais recentes, o presidente da Sociedade Brasileira de Consumo e Varejo, Eduardo Terra, ao palestrar sobre as perspectivas do varejo, afirmou que a pandemia nos obrigou a fazermos cinco anos em cinco meses. Uma verdade incontestável! Importante ter em mente que toda transformação digital implica em mudança cultural. Essa mudança de mentalidade, porém, se torna necessária a qualquer empresa que queira estar mais próxima dos seus consumidores. 

O avanço exponencial do e-commerce nos últimos cinco meses demonstra que as compras pela internet tendem a crescer cada vez mais. Enquanto em fins de 2019 o e-commerce representava 4,8% das vendas totais do varejo brasileiro, durante a crise da pandemia esse índice pulou para 6% e deve se situar em torno de 10% até dezembro de 2020. A pandemia trouxe a necessidade e gerou uma explosão de compras on-line. Trata-se, portanto, de uma tendência consolidada, evidenciando que alguns hábitos vieram para ficar.

Nesse contexto, surge uma grande oportunidade às empresas que abraçarem a digitalização dos negócios e usarem a tecnologia a seu favor. Podemos sentar e chorar o leite derramado, ou temos a opção de fazer dessa crise sem precedentes um trampolim para a superação, para o desenvolvimento econômico e para atingir novos patamares de igualdade social no País.