Menu

Convidados

06/07/2020

Da Luz e Liberdade dos Guerreiros

“É nisso que repousa o mais profundo mistério que nos une em torno das artes, o que os tolos não entendem, e o que não se apagará com a poeira do tempo”

"O que a mente do guerreiro enfrenta, naturalmente o universo concretiza, pois, uma parte é poesia, a outra parte é miragem. Quem dirá, o que disso, de fato, é realidade? Guerreiros saberão..."              (Foto: Gabriel Sebben)

A vida, que eu conheci há tanto tempo, se desfigura lentamente para dar forma à sua essência, que extrapola o tradicional: a liberdade incondicionada de um guerreiro. Assim, começo a entender que “a liberdade moral de me dispor à subordinação, transporto-a comigo” (Goethe).

Poucos saberão o significado mitológico das vidas dos guerreiros e dos seus momentos fantásticos. E sempre será assim, é nisso que repousa o mais profundo mistério que nos une em torno das artes, o que os tolos não entendem, e o que não se apagará com a poeira do tempo.

E nisso consiste nossa vida: uma luz que representa a liberdade. Uma eterna dança de transformação e permanência. Sendo que ora somos mais bailarinos do que guerreiros e ora tentamos ser a pura melodia da guerra. Gratidão ao que me livra da erva daninha e da praga que tenta me assaltar na calada da noite! O que a mente do guerreiro enfrenta, naturalmente o universo concretiza, pois, uma parte é poesia, a outra parte é miragem. Quem dirá, o que disso, de fato, é realidade? Guerreiros saberão...

O que nos aperfeiçoa, não apenas nos lapida, transforma até o maior mestre em aprendiz. Só sei. Esse mesmo tempo aprisiona e não nos possibilita a liberdade moral. Nada sei. Agora me sinto igual a você, mas também estou diferente de mim mesmo.

Cuido da vida como de um jardim. Já esperei borboletas, mas hoje, sei, ou melhor, me sinto, o próprio jardim, ainda que sem elas. E sempre quis ser isso. Esperar borboletas para vê-las indo embora, na saga da cruel brisa, que refresca, mas que faz desaparecer, que tangencia e ilude, e que separa cada vez mais as borboletas do meu jardim.

O que me cabe, na condição de um guerreiro, é lutar, talvez como só um ancestral armígero pudesse, a trajetória de enfrentar. É assim que consigo encontrar vida em meio aos desaparecidos, é assim que consigo continuar. Foi assim que não desisti, será assim que continuarei.

Seguir em paz, meus caros aprendizes de guerras, é o nosso maior desafio. Mas quero lhe dizer algo que contribui para isso. Sua luz nunca desaparecerá, querido guerreiro! Ela se depreende de sua natureza orgânica para me fazer entender que ela sim, é a própria liberdade, assim, propriamente liberta em si!

 

Manoel Valente Figueiredo Neto