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Gabriela Rostirolla

16/12/2020

Sangramento Pós-Menopausa

“Todas as mulheres na pós-menopausa com sangramento uterino inesperado devem ser avaliadas para carcinoma endometrial, devido ao fato de ser um câncer potencialmente letal”

"A causa mais comum de sangramento nessas mulheres é a atrofia da mucosa vaginal ou do endométrio. Nos primeiros anos da menopausa, hiperplasia endometrial, pólipos e miomas submucosos também são etiologias comuns"

O sangramento pós-menopausa pode ser indicativo de câncer potencialmente letal. É importante que o médico faça a avaliação do paciente para poder descobrir a etiologia e orientar o melhor tratamento. O sangramento pós-menopausa refere-se à qualquer sangramento uterino em uma mulher na menopausa que não faz uso de terapia hormonal. A incidência do sangramento tem relação com o tempo desde o início da menopausa, tendendo a diminuir a ocorrência com o aumento dos anos. Todas as mulheres na pós-menopausa com sangramento uterino inesperado devem ser avaliadas para carcinoma endometrial, devido ao fato de ser um câncer potencialmente letal. No entanto, a causa mais comum de sangramento nessas mulheres é a atrofia da mucosa vaginal ou do endométrio. Nos primeiros anos da menopausa, hiperplasia endometrial, pólipos e miomas submucosos também são etiologias comuns.

Etiologias e fatores associados:

Atrofia: O hipoestrogenismo (diminuição dos níveis séricos de estrogênio) causa atrofia do endométrio e da vagina, podendo levar ao sangramento de ambas as estruturas. Faz parte dos sintomas da síndrome geniturinária da menopausa (GSM) que é definida como um conjunto de sintomas e sinais causados por alterações hipoestrogênicas que ocorrem em mulheres na menopausa. A síndrome pode incluir: sintomas genitais de secura, queimação e irritação; sintomas sexuais de falta de lubrificação, desconforto ou dor e função prejudicada; e sintomas urinários de urgência, disúria e infecções recorrentes do trato urinário.

Câncer Endometrial: Aproximadamente 6 a 19% das mulheres com sangramento vaginal pós-menopausa têm câncer endometrial. Esse risco aumenta com o aumento da idade e em mulheres que fazem terapia de reposição hormonal (principalmente sem o uso da progesterona como protetor endometrial). Idade maior que 55 anos, história de episódios de sangramento recorrente e volume de sangramento superior a cinco absorventes por dia foram significativamente associados ao câncer de endométrio. O maior fator de risco para a neoplasia de endométrio é a obesidade (adenocarcinoma de endométrio do tipo endometrióide).

Pólipos: São crescimentos endometriais benignos de etiologia desconhecida. O crescimento dos pólipos pode ser estimulado pela terapia com estrogênio ou tamoxifeno. O volume de sangramento geralmente é pequeno.

Hiperplasia Endometrial: Como as mulheres na pós-menopausa devem ser deficientes em estrogênio, a hiperplasia endometrial neste momento é anormal e requer uma explicação. A produção de estrogênio endógeno de tumores ovarianos ou adrenais ou terapia de estrogênio exógeno são as causas possíveis. Mulheres obesas também apresentam altos níveis de estrogênio endógeno devido a produção de estradiol no tecido adiposo periférico.

Devido às múltiplas causas do sangramento uterino anormal, é essencial que o médico faça uma boa anamnese, abordando todas as queixas e sintomas associados para direcionar a etiologia. Deve-se identificar fatores de risco de câncer endometrial, incluindo obesidade, diabetes, hipertensão, uso prolongado de estrogênio e síndrome dos ovários policísticos. Além disso, é preciso um bom exame físico e alguns exames complementares da paciente, dentre eles a ultrassonografia, biópsia de endométrio às cegas e histeroscopia diagnóstica.

O exame padrão ouro para a investigação do sangramento pós-menopausa é a histeroscopia, que permite visualizar o interior do útero e retirar uma amostra de material para biópsia, sendo possível inclusive durante o mesmo procedimento já realizar a retirada de pólipos ou demais lesões causadoras do sangramento.

Com a avaliação completa e minuciosa da paciente é possível descobrir a etiologia e, assim, direcionar para o tratamento adequado.