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Juliana Dall'Onder

24/01/2020

As Telas São Realmente Prejudiciais às Crianças?

A recomendação é que menores de dois anos não sejam expostas a nenhuma tela e que crianças de dois a seis anos as utilizem apenas uma hora por dia  

As telas não contribuem no desenvolvimento, pelo contrário, estudos já mostraram atraso no desenvolvimento da fala em crianças expostas a elas

O uso excessivo de telas influencia o desenvolvimento das crianças? É claro que sim! Tudo o que acontece ao nosso redor nos influencia e, naturalmente, tudo que oferecemos e apresentamos para uma uma criança influenciará o seu desenvolvimento. A Academia Americana de Pediatria surpreendeu a população com a recomendação de tempo de exposição às telas, uma vez que o recomendado é muito inferior ao que grande parte das crianças de hoje passa em frente aos tablets, celulares, televisores e videogames. As recomendações são de que crianças menores de dois anos não sejam expostas a nenhuma tela digital (exceto videochamadas) e que crianças de dois a seis anos utilizem, no máximo, uma hora de telas por dia, dando preferência para atividades recreativas que incentivem a interação social.

A recomendação é justificada pela falta de necessidade do uso de telas, já que a criança não precisa delas para se desenvolver. Além disso, elas não contribuem para o desenvolvimento infantil. Pelo contrário, pesquisas já mostraram atraso no desenvolvimento da fala em crianças expostas a elas. Um novo estudo, que vem sendo realizado no Brasil, tenta esclarecer as variáveis envolvidas nessa discussão e analisar os efeitos das telas em crianças e adolescentes em idade escolar. Os resultados estão mostrando que os prejuízos variam de acordo com o tipo e tempo de uso. Os pesquisadores brasileiros identificaram que crianças expostas a mais de duas horas por dia a videogames apresentam prejuízos maiores na área de ajuste psicossocial (agressividade, baixa tolerância à frustração, entre outros problemas); crianças com excesso de tempo de TV e computadores apresentam pior desempenho escolar do que as outras, e aquelas que gastam mais tempo com na internet apresentam piora de suas funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva), que são funções preditoras de desempenho acadêmico e profissional.

Com todos esses dados apresentados, fica claro que é nossa função controlar e supervisionar o tempo e o conteúdo acessado por nossas crianças. Não hesite em colocar limites para o uso diário das telas. Evite também usar o tempo de celular ou tablet como uma forma de “recompensar” a criança por um bom comportamento. É preciso ensinar a ela que para que algo que desejamos possa acontecer, é necessário passar por várias etapas (e que isso pode não ser imediato). Ensine a esperar e a aprender a perder.