Menu

Juliana Dall'Onder

31/10/2019

Transtorno do Espectro Autista

Empatia é Um Bom Remédio  

"Colocar-se no lugar das famílias nessa condição já é uma boa maneira de ajudar"

Qualquer escolinha maternal poderá ter ao menos um aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Pelo menos, essa é a análise que se pode fazer a partir dos mais recentes estudos sobre o aumento de casos, que vem ganhando espaço na mídia. As estatísticas apontam de uma ocorrência em cada 150 crianças até uma em 59, variando conforme o estudo. Estes estudos ainda não esclarecem as causas do aumento. Não sabemos se o crescimento vem do número real de casos ou de registros: do diagnóstico, antes não realizado por dificuldades técnicas ou desconhecimento. Também há dúvidas sobre a relação entre o aumento de nascimentos prematuros e o avanço do TEA. Nem a causa e as alterações químicas cerebrais estão bem esclarecidas. Enquanto os dados avançam, os critérios para o diagnóstico são atualizados pelas novas pesquisas médicas e publicações científicas. São critérios para o Diagnóstico de TEA:

A. Déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos): 

1) Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, e dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais.

2) Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada à anormalidade no contato visual e linguagem corporal, ou déficits na compreensão e uso de gestos à ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal.

3) Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos à dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas, ou de fazer amigos à ausência de interesse por pares.

B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos):

1) Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos.

2) Insistência na mesma coisa, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal. 

3) Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco.

4) Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente

C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento.

Fonte: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM)

Se é difícil de entender e diagnosticar o TEA, imagine vivê-lo. Colocar-se no lugar das famílias nessa condição já é uma boa maneira de ajudar. Imagine a dificuldade de uma criança, sua família e cuidadores, com um indivíduo que, frequentemente, pode ter crises de ansiedade, com agitação motora; que pode ter episódios de choro inconsolável, por horas; cujos gritos façam os vizinhos chamarem a polícia por confundirem com um caso de violência; que se joga no chão, no meio da rua, porque não entendeu o que está acontecendo; que fica nervoso durante os “parabéns”; que, em uma sala de espera, pega um brinquedo da mão de alguém sem pedir, porque não entende que precisa, e a mãe ouve, de outra, que seu filho é mal-educado. Imagine isso.

Imagine e ofereça o que você pode: compreensão. Tudo que essas pessoas precisam é da nossa empatia, não do nosso olhar julgador e das nossas críticas fora de contexto. Um mundo mais tolerante pode não resolver totalmente, mas pode aliviar os problemas que essas famílias enfrentam.