Menu

Leonardo A. Marcon

18/11/2018

Guinada de Conceitos

A atuação da J.Marcon hoje é cerca de 90% no mercado nacional e 10% no mercado de exportação. A empresa conta com uma carteira de aproximadamente 900 clientes ativos, em que o maior deles representa pouco mais de 7% do faturamento

A atuação da J.Marcon hoje é cerca de 90% no mercado nacional e 10% no mercado de exportação A empresa conta com uma carteira de aproximadamente 900 clientes ativos, em que o maior deles representa pouco mais de 7% do faturamento A inovação e a proximidade com o mercado têm sido defendidas pela direção da empresa, e cruciais para o sucesso do negócio

Sempre tive um grande apreço por linha de produção. Minha infância se passou dentro da fábrica, pois, como a empresa era atrás da nossa casa, meu parque de diversões foi em meio às pilhas de madeiras e os carrinhos utilizados para movimentar os pallets de um ponto a outro. Daí o meu entusiasmo em cursar Engenharia de Produção. Nem preciso citar onde foi o meu primeiro e único emprego. Pois bem, confesso que nunca fui “expert” em ciências exatas, digamos que sofri um bocado nessas disciplinas, por outro lado, sempre gostei de linhas retas e perfeitas. Em meu estojo poderia faltar lápis e caneta, mas nunca a régua! Enfim, estava cursando a minha profissão e o curso que realmente me interessava.

Será?

Comecei a trabalhar na J.Marcon aos 15 anos como auxiliar de expedição. Após algum tempo, devido à saída de licença maternidade da responsável pelo setor, passei a gerenciá-lo. Nesse momento absorvi outras funções como engenharia de produtos, gestão da qualidade e operador de empilhadeira. Imagine a minha descrição de cargo? Eu estava feliz, muito feliz por poder fazer parte do negócio e a minha cabeça estava sempre em ritmo acelerado, focada em ‘como posso melhorar isso’? Ou então, por que fazemos dessa forma e não da outra? Ou ainda, ‘será que esse é o melhor lugar para guardar essas peças’? Assim era o meu universo.

Pois bem, passaram-se três anos e, em uma manhã (lembro como se fosse hoje), meu pai, diretor da empresa, me chamou na porta do pavilhão e disse que nossa gerente comercial estava se desligando e que eu seria a melhor opção para assumir o departamento comercial. Ingenuamente perguntei a ele por que eu, e ele simplesmente disse que o conhecimento que eu tinha de produto e de fábrica, faria com que eu me saísse bem no comercial. Também, devido ao fato de eu ser um possível sucessor, era importante para ele que fosse alguém da família no comando desse departamento.

O curso de Engenharia de Produção passou a distanciar-se do meu dia a dia. Foi nesse momento que tomei uma decisão importante para a minha carreira: mudar para a Graduação em Administração de Empresas. Caí de para-quedas no departamento comercial, sem conhecimento de negociação ou qualquer outra estratégia de vendas, apenas com a minha bagagem fabril, o que realmente foi um grande diferencial, conforme previra meu pai. Foi quando pude discutir com propriedade sobre produtos e processos de fabricação com representantes e clientes, e foi o momento em que eu mais ouvi as necessidades e dificuldades do mercado em relação aos nossos produtos e à nossa empresa. O curso de Administração ajudou muito nesse momento, somado a outros cursos intensivos e palestras das quais sempre busquei participar, mas foi a experiência na prática o que mais me gerou conhecimento.

Na época a empresa estava focada no mercado de exportação, onde um cliente apenas representava quase 40% do faturamento, e, acreditem se quiser, esse cliente era a Venezuela. Havia um quadro de representantes para o mercado nacional, porém, como a produção estava focada em outro mercado, não possuíam muita voz ativa na empresa. Pois bem, nesse momento, os valores e princípios que aprendi ao longo da vida foram de extrema importância, a transparência e o face a face abriram as portas para um novo diálogo com os nossos representantes, aproximando-os da empresa e tornando-os corresponsáveis pelo sucesso.

Pouco tempo depois, inicia-se a crise da Venezuela, e foi essa aproximação com o mercado nacional que fez com que a empresa sentisse de forma mais leve o impacto da perda daquele grande cliente. Foi a partir desse momento que acionei um alerta em minha mente: não podemos ficar na mão de um mercado/cliente, apenas. Esse conceito é antigo na faculdade, muitos autores tratam disso, mas somente na hora em que “a água bate no pescoço” é que passamos a aplicá-lo. Desde então, passamos a reforçar nossa presença no mercado interno, retomando mercados que havíamos perdido, reforçando o crescimento da marca e da empresa.

A atuação da J.Marcon hoje é cerca de 90% no mercado nacional e 10% no mercado de exportação. A empresa conta com uma carteira de aproximadamente 900 clientes ativos, em que o maior deles representa pouco mais de 7% do faturamento. A inovação e a proximidade com o mercado têm sido defendidas pela direção da empresa, e cruciais para o sucesso do negócio.