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Lu Fagherazzi

04/07/2019

Eu fofoco, tu fofocas. Que pena!

Quem sabe Reconhecemos as ações positivas e divulgamos as coisas boas que as pessoas estão fazendo?

"O que falo dele teria coragem de falar para ele?"

O dicionário Aurélio define fofoca como mexerico, bisbilhotice, intriga. O que nos revela que a fofoca está muito mais relacionada à intenção subjacente ao ato de falar de alguém, do que ao ato em si. É muito provável que, ao ler este texto, a grande maioria dos leitores acharão que isso é coisa que os outros fazem, não nós. Exatamente por isso há a necessidade de repensarmos constantemente nossos atos.

Ao comentarmos acerca de outrem, com que intenção o fazemos? O que falo dele teria coragem de falar para ele? Comento acerca de outras pessoas com a pura intenção de melhorar as relações e processos ou mais por uma questão de engrandecer-me frente à suposta pequenez do outro? A frase “Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo” atribuída a Freud, mas que parece ser de Lise Bourbeau, refere-se ao mecanismo de defesa chamado projeção, onde atribui-se ao outro comportamentos ou sentimentos que não conseguimos reconhecer em nós mesmos.

É interessante este exercício, de antes de falarmos acerca de alguém, nos perguntarmos o que há nesse comportamento que vou comentar que fala a meu respeito? O que há no outro que falta ou existe em mim e exatamente por isso me incomoda? Quando dizemos: fulano me irrita! Não é fulano quem me irrita, sou eu quem fica irritado com fulano, então é salutar eu olhar para mim mesmo e verificar porque o comportamento dele me desestabiliza. O que há em mim que encontra ressonância com o ato do outro?

Ou o que falta em mim que admira o que tem no outro, mas não pode admitir, pois tratar-se-ia de reconhecer a própria fraqueza? Evidentemente, pessoas que possuem valores contraditórios aos nossos, de alguma forma irão nos afetar, mas é importante termos essa clareza. A fofoca é algo que permeia as relações. No mundo corporativo é comum escutarmos pessoas denegrindo outras e, na maioria das vezes, falando dos outros sem perceber o quanto deixam transparecer sua própria incompetência e fragilidade.

É comum escutarmos críticas a pessoas que fazem a diferença, que mexem com o status quo, feitas por pessoas que estão acomodadas, que passam o tempo reclamando de como as coisas são ou deveriam ser, porém não arregaçam as mangas para fazer diferente. Fácil é jogar tomates estando sentado confortavelmente na poltrona da plateia, difícil é estar nos bastidores suando para que o espetáculo possa acontecer. Fácil é fazer parte do problema, difícil é querer fazer parte da solução.

É uma reflexão que sempre e de novo devemos fazer... Claro, não devemos perder o senso crítico, nem acharmos que tudo que vemos no outro necessariamente seja nosso, pois isso também seria uma forma de cegueira, mas precisamos achar o caminho do meio, onde a autorreflexão venha antes da palavra. Quem sabe começamos um movimento de contra-fofoca? Reconhecendo as ações positivas e divulgando as coisas boas que as pessoas estão fazendo?