Lu Fagherazzi

Uma professora de Gestão Empresarial comentava acerca de certo aluno que havia lhe mostrado mensagens de whatsApp onde o seu empregador ameaçava demiti-lo. Outra profissional contava que, ao prestar consultoria para uma empresa bem-sucedida e administrada por jovens talentos, ao solicitar o currículo dos gestores para o desenvolvimento de um trabalho, os mesmos lhe foram enviados por áudio, no aplicativo. Pululam por aí exemplos de situações parecidas. A forma de nos expressarmos tem sido diferente à usual ou até, da muitas vezes esperada, frequentemente causando espanto. 

Vivemos novos tempos, é verdade, em que as palavras de ordem são “inovação” e  “disrupção”. Certamente tecnologias disruptivas mudaram e ainda mudarão muito o nosso modo de viver, mas isso não significa que precisamos deixar para trás tudo o que foi construído até aqui. Parece-me que a rapidez com que a tecnologia está modificando o modo de nos comunicarmos está também fazendo com que percamos a sensibilidade. “São tempos líquidos”, já anunciou Bauman, mas talvez algumas questões ainda precisem de forma, de normas.

Ao meu ver, não há outra forma de comunicar alguém de que a empresa não se interessa mais pelo seu trabalho, que não seja olhando em seus olhos. Por mensagem? Nunca. Terminar um relacionamento? Idem. Em recente artigo Leandro Karnal diz “O uso contínuo da estratégia da gentileza pode levar ao patamar superior de existência que é encontrar prazer em priorizar o outro.” Se precisamos dar um feedback a alguém, melhor fazer olhando nos olhos.

Se agendamos horário, sejamos pontuais. Se precisamos enviar material para alguém, façamos com cuidado. Bom dia, boa tarde, são sempre bem-vindos, na comunicação falada ou escrita. No mundo dos negócios, ser jovem não é desculpa para se apresentar de qualquer forma. Cuidado com a imagem pessoal é reflexo do respeito e atenção que temos conosco e com o outro, seja ele cliente, fornecedor ou parceiro. Nem tudo precisa ser desconstruído, nem tudo precisa ser descartado, há muitos aprendizados ao longo da história dos quais não podemos prescindir, e a consideração ao outro é um deles.