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Lu Fagherazzi

21/11/2017

Tolerância é Elegância

Sugiro que fortaleçamos as relações de amizade e amor verdadeiro, que, em última análise, é o que realmente importa

Tolerância e respeito: palavras de ordem para nosso tempo!

Você já ouviu falar em Sygmunt Bauman? Sociólogo polonês falecido em janeiro de 2017, autor de mais de 50 livros, considerado um dos mais importantes pensadores do final do século 20. Ele criou o conceito de “modernidade líquida” para definir o tempo em que vivemos. Ele assim nomeou nosso tempo porque líquido é fluído, não mantém a forma por muito tempo. Esta é uma época em que as relações são efêmeras, não duram muito; “tudo é transitório”. A modernidade líquida é permeada por sinais confusos, que podem mudar a qualquer momento e muitas vezes de forma imprevisível. Neste tempo em que tudo parece ser permitido, em que os conceitos e valores são contestados a todo momento, será que ainda faz sentido falarmos em regras de etiqueta e convivência? Pensar sobre o que é adequado ou não? Refletindo, cheguei à conclusão (e posso mudar de ideia a qualquer momento, assim como você) que sim. Justamente neste momento em que tudo é muito fluído, ter alguns parâmetros é importante para que não nos sintamos completamente diluídos. Assim como o rio precisa das margens para seguir seu rumo sem que inunde e destrua tudo ao seu redor, precisamos sim de valores e parâmetros para fazer a nossa convivência em sociedade o mais significativa possível. A regra magna é o respeito. Respeito ao diferente, ao igual, ao divergente e ao convergente. Não precisamos aceitar tudo, nem a todos. Temos o direito de não gostar do que outros gostam, temos o direito de não concordar com a total liberdade de alguns ou com a falta de liberdade de outros, temos o direito de contestar as regras mas também de querer segui-las, temos o direito de achar feio o que lindo parece ao outro, temos o direito de sermos gordos ou magros, de querer malhar e de não querer, de gostar de música clássica ou de sertanejo, ou, por que não, dos dois? Temos o direito de ser gays, héteros, bi, ou o que mais desejarmos, temos o direito de gostar de rosa com vermelho, preto e branco, só preto ou só branco. Temos o direito de gostar de tecnologia ou podemos ter aversão a ela. Temos o direito de ser vegetarianos, veganos ou carnívoros. Temos o direito de gostar do luxo ou da simplicidade, de seguir uma religião ou sermos ateus, de sermos filiados a um partido político ou não. Mas, sobretudo, para além dos nosso direitos, precisamos ser to-le-ran-tes, respeitosos com as opções do outro. A verdade não se encerra em mim, nem no outro. Proponho essa reflexão desejando que nos tornemos quem desejamos ser, e que, apesar da fluidez dessa nossa vida, sejamos mais leves e menos ansiosos. Sugiro que fortaleçamos as relações de amizade e amor verdadeiro, que, em última análise, é o que realmente importa. Tolerância e respeito: são as palavras de ordem para nosso tempo. Não há nada mais elegante!