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Marisa Ana Carletto Fardo

06/07/2020

A Pandemia e o Estudo no Lar

“Agora nos damos conta de quanto o conhecimento e os investimentos em educação são importantes”  

"Nesse momento tão delicado em que se encontra o nosso país, o Kumon propõe aos alunos a continuidade dos estudos em casa para que o desenvolvimento e avanço continue acontecendo, considerando que é um método de estudo individualizado" (Marisa Fardo) "Ser autodidata é ter a capacidade de aprender sem ser ensinado, ou seja, é ter condições de buscar o conhecimento por conta própria" (Marisa Fardo) "Estudar constantemente garante a saúde dos nossos neurônios e previne as doenças senis, isso dito por especialistas" (Marisa Fardo) "Se a pessoa não estuda ela não se atualiza e, não se atualizando, acaba ficando na dependência de outros, não conseguindo gerenciar a própria vida. Não existe limite para o aprendizado. Quanto mais o ser humano estuda mais descobre que pouco sabe" (Marisa Fardo)

“Ninguém de nós, pais, professores, escolas, sociedade (e por não dizer toda a humanidade) estávamos preparados para viver este momento”, constata Marisa Ana Carletto Fardo, pioneira na implementação do método Kumon em Caxias do Sul. “É claro que tudo isso está impactando a todos nós. O medo, a incerteza, a angústia, o desconhecido e a falta de uma solução nos gera uma sensação de impotência. Estamos todos na dependência da ciência para que se descubra uma vacina ou medicação que faça parar este vírus. Agora nos damos conta de quanto o conhecimento e os investimentos em educação são importantes”, reforça a educadora.

“Estamos nos reinventando e tentando fazer o nosso melhor dentro das condições que temos. Todos os segmentos envolvidos com a educação estão fazendo o que podem para manter o ensino. Os pais por sua vez, apesar de muitos se sentirem sobrecarregados com o acúmulo de atividades, estão fazendo um esforço muito grande para auxiliar os filhos. Ninguém tinha passado por isso antes”, relata. A seguir compartilhamos nossa interessante conversa com a empresária. 

 

Caroline Pierosan: O “estudo em casa” já é uma prática indicada pelo Kumon. O que tem sido diferente com o estudo “apenas” em casa para os alunos do Kumon São Pelegrino, durante a pandemia?

Nossos alunos estão passando por este processo mais suavemente, pois o Kumon é um sistema educacional baseado na educação familiar, que visa fazer com que os alunos se tornem, no futuro, capacitados obtendo a habilidade acadêmica necessária e, ao mesmo tempo, se tornem capazes de estudar pela auto-instrução. Nesse momento tão delicado em que se encontra o nosso país, o Kumon propõe aos alunos a continuidade dos estudos em casa para que o desenvolvimento e avanço continuem acontecendo, considerando que é um método de estudo individualizado.

O que é preciso fazer para que o estudo em casa seja proveitoso?

É necessário que a atividade pedagógica proposta seja dada na medida certa e de acordo com o ritmo e a capacidade do aluno. As famílias devem receber as orientações necessárias para que consigam acompanhar sem criar um novo problema.

 O que é autodidatismo? Como desenvolvê-lo?

Ser autodidata é ter a capacidade de aprender sem ser ensinado, ou seja, é ter condições de buscar o conhecimento por conta própria. O estudo autodidata do Kumon é um método onde o aluno inicia seus estudos do ponto em que ele domina o conteúdo (chamamos de ponto fácil), a partir de onde ele consegue fazer sozinho, com facilidade. Então ele passará a utilizar um material didático recheado de exercícios e guias que, por si só, promovem a aprendizagem. Assim, segue adiante, independente e eficaz. 

É possível desenvolver o autodidatismo mesmo sendo já adulto?

É possível desenvolver o autodidatismo em qualquer idade, para isso basta fazer um teste com o aluno para descobrir o que ele domina e que habilidades ele desenvolveu neste período de vida. Com o teste detectamos o ponto fácil dele e a partir daí vamos desenvolvendo conforme o seu ritmo e a sua capacidade.

Um adulto precisa buscar estar em constante aprendizado? Ou há o momento de “parar”?

Buscar conhecimento faz parte da curiosidade humana, pois nunca sabemos tudo, considerando que a evolução é um processo muito dinâmico. Se a pessoa não estuda ela não se atualiza e, não se atualizando, acaba ficando na dependência de outros, não conseguindo gerenciar a própria vida. Não existe limite para o aprendizado. Quanto mais o ser humano estuda mais descobre que pouco sabe.

O que acontece com a saúde emocional de quem estuda constantemente?

Dizem que o segredo da longevidade é manter o nosso cérebro em atividade. Estudar constantemente garante a saúde dos nossos neurônios e previne as doenças senis, isso dito por especialistas. Dizem também que a partir de uma certa idade, a cada dois anos, se deveria aprender algo novo (por exemplo um idioma). O cérebro das pessoas que estudam constantemente se mantém saudável, o convívio com os demais faz com que elas se mantenham atualizadas, a autoestima se mantém em alta e consequentemente a saúde emocional permanece sadia.

Qual a expectativa dos educadores para a “volta” desses alunos que estiveram estudando em casa até então? O que vai mudar na vida de todos? 

A pandemia veio para antecipar mudanças que já estavam acontecendo, ainda que de maneira mais discreta, como a educação à distância e o trabalho remoto. O coronavírus acabou adiantando esse processo. Com isso os pais estão tendo a oportunidade de conhecer seus filhos, de saber quais são seus talentos, suas dificuldades e facilidades. As crianças querem a presença dos pais. Com a pandemia foi necessário criar uma rotina em casa para que todos tenham o seu espaço garantido. Neste momento tão delicado temos que observar e saber entender o que está acontecendo, precisamos construir o conhecimento por meio das experiências vividas pelos alunos. No retorno as escolas receberão seus alunos diferentes, mais maduros, com mais autonomia, e deverão fazer um trabalho bem planejado pensando no que os alunos estão vivenciando durante o isolamento. O estudo por meio do método Kumon contribui fortemente neste momento para o desenvolvimento das crianças, pois ele é um sistema baseado na educação familiar, o qual visa fazer com que os alunos se tornem pessoas autônomas, independentes e felizes. Acredito na educação a distância, ela é muito eficiente, desde que o aluno tenha algumas habilidades desenvolvidas para esse fim, como raciocínio lógico, autonomia, capacidade de execução de tarefas, rotina de estudo e saiba interpretar informações. A maioria dos alunos não tem estas habilidades e isso dificulta o processo de aprendizagem neste momento. Para os alunos que estão cursando o ensino médio ou universitário se torna mais fácil, porém com as crianças menores principalmente em fase de alfabetização é necessário o comprometimento da família para assessorar os pequenos. A parceria dos pais é fundamental. Apesar de todas estas incertezas, inseguranças e ansiedade o melhor para esse momento é termos calma, fé e esperança em dias melhores tendo a certeza e a consciência tranquila de que estamos “fazendo o nosso melhor nas condições que temos, enquanto não tivermos condições melhores de fazer melhor ainda”, conforme diz Mário Sergio Cortella.

 

Entrevista | Caroline Pierosan