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Mauro Chies

12/10/2017

Elbrus

“A região é dominada por esta grande muralha, composta por inúmeras montanhas muito altas espremidas entre dois mares, o Mar Negro a oeste e o Mar Cáspio a leste. Historicamente essa barreira natural separa duas culturas distintas, o mundo "árabe" e o "europeu" e, ainda hoje, é palco de conflitos étnicos e religiosos (...) nosso mundo é muito maior do que pensamos. Há que ir lá e ver com os próprios olhos”

A região é dominada por esta grande muralha, composta por inúmeras montanhas muito altas espremidas entre dois mares, o Mar Negro a oeste e o Mar Cáspio a leste Ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa o Monte Elbrus é a maior montanha da Europa (e não o Mont Blanc) O Elbrus deixa claro, com seu formato de dois cumes, que é a "mãe" de todas as outras montanhas por ali A Rússia me proporcionou sensações inesperadas, intensas e inesquecíveis e me mostrou mais uma vez que nosso mundo é muito maior do que pensamos

Ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa o Monte Elbrus é a maior montanha da Europa (e não o Mont Blanc). Ergue-se 5.642 metros acima do mar, na paisagem rodeada de outras montanhas (quase tão altas e bonitas) da cordilheira do Cáucaso. Ele deixa claro, com seu formato de dois cumes, que é a “mãe” de todas as outras montanhas por ali. A região é dominada por esta grande muralha, composta por inúmeras montanhas muito altas espremidas entre dois mares, o Mar Negro a oeste e o Mar Cáspio a leste. Historicamente essa barreira natural separa duas culturas distintas, o mundo "árabe" e o "europeu" e ainda hoje é palco de conflitos étnicos e religiosos (lembram da Chechênia?). Visitar Moscou (parada obrigatória no caminho até as montanhas) mesmo nos dias de hoje, gera um misto de desconforto e perplexidade. Entretanto nada se compara a estar no Cáucaso! Lá você pode sentir a tensão étnica no ar. Também não nos ajudou muito ter um guia Ucraniano à frente. Antes mesmo de começar a escalada eu me vi preso no quartel do exército russo por uma tarde inteira para dar esclarecimentos sobre minhas intenções na montanha. Passado o susto rumamos para o Elbrus sabendo que estávamos sendo observados de longe pelo exército de Putin. Apesar do pequeno “contratempo" e das péssimas condições climáticas da montanha nos primeiros dias, nossa janela de tempo pré cume no acampamento dos “barrels” (antigos tanques de diesel que hoje servem como abrigo na montanha) anunciava um bom dia à frente. Acordamos à meia noite sob um frio intenso e um céu magnífico, sem vento, sem nuvens, absolutamente perfeito. A concentração era total. Tomamos nosso desjejum e subimos no “snowcat" (uma espécie de patrola de neve) que nos levaria ao local de início do nosso ataque ao cume. Iniciamos a subida na escuridão quase completa e tivemos a chance de ver o nascer do sol na cordilheira e a sombra do Elbrus ser projetada no horizonte (exatamente como meses antes eu vira a do Aconcágua). Depois de muitas horas respirando o ar seco e rarefeito da montanha sob um sol pleno, chegamos ao cume já bem acima das nuvens baixas que se formavam na vizinha Geórgia. A descida foi ainda mais dura pois o cansaço somou-se à dificuldade de avançar no terreno com neve, por vezes até o joelho. Descemos, exaustos mas sãos e salvos para o conforto da pequena cidade de Treskol. No dia seguinte desfrutamos de um típico churrasco, o "chachlik" (muitíssimo parecido com nosso xixo gaúcho), e de uma cerveja local. Senti-me em casa por um momento. Um dia depois retornamos à montanha com nossos parapentes e decolamos do alto da estação Mir (paz em russo) para um voo de mais trinta minutos inesquecíveis pelo vale até a cidadezinha abaixo - desta vez com a devida permissão do exército russo. De lá voltamos a Moscou e nos despedimos. Hora de voltar para casa com muitas histórias na bagagem. A Rússia me proporcionou sensações inesperadas, intensas e inesquecíveis e me mostrou mais uma vez que nosso mundo é muito maior do que pensamos. Há que ir lá e ver com os próprios olhos. Na próxima edição de NOI, contarei um pouco sobre a escalada da montanha mais desafiadora até agora, o Monte Denali, no Alasca (montanha mais alta da América do Norte).

Assista o vídeo da aventura em: https://youtu.be/RhSRGXXfQQs?list=FLPRDc4uphoFgYmKCzuuh5Zw

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