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Mauro Chies

26/05/2019

Mais Perto das Estrelas

“É meu sonho mas também o sonho do meu querido, já falecido, amigo: Escalar a maior montanha do planeta”    

Sempre digo aos que me perguntam que o maior desafio nas montanhas é manter a calma, ter paciência, esperar pelo momento certo de prosseguir  Mais ainda, nunca seria capaz de imaginar que meu casamento seria realizado apenas duas semanas antes de minha partida para a expedição da minha vida com duração prevista de dois meses inteiros e muito menos que meu melhor amigo (e padrinho de casamento) faleceria na manhã seguinte a ele

Há alguns dias eu não me imaginaria sentado à mesa de minha cozinha, em frente ao meu notebook, escrevendo estas linhas. Durante os últimos 10 anos tenho acompanhado, utilizando o mesmo notebook, a saga dos montanhistas estrangeiros e brasileiros em busca do cume da maior montanha do planeta o monte Everest (8842m) através da cobertura on-line do portal Extremos onde, agora, eu também serei eu o "acompanhado”. Mais ainda, nunca seria capaz de imaginar que meu casamento seria realizado apenas duas semanas antes de minha partida para a expedição da minha vida com duração prevista de dois meses inteiros e muito menos que meu melhor amigo (e padrinho de casamento) faleceria na manhã seguinte a ele.

Pois bem, me vejo aqui, sentado, escrevendo a última coluna do montanhista antes de embarcar em poucos dias para o Nepal a fim de realizar não apenas o meu sonho mas também o sonho do meu querido, já falecido, amigo: Escalar a maior montanha do planeta. Levarei na mochila, além do vital oxigênio suplementar, suas cinzas, e as depositarei no cume do teto do mundo, o mais perto das estrelas que um mortal pode chegar com os próprios pés. Para minha sorte conto com a expertise de meu companheiro de escalda, amigo e agora também padrinho de casamento, Rodrigo Raineri que já esteve por lá outras três vezes, além de um cuidadoso planejamento e preparação ao longo dos últimos dois anos. Seremos apenas nós, dois cinquentões destemidos, enfrentando humildemente as adversidades e imprevistos que a montanha reserva para todos e hemos de chegar e voltar de lá em segurança.

Sempre digo aos que me perguntam que o maior desafio nas montanhas é manter a calma, ter paciência, esperar pelo momento certo de prosseguir, mas confesso que desta vez essa tarde será ainda mais desafiadora pois os dois meses que a escalada pela face sul do Everest demanda serão longos, muito longos. Iniciaremos nossa jornada na capital do Nepal,  Katmandu, de lá partiremos para uma semana de treinos  e vôos de parapente na região de Pokhara. Voltaremos a Katmandu para organizar os equipamentos e o pequeno staff  da expedição. Voaremos até a perigosa pista de pouso de Lukla (2.840m), de onde iniciaremos nossa lenta acensão até acampamento base do Everest (5.300m). Uma caminhada de dez dias passando por cenários incríveis nas montanhas do Nepal. No meio do caminho pretendemos escalar o Lobuche East (6.119m).

Uma vez no acampamento base iniciamos os três ciclos de aclimatação à altitude previstos, subindo e descendo a cascata de gelo do Khumbu inúmeras vezes.

Após o último ciclo, desceremos até um povoado abaixo do campo base para descansar por dois dias e recuperar as forças para o ataque final ao cume de 8.842m do Everest, que deverá demandar uma semana inteira ao redor do dia 20 de maio, provavelmente sob a lua cheia. Uma vez atingido o objetivo, percorreremos inversamente o caminho da ida para voltar ao Brasil, onde deveremos desembarcar no primeiro dia de Junho. Se você quiser acompanhar diariamente, on-line, nossa aventura desde o seu computador ou dispositivo móvel, acesse  extremos.com.br/online/2019/everest/.  O site atualiza diariamente nossa localização em um mapa interativo da montanha além de colocar no ar entrevistas, posts e podcasts feitos por nós durante a expedição, nos meses de Abril e Maio.