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Mauro Chies

03/07/2018

Robôs, Canivetes e Montanhas

O que eles têm em comum? Alcançá-los só foi possível graças à maior das qualidades humanas, a curiosidade

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Passeando outro dia em uma loja de fábrica de uma grande marca de nossa região, pude ver pela primeira vez um robô industrial trabalhando. Seu trabalho, acompanhando por olhares atentos de outros curiosos como eu, era simples, porém perfeitamente preciso: gravar nomes em facas customizadas para clientes. Fiquei pensando como aquela cena era carregada de simbolismos: Uma máquina altamente tecnológica produzindo uma ferramenta ancestral para uso humano. Meu devaneio foi mais longe, fiquei pensado em como eu precisaria daquela pequena ferramenta, um canivete, inúmeras vezes na montanha. Toda a tecnologia de que dispomos, serve, em última análise, para nos permitir fazer coisas simples como descascar uma fruta ou cortar uma corda! Ali, na loja, aquele produto não tinha muita utilidade, não tinha vida. Para ele tornar-se realmente útil seria necessário que alguém o carregasse consigo, levasse-o a algum lugar como uma montanha. Percebi que, apesar de toda tecnologia, esforço e pesquisa para se produzir aquela peça, sua utilização por uma pessoa é o que realmente lhe empresta valor. 

Uma das qualidades que nos torna humanos é nossa capacidade de fazer uso das ferramentas a nosso favor, seja um robô ou um canivete. Outra qualidade, que de fato nos levou ao longo de milhares de anos a desenvolver todas as ferramentas que usamos, é a curiosidade, talvez a maior de todas as qualidades humanas. Foi a curiosidade que nos levou a dominar o fogo, a fundir e moldar metais e a construir um robô que fabrica facas. É esta mesma curiosidade que nos leva a escalar montanhas, navegar nos mares e cruzar desertos. Subimos montanhas porque elas estão lá e queremos ir lá e vê-las com nossos próprios olhos. Aprendi a mergulhar, a voar de parapente e a escalar minha primeira montanha graças a esse desejo de saber o que havia atrás da cortina de fumaça da ignorância. Porém, para atravessar essa cortina, é necessário mais que curiosidade, é preciso coragem e persistência. A curiosidade nos obriga a buscar respostas e meios para obtê-las, mas sem ações concretas não saímos do chão. O desejo de escalar o Everest (o que devo fazer no início do próximo ano) surgiu naturalmente depois de escalar outras grandes montanhas. Cada expedição concluída gera um desejo de ir mais alto e mais longe, gera mais perguntas e mais respostas.

Como diria o o provérbio "curiosity killed the cat”, a curiosidade pode até matar o gato mas é ela que mantém o espírito do homem vivo e a sociedade próspera. É ela, a curiosidade, a mola propulsora da invenção e do progresso da humanidade. Quer escalar comigo o Monte Everest em 2019? Acompanhe os preparativos para esta expedição aqui na NOI.