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Prof. Morgana Säge

18/09/2020

"Tenho Em Mim Todos Os Sonhos Do Mundo"

“O único pré-requisito é querer”

"O que eu quero?", "quanto posso me comprometer?", "como vou concretizar isso?" São perguntas de respostas importantes. A partir delas, temos o nosso principal componente: um sonho "Também é preciso organização e disponibilidade: selecionar os instrumentos necessários, desenvolver habilidades, adquirir conhecimento e organizar o espaço (mental, digital e físico) são fundamentais para que o palco da vida aconteça" "Para entender a jornada, é preciso, portanto, conhecer o presente; investir em autoconhecimento; e proteger a alma do pessimismo, dos dias ruins, das notícias insistentemente trágicas, do mau humor, do discurso agressivo, da violência de nossos dias"

Há alguns dias, assisti a uma entrevista do jornalista Luciano Potter com a especialista financeira Nathalia Accuri, fundadora do canal “Me Poupe!”, que procura, com pitadas de entretenimento, possibilitar dicas de gestão financeira para os leigos no assunto. O radialista da Rádio Atlântida pergunta a ela “Qual o lado lúdico dos seus ensinamentos?” e, para a surpresa (e posterior emoção dele), Nathalia responde com outra pergunta “Você tem sonhos?”.

Fiquei ali observando aquele interessantíssimo diálogo que era sobre dinheiro se transformar em uma conversa franca sobre o que nos torna humanos. A resposta pode ser bem paradoxal: na sua simplicidade, esconde-se uma profunda dificuldade de execução. Ouso dizer que o que nos humaniza é o comportamento no cotidiano, as relações estabelecidas e as metas de vida que podem nos vislumbrar momentos de contemplação e, quem sabe, a tão almejada felicidade.

Como professora de pré-vestibular, eu me sinto com frequência aquele Outro que mostra para os jovens (e muitas vezes para seus pais) como eles são energia potencial para qualquer coisa. O único pré-requisito é querer. No caso da maioria dos meus alunos, o seu maior sonho é crescer estudando o que escolheram na universidade que elegeram como a melhor para si mesmos; para os seus pais, talvez seja ver seus filhos crescendo saudáveis, criando autonomia, conquistando seus espaços. A vaga na universidade, portanto, é só o começo dessa jornada.

No entanto, nossos objetivos, em geral, não são provas curtas de corrida. Primeiramente, é preciso estabelecer com clareza o objetivo: “o que eu quero?”, “quanto posso me comprometer?”, “como vou concretizar isso?” são perguntas de respostas importantes. A partir delas, temos o nosso principal componente: um sonho.

Depois, é preciso encontrar mentores inspiradores e pares sinceros. Sei disso desde que li os famosos versos do poeta inglês John Donne, para quem “nenhum homem é uma ilha” e o trecho da obra “Adeus às Armas” de Hemigway que, em um diálogo, expõe como os que estão ao lado dos soldados nas trincheiras (porque não, da vida) importam mais do que a própria guerra. Eu tive e tenho algumas professoras e amigos que sempre acreditaram em mim, e se dispuseram a me aplaudir nos meus sucessos, a me criticar nos meus erros e a me amparar nas derrotas.

Também é preciso organização e disponibilidade: selecionar os instrumentos necessários, desenvolver habilidades, adquirir conhecimento e organizar o espaço (mental, digital e físico) são fundamentais para que o palco da vida aconteça.

Por último, e não menos importante, é preciso nutrir relações de amizade e cuidar dos laços familiares. Já cansei de escutar em lives de empreendedorismo, que o tempo é o “bem mais valioso”, não do jeito que os norte-americanos acreditavam com o “American Way of Life”, mas o tempo como momento único. Para entender a jornada, é preciso, portanto, conhecer o presente; investir em autoconhecimento; e proteger a alma do pessimismo, dos dias ruins, das notícias insistentemente trágicas, do mau humor, do discurso agressivo, da violência de nossos dias.

Para Potter, o seu maior sonho, aquele que o fará levantar todas as manhãs para trabalhar, é, nas suas palavras, “descobrir o mundo com os seus filhos”. E para você? Quais são os seus sonhos? Tenho certeza de que, quando você acessá-los ou estabelecê-los, o arrepio tomará conta do seu braço e da sua nuca e, tal como o poeta Fernando Pessoa escreveu no Tabacaria, “Não sou nada. [...] À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”.